Indígenas do baixo Tapajós se unem a protestos de Mundurukus na COP 30
Lideranças cobram mais espaço e participação nas negociações sobre seus territórios
Indígenas de comunidades do baixo Tapajós iniciaram, na manhã desta sexta-feira (14), uma nova mobilização em apoio ao povo Munduruku, na entrada principal da Blue Zone da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém. Ao coro de “Não vai ter COP, vai ter luta”, os manifestantes reivindicam uma reunião emergencial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e cobram maior participação indígena nas decisões tomadas durante a conferência. O grupo denuncia a ausência de consulta prévia, livre e informada sobre projetos de infraestrutura que, segundo eles, ameaçam os territórios do Tapajós e do Xingu.
Apesar da manifestação, os portões de acesso à Blue Zone seguiam abertos no início da tarde. Mais cedo, durante a manhã, com o fechamento dos portões, participantes e delegações foram direcionados a um acesso lateral, normalmente utilizado como saída. A Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu orientações temporárias para reorganizar o fluxo e reduzir os transtornos causados pelo bloqueio.
O Comando Militar do Norte informou que o efetivo do Exército empregado na operação de segurança é considerado informação sensível e será divulgado apenas no balanço final da COP 30.
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Após a primeira mobilização, realizada no inicio desta manhã, o advogado Marco Apolo de Santana Leão, que acompanha os manifestantes, afirmou que o ato levou à articulação de uma reunião com as ministras Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) e Sonia Guajajara (Povos Indígenas). Segundo ele, as lideranças liberaram o portão após o compromisso de diálogo assumido pelo governo.
Durante o novo protesto, lideranças do baixo Tapajós reforçaram que o ato busca garantir espaço de participação indígena nas discussões climáticas. “Não se admite que os povos que estão na Amazônia não tenham espaço na discussão. Eles estão dentro do nosso território, eles têm que nos ouvir, e por esse motivo nós estamos aqui. O baixo Tapajós veio se juntar à luta do povo Munduruku. Nós queremos ser ouvidos pelo senhor presidente da COP 30”, afirmou uma das lideranças presentes.
Outro manifestante destacou que a mobilização continuará até que as demandas sejam atendidas. “Nós só vamos sair daqui na hora que formos recebidos. Nós não vamos sair daqui. Nosso parente Munduruku está aí dentro, tem Munduruku aqui fora. Estão definindo tudo sem nós, vão lá na nossa terra, mudaram nosso modo de vida”, disse.
O advogado Marco Apolo ressaltou que os Munduruku reivindicam a revogação de projetos que impactam o Rio Tapajós e reforçam a necessidade de intensificar o combate ao garimpo ilegal na região. Ele acrescentou que os povos indígenas consideram essencial serem ouvidos durante a conferência e que as mobilizações buscam garantir essa participação nas decisões da COP 30.
*Thaline Silva, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Keila Ferreira, coordenadora do núcleo de Política e Economia
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