Eleições 2022: a decisão do voto e suas várias vertentes Rodolfo Marques 30.09.22 18h59 Nas eleições gerais de 2022, principalmente considerando as eleições presidenciais, algo que vem chamando muito a atenção de professores, pesquisadores e analistas é a questão das escolhas dos cidadãos e como as decisões – inclusive a de ir votar – se processam. Os olhares se voltam, muitas vezes, para a questão dos “recortes” demográficos: os mais pobres votam em um(a) candidato(a) com qual perfil? E os mais escolarizados se comportam de qual maneira? Que grupos tendem mais a se abster no dia da votação – e por quais motivos? Sempre é difícil buscar respostas tão concretas sobre esses tópicos, mas buscar saber mais como os eleitores brasileiros de comportam é um desafio permanente. Uma das principais obras que tratou do assunto e que continua bastante atual é “A decisão do voto”, do professor Marcus Figueiredo, publicada originalmente em 1991 e reeditada em 2008. Figueiredo (2008) apresenta quatro teorias que “disputam” a explicação do fenômeno das escolhas eleitorais de milhões de indivíduos. Busca-se entender o porquê de as pessoas irem votar e, na esteira, por quais motivos os votos são concedidos para um candidato e/ou para uma agremiação partidária (FIGUEIREDO, 1991). Alguns modelos se destacam nessa discussão, como o do modelo sociológico, que trata das questões mais amplas da sociedade – e que mostra como emergem as separações dos/nos vários partidos políticos; o modelo psicossocial, que aborda a discussão a partir das perspectivas psicológicas na identificação dos eleitores com os respectivos partidos políticos; e a teoria da escolha racional (DOWNS, 1998), que usa as bases das teorias microeconômicas e procura entender as preferências do eleitor a partir de questões mais práticas e imediatas. E há também, no contexto econômico, as condicionantes do voto retrospectivo, como economia, ideologia, partido, candidato, e corrupção, como fatores de escolha e de acompanhamento (CONCEIÇÃO, 2012). Neste debate, outras contribuições muito importantes são do professor Alberto Carlos Almeida, em “A Cabeça do Brasileiro”, de 2007 e em “A Cabeça do Eleitor”, de 2008. Almeida (2008) aborda a questão eleitoral a partir de vários aspectos do comportamento político do brasileiro, a partir de vários temas correlatos. Almeida (2008) fecha questão a partir de seis variáveis, como o nível de lembrança sobre os candidatos; a identidade dos candidatos; a avaliação do governo, o currículo dos candidatos; e o cenário de, eventualmente, não se ter apoios políticos em um pleito. O sentimento eleitoral – se de continuidade ou de mudança – é algo muito relevante (ALMEIDA, 2008). Em 2022, o autor, ao lado de Thiago Garrido, publicou “A mão e a luva: o que elege um presidente, analisando as eleições para o executivo federal desde o pleito de 1989. Eles tratam, também, de que maneira as pesquisas de opinião refletem o sentimento público antes do dia da eleição, com potencial de influenciar nos resultados das urnas. Assim, para além de buscar o voto dos eleitores, em si, candidatos, partidos, coligações e federações precisam entender os movimentos gerais da sociedade e os fatores motivadores de comparecimento às seções eleitorais em pleitos como o deste ano, principalmente considerando a evidente polarização nas eleições presidenciais. Referências ALMEIDA, Alberto Carlos. A cabeça do brasileiro. São Paulo: Record, 2007. ALMEIDA, Alberto Carlos. A cabeça do eleitor. São Paulo: Record, 2008. ALMEIDA, Alberto Carlos; GARRIDO, Tiago. A mão e a luva: o que elege um presidente. São Paulo: Record, 2022. CONCEIÇÃO, Bruno. As dimensões do voto retrospectivo: análise comparada dos mandatos consecutivos do PT nas cidades de Gravataí (1997-2012) e de Porto Alegre (1989-2004). Trabalho de Conclusão de Curso de Bacharelado em Ciências Sociais, sob a orientação do Prof. Dr. André Marenco. Porto Alegre: UFRGS, 2012. DOWNS, Anthony. Uma teoria econômica da democracia. Tradução: Sandra Vasconcelos. São Paulo: ed. EDUSP, 1998 FIGUEIREDO, Marcus. A decisão do voto: democracia e racionalidade. 2 ed. Belo Horizonte: UFMG, 2008. Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞 Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave colunas rodolfo marques COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Rodolfo Marques . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. 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