Coletivo Filhas da Chiquita anuncia festa de lançamento oficial da Festa da Chiquita 2025
Além do caráter artístico, a Festa da Chiquita funciona como espaço de acolhimento e resistência para a comunidade LGBTQIA+
O Coletivo Filhas da Chiquita anunciou, neste sábado (6), o lançamento oficial da Festa da Chiquita 2025, um dos maiores eventos culturais e de diversidade da Região Norte. A celebração, intitulada ‘Chiquita para Sempre', será realizada no dia 19 de setembro, às 18h, no Memorial dos Povos, em Belém, reunindo artistas, comunidade LGBTQIA+ e público interessado em cultura e diversidade.
Em entrevista ao Jornal O Liberal, Elói Iglesias, cantor, diretor da Festa da Chiquita e representante do coletivo, explicou que o lançamento funciona como uma reunião de amigos e colaboradores para dar início aos festejos. “O lançamento, na verdade, é uma reunião de pessoas que se juntam antes do grande evento. Vai ser um lançamento da marca Chiquita. Este ano, estamos brincando um pouco com a COP, preparando um show que já vem sendo feito desde a ‘Chiquita Verão’. O nome do evento é Chiquita para Sempre porque é uma afirmação desse território e dessa manifestação”, afirmou.
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Segundo ele, a edição deste ano marca o início dos preparativos para o jubileu de 50 anos do evento, que celebra a liberdade, o amor, a alegria e a cultura paraense, com respeito às diversas religiões e tradições. “A Festa da Chiquita não é profana, não queremos combater nada. Queremos combater o preconceito, mas não agredir religião ou ocupar espaço de ninguém. É uma festa de encontro, de afetos, de oportunidades, de alegria e de devoção, que mostra a cultura paraense por meio da comunidade LGBT, com cantores, cantoras trans e artistas drags”, destacou Elói.
O artista também comentou sobre a relevância da cultura drag no cenário atual, observando que ela se manifesta de formas diversas e se integra a diferentes estilos musicais. “A cultura drag está se estabelecendo cada vez mais no palco. Até os sertanejos já querem ser drags. Inclusive, todas as cantoras drags se vestem de sertanejo. A cultura drag está em todos os lugares.”
Festa da Chiquita como espaço de acolhimento e resistência
Além do caráter artístico, a Festa da Chiquita funciona como espaço de acolhimento e resistência para a comunidade LGBTQIA+. “Nas cheias e catástrofes, quando as pessoas precisam se abrigar coletivamente, os LGBTs geralmente são excluídos. As pessoas não querem misturar seus filhos com uma travesti, com uma drag. Então, sentimos esse impacto em situações básicas, que é o acolhimento. Ainda não erradicamos totalmente o preconceito; apenas colocamos uma lente em cima disso, porque já conquistamos muitos espaços e as pessoas viram que não tem como retroceder. Nós não vamos dar mais nenhum passo para trás, a não ser quando alguém nos pede carinhosamente, e aí damos um passinho. Mas acho que a nossa história é essa: ocupação.”
Celebração da vida e da liberdade
Elói também reforçou o caráter afetivo e político da festa: “É a ocupação da nossa vida. Temos que nos ocupar; muitas vezes nos omitimos até de viver. Então, acho que esse é o momento em que estamos ocupando o nosso espaço, a nossa vida, o nosso momento. Tentamos fazer em forma de celebração, porque faz parte da nossa maneira de ser. Celebramos todo dia, estar vivo. Eu sou um ancião LGBT com 70 anos e estou celebrando todo dia. Quando acordo, celebro que estou vivo, porque consegui.”
O lançamento oficial contará com apresentadores, performances, shows e interações com o público, antecipando a grande festa do sábado após a procissão do Círio de Nazaré. O evento reforça o compromisso do coletivo com a diversidade, a cultura paraense e o acolhimento, reafirmando a importância histórica e social da Festa da Chiquita em Belém e na Região Norte.
(*Estagiária, sob supervisão de Abílio Dantas, coordenador do Núcleo de Cultura)
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