1ª Mostra de Teatro da Amazônia dá largada com "Solo de Marajó"
Os espetáculos estão sendo gravados no Teatro do Sesi, em Belém, e exibidos durante as lives

Fazer um recorte de quem está fazendo teatro pela Amazônia, as histórias que estão sendo contadas e quem são esses artistas são algumas das propostas da 1ª Mostra de Teatro da Amazônia, que começa nesta quarta-feira (9) e vai até o próximo domingo (13). Os espetáculos estão sendo gravados no Teatro do Sesi, em Belém, e exibidos durante as lives, nos cinco dias de evento. A transmissão será pelo canal do youtube da Mostra.
A ideia surgiu a partir de algumas reflexões de Claudio Melo, coordenador do projeto, que disse que quando se deparou com o espetáculo "Solo de Marajó", inspirado na obra do romancista marajoara Dalcídio Jurandir, ficou impactado e começou a pensar sobre as narrativas que o teatro do norte do Brasil vem construindo.
"Comecei a refletir sobre as histórias que estamos contando, sobre as falas que estão sendo ditas e a partir daí pensei na mostra justamente com a proposta de valorizar as histórias do norte", explica o coordenador, que realiza o projeto em parceria com o também ator e diretor de Teatro, Claudio Barros, e com a produtora cultural Andréa Cavallero.
Melo classifica a Mostra como um projeto piloto e, para esta primeira edição, a curadoria foi feita pela equipe coordenadora que teve como base para o convite dos grupos a valorização da cultura e história da região norte. "Como disse, o projeto ainda é piloto e para iniciar convidamos cinco grupos, mas tentamos contemplar grupos diversificados. Como por exemplo, um grupo de Santarém", explicou Claudio Melo.
Com relação à diversidade dos grupos, Claudio Melo explicou que tentou ao máximo trazer diferentes trabalhos. "Escolhemos grupos de teatro de bonecos, grupo das antigas, grupo mais novo e um grupo do interior do estado com a tentativa de trazer diferentes olhares para esta mostra", destacou o coordenador do projeto.

De início, o projeto foi pensado para ser presencial, por isso sofreu várias mudanças para a data de estreia. Em decorrência do momento, a coordenação optou por ser virtual. E o maior desafio para a realização do trabalho foi justamente a adaptação para este novo formato, que Cláudio Melo não tem nome para classificar.
"A base do teatro é o encontro humano. É alguém que fala para alguém que assiste. E esse novo formato não tem público, não sei dizer se é um cine teatro, não sei dizer que produto é esse. Só sei dizer que precisamos nos reinventar", destacou o coordenador do projeto.
Apresentações
A mostra começa com o espetáculo “Solo de Marajó”, do Grupo usina. A peça Foi criada em 2009 e inspirada no romance “Marajó”, de Dalcídio Jurandir. O espetáculo foi apresentado em pelo menos dez cidades brasileiras, em turnês nacionais, em festivais e em diversas cidades do Pará. A atuação é de Claudio Barros, direção de Alberto Silva Neto e dramaturgia dos dois.
"É um espetáculo simples. Tem um ator no palco vazio que usa o corpo e a voz para construir as imagens das narrativas das oito histórias extraídas do romance. A iluminação faz a separação entre uma história e outra. Todas as histórias têm um forte apelo político e social que evidencia as profundas desigualdades que existem nesses povoados da obra do romancista marajoara, Dalcídio Jurandir, um dos maiores expoentes da literatura e da cultura amazônica, na região Norte do Brasil", pontua Alberto Silva Neto.
O Grupo Usina foi fundado em 1989 e nesse período teve vários núcleos de criadores que vêm realizando espetáculos com estéticas diversas.
E, no domingo (13), último dia de programação, quem se apresenta é o Grupo de Teatro e Pesquisa Papa Xibé, com o espetáculo “Ribeirinhas”. O espetáculo retratará o cotidiano de mulheres ribeirinhas, a partir de um olhar intergeracional, trazendo a infância, a juventude, a vida adulta e a velhice da personagem, vivenciada pela atriz Karoline Morgana. Escrita por Diego Alano Pinheiro, o autor e diretor faz um recorte de gênero e passa por temas invisibilizados das populações ribeirinhas.
Diego Alano, que também é coordenador do grupo, diz que participar da mostra é um ato político e de representatividade, uma vez que Santarém não possui teatro e um grupo ter essa oportunidade de apresentar o trabalho dentro de um teatro na capital do estado é um marco importante. “É uma forma de fortalecer o movimento dos fazedores de teatro da Amazônia”, destaca Diego.
O Grupo de Teatro e Pesquisa Papa Xibé surgiu em 2012 com a iniciativa de estudantes de antropologia da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) com temáticas voltadas para a afro-religiosidade e cultura da Amazônia e entre outros temas. A partir disso vários espetáculos foram montados, entre comédia, trabalhos infantis e entre outros.
A 1ª Mostra de Teatro da Amazônia é um projeto que tem o apoio da Lei Aldir Blanc e nasce para divulgar a criação artística do Estado, bem como narrativas de escritores e criadores da cena teatral Amazônica. Para saber sobre toda a programação é só acompanhar as redes sociais da Mostra.
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