Desgaste recorde e desaprovação acendem alerta no Planalto sobre futuro de Lula Rodolfo Marques 10.06.25 16h15 A mais recente pesquisa Genial/Quaest, divulgada no início de junho, revela um cenário desafiador para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP). Com 57% de desaprovação e apenas 40% de aprovação, o petista atinge seu pior desempenho desde o início do terceiro mandato. A insatisfação se espalha inclusive entre segmentos historicamente simpáticos ao presidente, como eleitores do Nordeste, beneficiários do Bolsa-Família e cidadãos com menor escolaridade. A radiografia dos números sugere que o governo tem enfrentado dificuldades concretas para sustentar uma base social coesa. De toda sorte, os números indicam uma certa estabilidade. Ao mesmo tempo, a pesquisa traz um dado de alto impacto simbólico: 66% dos eleitores dizem que Lula não deveria disputar a reeleição em 2026. O dado, que marca uma deterioração expressiva em relação a dezembro passado (quando esse número era de 52%), soma-se a outro indicador relevante: 65% dos entrevistados também rejeitam a possibilidade de Jair Bolsonaro voltar a disputar o cargo, preferindo que ele indique um novo nome. O que isso sugere é que boa parte do eleitorado está exaurida da polarização e procura alternativas. No entanto, a rejeição à reeleição não significa, necessariamente, que Lula esteja fora do jogo. Pelo contrário: apesar do desgaste, o presidente segue como uma figura politicamente resiliente e competitiva. Ele venceu as últimas três eleições presidenciais que disputou – e teve peso significativo no pleito de 2010. Nas projeções de primeiro turno, Lula continua liderando as intenções de voto, mesmo diante de um quadro geral de insatisfação. Seu capital político, construído ao longo de décadas, ainda o coloca como um ator central na sucessão de 2026. A questão, cada vez mais evidente, é saber se esse capital será suficiente para superar a “fadiga de material” que começa a se expressar em setores importantes do eleitorado. Além disso, algumas medidas poderão ter efeito prático, exatamente, em 2026, como ações para o barateamento de alimentos, programas sociais e os ajustes da isenção do Imposto de Renda (IRPF). O contexto da inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL-RJ) também é decisivo. Condenado por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, o ex-presidente está impedido de disputar as próximas eleições. Ainda assim, segue como o principal nome da oposição, com força nas redes sociais e influência decisiva sobre o eleitorado de direita. Sua capacidade de transferir votos, no entanto, está em aberto. A pesquisa mostra que até mesmo parte dos seus apoiadores prefere que ele atue nos bastidores, indicando outro nome, em vez de insistir numa candidatura juridicamente inviável. O vácuo deixado por Bolsonaro abre possibilidades tanto para a direita quanto para o centro. Mas também expõe o desafio da esquerda em renovar seu discurso e sua liderança. No caso do PT, a aposta no projeto de reeleição de Lula esbarra em limitações estruturais: falta de quadros jovens com projeção nacional, dificuldades de comunicação com as novas gerações e uma percepção crescente de que o governo atual é menos eficiente do que prometia ser. Ainda assim, Lula é um político experiente, que já enfrentou crises profundas e conseguiu revertê-las. Sua capacidade de negociação, sua habilidade de articulação institucional e sua leitura apurada da dinâmica social seguem sendo ativos importantes. Não é descartado o cenário em que ele consiga reposicionar sua imagem até 2026, especialmente se a economia der sinais mais claros de recuperação e o governo conseguir entregar promessas emblemáticas. O quadro, por ora, é de desgaste – mas não de colapso. A pesquisa Quaest deve ser lida como um sinal de alerta, não como sentença definitiva. Ela reflete um momento político de transição, no qual a população expressa cansaço com os extremos e insegurança quanto ao futuro. Falta ainda um razoável tempo até a próxima eleição. O PT, embora enfrente problemas de base e discurso, ainda tem musculatura institucional, presença nacional e uma liderança reconhecida. A pergunta que fica é: conseguirá Lula transformar desgaste em impulso, ou será o tempo – implacável como sempre – o maior adversário de sua última aposta eleitoral? Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞 Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave colunas rodolfo marques COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Rodolfo Marques . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. 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