Copa do Mundo do Catar 2022: Futebol e política se misturam? Rodolfo Marques 25.11.22 20h22 Indiscutivelmente, a Copa do Mundo é o evento esportivo que mais mobiliza atenções, dinheiro e paixões. É o campeonato principal da modalidade mais popular do planeta, o futebol. Trata-se do encontro das 32 seleções que adquiriram o direito de disputá-la, em um intervalo de, aproximadamente, 30 dias. Só para se ter ideia de alguns números superlativos, do ponto-de-vista financeiro: são US$ 42 milhões para a seleção que obtiver o título; US$ 209 milhões para os clubes de futebol que cedem jogadores para as seleções, a partir de um fundo reservado pela FIFA; US$ 277 milhões para o embaixador da Copa, o ex-atleta inglês David Beckham; US$ 1,7 bilhão para as despesas operacionais do evento – considerando premiações, logística e infraestrutura para a TV; US$ 4,7 bilhões de receita estimada para a FIFA, sendo US$ 2,6 bilhões da venda dos direitos de transmissão, US$ 1,35 bilhão com direitos de marketing e US$ 500 milhões a título de vendas de ingressos e hospedagens; e entre US$ 6,5 bilhões e US$ 10 bilhões para o Catar construir 7 estádios. Para além dos campos econômico e financeiro, a Copa do Mundo, pela grandiosidade a ela inerente, tem trazido à tona uma série de manifestações políticas. A primeira questão, em relação ao Catar, é em relação ao respeito à diversidade sexual: o Catar é um dos 70 países do mundo em que as relações sexuais homoafetivas são criminalizadas – de acordo com a Anistia Internacional – há penalidades, inclusive, de prisão. Há grandes problemas em relação à observância dos direitos das mulheres, em relação a questões básicas, como exames médicos e estudos ou trabalho. Durante as obras para a Copa, houve também registros de milhares de mortes de trabalhadores imigrantes. E o país do Oriente Médio que sedia a Copa tem um histórico de país autoritário, o que compromete um evento que precisa ter as marcas da democracia e das perspectivas diferentes. Já durante a competição, iniciada em 20 de novembro, houve várias manifestações sobre questões políticas. O capitão inglês, Harry Kane, gostaria de usar a braçadeira com a inscrição One Love, em respeito a todas as formas de amor, na partida contra o Irã. Todavia, foi proibido pela FIFA – e a manifestação acabou cabendo a torcedores e a jornalistas. Dias depois, os jogadores alemães, liderados pelo goleiro Manuel Neuer, posaram para a foto oficial tapando as bocas, em protesto contra a FIFA. Os jogadores dinamarqueses também pretendiam usar camisetas a favor dos direitos humanos, em seus treinos, mas também foram coibidos. Ainda no jogo entre Inglaterra e Irã, os atletas do país asiático não cantaram o hino, em protesto ao governo autoritário do país. E, antes do jogo entre Brasil e Sérvia, o craque da equipe nacional, Neymar, havia prometido homenagem o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), caso fizesse um gol. Neymar acabou não marcando gols – os dois tentos brasileiros foram marcados pelo atacante Richarlison, que tem um histórico na luta pelo combate à pobreza e a favor de ações como vacinações. Futebol é um ato político, e não é – e nem deve ser – algo desconectado da sociedade. Não se trata de um mundo à parte. E é importante que vitrines como essa sejam utilizadas para a discussão de questões substantivas, como os dos direitos humanos. Até porque quaisquer processos só podem evoluir a partir de políticas públicos e pelos movimentos institucionais. Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave rodolfo marques colunas COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Rodolfo Marques . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado! ÚLTIMAS EM RODOLFO MARQUES Governo Lula precisa melhorar comunicação para seguir em frente 15.04.24 15h16 Rodolfo Marques 1964-2024: sessenta anos após golpe de Estado, Brasil avança para consolidar sua democracia 01.04.24 8h00 Rodolfo Marques Emmanuel Macron em Belém: relações políticas, acordos econômicos e simbolismos 29.03.24 20h30 Rodolfo Marques Novos movimentos e cartas sendo colocadas à mesa na disputa pela Prefeitura de Belém 11.03.24 14h09