A força das vozes urbanas encerra a Feira Pan-Amazônica do Livro

Programação terá o escritor Xico Sá no Encontro Literário e shows de Aíla, Bruno BO e Pelé do Manifesto

Vito Gemaque
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Após oito dias de muitas trocas de conhecimento, debates, encontros e milhares de livros vendidos a 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes chega ao fim neste domingo, dia 1. O último dia do mundo das letras em Belém terá as “Vozes Urbanas" para encerrar a programação. O jornalista, escritor e colunista Xico Sá será o grande convidado do último dia no Encontro Literário, às 20h, na Arena Multivozes. Antes dele passaram pelo espaço vários escritores e pesquisadores, como Conceição Evaristo, Djamila Ribeiro, Victor Martins, Eliane Potiguara, Zélia Amador e João de Jesus Paes Loureiro.

Com um jeito despojado, o sotaque nordestino e aquele carisma sedutor de malandro, Francisco Reginaldo de Sá Menezes nem parece ser o nome de batismo do escritor Xico Sá.  Autor ou colaborador em mais de 20 obras que chega para conversar com os paraenses. O cearense mostra muita afinidade e vontade para este primeiro encontro citando escritores e compositores referências com a cultura popular paraense.

“De Pinduca ao Felipe Cordeiro, sem falar de Dona Onete - para quem tive o prazer de fazer textos sobre o último disco -, as artes do Grão-Pará sempre me animaram pra vida. Se caímos na literatura, eu pego o já citado Dalcídio da Ilha de Marajó e penso no Edyr Augusto, um dos maiores escritores brasileiros de agora, é difícil achar um autor tão forte como esse cara, é rochedo, é potência”, dispara Sá com uma metralhadora de referências.

Um dos maiores desejos de Xico é simples como o seu estilo. Conhecido em todo o Brasil pelas crônicas ecléticas e acessíveis de falar de assuntos que vão de futebol, amor, mulheres até política e educação. “Quero ser lido. Em um país como nosso, que passa por esse momento de cegueira em relação à literatura e às artes, ser lido já é um milagre digno de se pagar uma promessa no Círio de Nazaré. Quero provocar o leitor, a leitora, será lindo que se comova, se agite, cite uma frase do meu livro na mesa de bar ou em uma cantada amorosa”.

Para a Feira do Livro os fãs de Xico podem esperar algumas novidades exclusivas. O próximo lançamento “Crônicas pra Ler em Qualquer Lugar, em pré-venda pela internet até o dia 5 de setembro, conta com outros nomes das artes, como o humorista Gregório Duvivier e a atriz Maria Ribeiro. Ele ainda trará o novo livro "Sertão Japão", publicado de maneira independente, e que conta com haicais e pequenos poemas que “fazem uma viagem delirante entre o Cariri e o Oriente”.

Leia a entrevista exclusiva com Xico Sá para OLIBERAL.COM

1- Você é jornalista e já passou por vários jornais e cargos, indo desde repórter a cronista, mas como você começou a escrever?

Comecei a escrever poesia, ali pelos onze anos, influenciado pelo cordel e pelos repentistas. Nasci no meio dessa riqueza toda, lá no Cariri, era quase automático e natural essa iniciação. Depois de ler "Vidas Secas", "Insônia" e "Angústia", de Graciliano Ramos, pensei: eu quero escrever desse jeito - bote risadas nisso, quem dera pegar pelo menos uma letra do mestre. Nossa Senhora, foi um feitiço a leitura do velho Graça. E olhe que já havia lido um bocado, mas nunca ninguém chegara perto daquela escrita. Parecia a própria estiagem e agonias que retratava.

2- Quando você decidiu que a escrita seria a sua profissão?

Aos 15 anos comecei a colaborar, a convite do locutor e seresteiro Jevan Siqueira, meu vizinho na rua Santa Luzia, em Juazeiro do Norte, com textos para o programa "Temas de Amor", na rádio Vale do Cariri AM. Eram textos lindamente bregas (risos), aconselhamentos amorosos e pequenas crônicas que dialogavam com músicas românticas dos Roberto (o Carlos e o Muller), Nelson Gonçalves, Odair José, Antônio Marcos, Vanusa, Diana etc. Aí nasce a minha crônica sobre as tragicomédias dos relacionamentos e a ideia de escrever profissionalmente.

3- Quando você escreve um livro qual é o seu objetivo, o que você quer alcançar?

Quero ser lido. Em um país como nosso, que passa por esse momento de cegueira em relação à literatura e às artes, ser lido já é um milagre digno de se pagar uma promessa no Círio de Nazaré. Quero provocar o leitor, a leitora, será lindo que se comova, se agite, cite uma frase do meu livro na mesa de bar ou em uma cantada amorosa.

4- Qual é o seu sonho na literatura?

Sou um velho cronista, com uma certa estrada no ramo e consigo, de certa forma, ganhar a vida com isso. Ganhar é exagero, digamos que dá empate nesse Remo x Paysandu da existência. Na crônica, acho que já fiz livros muito lidos e com alguma relevância, mas como "jovem" romancista - comecei tarde no ofício -, sonho em escrever novos romances depois do "Big Jato" (Companhia das Letras), tomara que consiga, tenho me esforçado, que o gênio paraense Dalcídio Jurandir, um dos meus preferidos, meu santo de proteção, me ajude, quem sabe não pegue o dom da psicografia, né?

 5- Você já participou alguma vez da Feira Pan-Amazônica do Livro em Belém? Se sim, quando? E o que você lembra da participação?

Não, que lindo que chegou a minha vez, esperava por isso, pela importância desse evento. Os amigos escritores vinham e me matavam de inveja. De Pinduca ao Felipe Cordeiro, sem falar de Dona Onete - para quem tive o prazer de fazer textos sobre o último disco -, as artes do Grão-Pará sempre me animaram pra vida. Se caímos na literatura, eu pego o já citado Dalcídio da Ilha de Marajó e penso no Edyr Augusto, um dos maiores escritores brasileiros de agora, é difícil achar um autor tão forte como esse cara, é rochedo, é potência. Não vejo a hora de estar de volta a Belém que é tudo isso e muito mais, é pan-amazônico e cosmopolita no último grau.

6- Como você recebeu o convite para ser um dos principais escritores da 23ª Edição da Feira Pan-Amazônica do Livro em belém?

Nem sabia que era um dos principais, fico feliz só em participar, feliz feito pinto em merda, pinto ciscando em terreiro de fartura, o pinto depois que ele cresce, como na letra da música do gênio chamado Pinduca.

7- Qual é a sua expectativa para a participação deste ano?

Vamos fazer uma bela "balbúrdia", provocar e ser provocado, mostrar que a cultura do Brasil está mais viva do que nunca e não morre, é como o samba, o carimbó, o maracatu, é feita pelos deuses que dançam, eu só acredito nos deuses que dançam.

8- Sobre a sua participação na Feira Pan-Amazônica do Livro, o que você pretende trazer para compartilhar com os leitores e o público local?

Levarei meu novo livro, "Sertão Japão", uma publicação independente, uma penca de haicais, pequenos poemas que fazem uma viagem delirante entre o Cariri e o Oriente. E outra grande novidade: "Crônicas para ler em qualquer lugar" (editora Todavia), uma coletânea de crônicas escritas a seis mãos com os amigos Gregório Duvivier e Maria Ribeiro, esse livro surgiu com o nosso projeto "você é o que lê", que rodou por quase todo o país falando de literatura como aventura, jamais como chatice.

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