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Exclusivo: Febraban prepara regra comum de mensuração de carbono para COP 30, revela diretor

Durante o Febraban Tech 2025, federação anunciou que levará à conferência da ONU em Belém proposta inovadora de padronização das emissões no sistema financeiro.

Jéssica Nascimento, direto de São Paulo

No maior evento de tecnologia e inovação do setor financeiro, o Febraban Tech 2025, realizado esta semana em São Paulo, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) anunciou uma iniciativa inédita que será levada à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), marcada para novembro em Belém. Trata-se da criação de uma regra comum para mensurar as emissões de carbono dos bancos, que promete estabelecer um novo padrão no sistema financeiro brasileiro — e que pode ganhar destaque no cenário internacional.

O anúncio foi feito por Amaury Oliva, diretor de Sustentabilidade da Febraban, durante uma entrevista exclusiva ao Grupo Liberal no evento. “Estamos preparando uma proposta para apresentar na COP 30. É uma contribuição que parte da nossa taxonomia verde e visa padronizar como os bancos medem suas emissões de carbono”, revelou. “Não se trata apenas de apresentar algo no evento. É parte de um processo contínuo que já estamos desenvolvendo com os bancos”, explicou.

Setor financeiro como protagonista climático

O setor bancário brasileiro já vem se posicionando de forma estratégica frente aos riscos climáticos e ambientais. Desde 2015, a Febraban desenvolveu uma taxonomia verde própria — uma régua comum que classifica e mede o crédito destinado à economia verde. Essa ferramenta permitiu aos bancos identificar e monitorar quanto de suas carteiras está exposto a riscos climáticos ou vinculado a atividades sustentáveis.

“Essa não é uma agenda nova para nós”, destacou Oliva. “Há mais de uma década os bancos tratam o risco climático como risco financeiro. Tragédias como a do Rio Grande do Sul mostram que eventos extremos impactam diretamente os negócios e a economia.”

Além da taxonomia, a Febraban tem mantido um sistema robusto de autorregulação socioambiental, criado em 2014 e atualizado recentemente para incorporar boas práticas internacionais. A nova versão dessa regra entrou em vigor neste ano, reforçando compromissos com a transparência, a mitigação de riscos e a transição energética.

Amazônia como prioridade

Uma das ações mais impactantes no campo ambiental foi o protocolo lançado em 2024, voltado especificamente para o bioma amazônico. A medida determina que os bancos só concedam crédito a frigoríficos e fornecedores de carne que comprovem, com base em sistemas de rastreabilidade, que o gado não provém de áreas com desmatamento ilegal.

“Esse protocolo é essencial porque a maior fonte de emissões do Brasil ainda é o desmatamento, especialmente ilegal, ligado à pecuária. Nossa meta é que, até o final deste ano, todos os clientes dos bancos estejam em conformidade com essas exigências”, afirmou Oliva.

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Educação financeira com tecnologia e IA

A transformação tecnológica também tem sido fundamental no trabalho da Febraban. Além das ações voltadas ao clima, o evento destacou iniciativas de inclusão e educação financeira. Uma das mais aguardadas é o lançamento de uma inteligência artificial voltada à orientação de consumidores endividados.

A IA será integrada à plataforma digital gratuita “Meu Bolso em Dia”, em parceria com o Banco Central e, agora, com a Amazon, que desenvolverá um chat interativo. O sistema permitirá que qualquer cidadão receba orientações personalizadas sobre finanças, com base em diagnósticos individuais de saúde financeira.

“Estamos criando mecanismos digitais de grande escala porque o Brasil é um país continental. Essa IA ajudará desde consumidores comuns até comunidades inteiras a entenderem como sair das dívidas e melhorar sua vida financeira”, explicou Oliva.

COP 30: um marco para o futuro

A CO P30, que será sediada pela primeira vez na região amazônica, é vista como uma oportunidade histórica para o Brasil mostrar liderança em soluções climáticas. O setor financeiro, representado pela Febraban, promete ter protagonismo.

Com a proposta de uma padronização nacional da mensuração de emissões e ações concretas de transição energética, os bancos se posicionam como vetores de mudança — indo além de seu papel tradicional de financiadores.

“O evento da COP vem e passa, mas essa agenda é contínua. Nosso trabalho com os bancos é permanente. Estamos falando de uma jornada de longo prazo”, concluiu Amaury Oliva.

Sobre o Febraban Tech

Realizado anualmente, o Febraban Tech é o principal ponto de encontro entre lideranças do setor financeiro, tecnologia, varejo e sustentabilidade. Em 2025, o evento reforçou seu papel como catalisador de soluções para os grandes desafios da economia digital e climática.