Novo governo Lula terá de enfrentar grandes desafios para ter sucesso Rodolfo Marques 11.11.22 18h09 Com a vitória obtida nas urnas nas eleições presidenciais de 2022 – e com a instalação do governo de transição, sob a tutela do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB-SP), Luís Inácio Lula da Silva se prepara para o seu terceiro mandato à frente do país sob o signo dos grandes desafios. Inicialmente, Lula trabalha para montar uma boa base parlamentar no Congresso Nacional – tanto na Câmara dos Deputados quando no Senado Federal. Na Câmara, a Federação PT-PCdoB-PV conquistou 80 cadeiras. Há várias articulações para alianças com o PSB, PDT e mesmo em partidos mais ao centro e à direita, como MDB, PSD e União Brasil. No Senado, com a renovação de 1/3 da Casa e mesmo com vários nomes alinhados ao bolsonarismo (Hamilton Mourão-RS, Sérgio Moro-PR, Damares Alves-DF, Magno Malta-ES e Marcos Pontes-SP), as chances de êxito do novo governo, nas principais votações, são grandes. A eleição das duas mesas diretoras, em fevereiro de 2023, deve trazer um termômetro desse processo de negociação política liderado pessoalmente por Lula e por Geraldo Alckmin. A própria Frente Ampla que se formou na campanha eleitoral – e que se consolida no processo de transição – é um indicativo de que o desenho político-ideológico do próximo governo será mais amplo e complexo. No âmbito econômico, Lula deve enfrentar uma desaceleração brusca em 2023, oriunda das políticas equivocadas da pasta de Paulo Guedes, principalmente a partir de 2020. O crescimento previsto do Produto Interno Bruto (PIB) para o próximo ano é de 0,5%/1%. Em paralelo a isso, o governo eleito deve herdar um cenário de taxa alta de juros, inflação volumosa e pequenos índices de produtividade – sem contar com as próprias dificuldades do mercado internacional. A gestão do petista também terá dificuldades em relação ao déficit fiscal, com todas as ações mobilizadas pelo governo Bolsonaro para tentar viabilizar sua reeleição. Neste sentido, a equipe de transição tem procurado um diálogo com economistas de várias vertentes para a busca de soluções a curto e a médio prazos. No campo social, o novo governo lidar com um cenário de 33 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza, em estado de fome. Enfrentar os estados de vulnerabilidade social e de deterioração da renda com programas sociais – como a retomada do Bolsa-Família, por exemplo – será algo essencial e urgente. Há as altas taxas de desemprego e de subemprego, acumuladas nos últimos anos, como outra questão a ser resolvida. O governo Bolsonaro registra cerca de 11,2% de pessoas desempregadas na População Economicamente Ativa (PEA) – ou 12 milhões de brasileiros. Há outros largos obstáculos, como as questões ambientais e o atual contexto das relações internacionais. Essas questões devem ser tratadas em paralelo, em um movimento de fortalecimento institucional. Lula tem muita experiência, em especial a obtida nos seus dois mandatos anteriores como presidente da República (2003 a 2006 e 2007 a 2010). Ao mesmo tempo, ele sabe que terá muitas oposições, como de setores importantes do mercado financeiro, de setores da imprensa e dos grupos mais alinhados à direita e a Bolsonaro, em especial nas plataformas digitais. Saber calibrar as expectativas geradas com ações concretas – e, por vezes, simples – pode ser o caminho principal para que o presidente eleito possa fazer uma gestão positiva e com resultados práticos que melhorem a vida de maior parte da população. Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞 Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave rodolfo marques colunas COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Rodolfo Marques . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado! ÚLTIMAS EM RODOLFO MARQUES Rodolfo Marques Governo encurralado: como Lula III pode governar com um Congresso que só quer sangrar e barganhar? 24.06.25 15h10 Rodolfo Marques A resiliência de Lula e os desafios de um novo tempo 17.06.25 15h00 Rodolfo Marques Desgaste recorde e desaprovação acendem alerta no Planalto sobre futuro de Lula 10.06.25 16h15 Rodolfo Marques Marina Silva enfrenta machismo no Senado e reforça luta por democracia e sustentabilidade 03.06.25 14h00