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RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Sérgio Moro tem potencial para ser o candidato da “terceira via” à presidência da República?

Rodolfo Marques

O mês de novembro marcou, definitivamente, a entrada do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-juiz federal Sérgio Moro na política partidária. Ao anunciar seu ingresso no Podemos (PODE), em 10.11.2021, Moro se posiciona como um potencial candidato aos cargos em disputa nas Eleições 2022.

Moro, ao lado do então Procurador de Justiça Deltan Dallagnol, tornou-se o principal nome da Lava-Jato, Operação que começou em 2014 e que tinha em seu escopo o combate à corrupção de agentes públicos e empresários, e cuja base estava na Justiça Federal em Curitiba-PR. Dentre as principais ações da Lava-Jato, observou-se a detecção de irregularidades e crimes na Petrobras. 

O ex-juiz teve participação decisiva no processo eleitoral de 2018, em especial a partir da condenação em primeira instância e da ordem de prisão, após decisão em segunda instância, do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, no primeiro semestre daquele ano. Posteriormente, pouco após à vitória de Jair Bolsonaro (atualmente, sem partido) para a presidência da República, aceitou o convite para ser o ministro da Justiça e Segurança Pública a partir de janeiro de 2019. E, em 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) deliberou pela parcialidade de Sérgio Moro nos casos envolvendo Lula e os processos contra o ex-presidente voltaram ao seu início. 

A parceria entre Bolsonaro e Moro no governo federal se dissolveu em abril de 2020, já no ambiente da pandemia de Covid-19. Moro pediu demissão de seu cargo após à decisão de Bolsonaro em trocar o então diretor-geral da Política Federal, Mauricio Valeixo, indicado para a função pelo ex-juiz – a PF é vinculada ao ministério da Justiça e Segurança Pública. Moro reforçou que, naquele contexto, vinha sofrendo pressões políticas oriundas do Palácio do Planalto e, por perda de autonomia e pelo não cumprimento da pauta de “combate à corrupção”, optou por deixar a gestão federal. Nos jargões político e policial, Moro “saiu atirando” contra Bolsonaro. 

Após um período de cerca de 1,5 ano dedicado à advocacia empresarial, Moro faz seu retorno à política para tentar ocupar protagonismo na chamada “terceira via”, grupo de pré-candidatos à presidência da República que buscam competitividade diante da polarização estabelecida entre os ex-presidente Lula (PT) e o atual presidente Bolsonaro. Em algumas sondagens, Moro já tem registrado de 8 a 11% das intenções de voto dos eleitores brasileiros. 

Caso efetivamente concorra ao cargo máximo da República brasileira, Moro terá dois principais desafios: capitalizar os votos dos eleitores insatisfeitos com Lula e Bolsonaro – ao mesmo tempo em que enfrentará ataques fortes de ambas as pré-candidaturas; e sair da agenda monotemática de combate à corrupção, partindo para outras questões mais relevantes, concretas e prioritárias, como a luta contra a pobreza, a geração de emprego e renda e a recuperação econômica do país.

Em sua estratégia pré-eleitoral, aliás, Sérgio Moro vem investindo no seu media training para suas manifestações públicas, buscando se expressar melhor, da mesma forma que vem concedendo várias entrevistas para poder expor suas ideias e seus planos para o Brasil. 

Pelo menos duas dúvidas emergem nesse cenário: Moro, em uma eventual vitória no pleito presidencial, teria trânsito no Congresso Nacional para discutir questões políticas, para negociar com parlamentares e para estabelecer diretrizes socioeconômicas? Ou seria mais adequado, neste momento, buscar uma vaga como senador ou como deputado federal, por São Paulo ou pelo Paraná?

Enquanto os próximos passos do ex-ministro e ex-juiz estão sendo pensados pela sua equipe de Marketing e de Comunicação, Sérgio Moro poderia contribuir de maneira mais assertiva ao debate nacional, apresentando propostas palpáveis e debatendo tanto com a classe política quando com representantes da sociedade civil. 

Diante do caos em que o país está mergulhado, serão sempre bem-vindos – e bem vistos – movimentos de buscar uma agenda positiva para o país, com assertividade e efetividade. 

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Rodolfo Marques
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