RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Copa do Mundo do Catar 2022: Futebol e política se misturam?

Rodolfo Marques

Indiscutivelmente, a Copa do Mundo é o evento esportivo que mais mobiliza atenções, dinheiro e paixões. É o campeonato principal da modalidade mais popular do planeta, o futebol. Trata-se do encontro das 32 seleções que adquiriram o direito de disputá-la, em um intervalo de, aproximadamente, 30 dias.

Só para se ter ideia de alguns números superlativos, do ponto-de-vista financeiro: são US$ 42 milhões para a seleção que obtiver o título; US$ 209 milhões para os clubes de futebol que cedem jogadores para as seleções, a partir de um fundo reservado pela FIFA; US$ 277 milhões para o embaixador da Copa, o ex-atleta inglês David Beckham; US$ 1,7 bilhão para as despesas operacionais do evento – considerando premiações, logística e infraestrutura para a TV; US$ 4,7 bilhões de receita estimada para a FIFA, sendo US$ 2,6 bilhões da venda dos direitos de transmissão, US$ 1,35 bilhão com direitos de marketing e US$ 500 milhões a título de vendas de ingressos e hospedagens; e entre US$ 6,5 bilhões e US$ 10 bilhões para o Catar construir 7 estádios.

Para além dos campos econômico e financeiro, a Copa do Mundo, pela grandiosidade a ela inerente, tem trazido à tona uma série de manifestações políticas. A primeira questão, em relação ao Catar, é em relação ao respeito à diversidade sexual: o Catar é um dos 70 países do mundo em que as relações sexuais homoafetivas são criminalizadas – de acordo com a Anistia Internacional – há penalidades, inclusive, de prisão. Há grandes problemas em relação à observância dos direitos das mulheres,
em relação a questões básicas, como exames médicos e estudos ou trabalho.

Durante as obras para a Copa, houve também registros de milhares de mortes de trabalhadores imigrantes. E o país do Oriente Médio que sedia a Copa tem um histórico de país autoritário, o que compromete um evento que precisa ter as marcas da democracia e das perspectivas diferentes.

Já durante a competição, iniciada em 20 de novembro, houve várias manifestações sobre questões políticas. O capitão inglês, Harry Kane, gostaria de usar a braçadeira com a inscrição One Love, em respeito a todas as formas de amor, na partida contra o Irã. Todavia, foi proibido pela FIFA – e a manifestação acabou cabendo a torcedores e a jornalistas. Dias depois, os jogadores alemães, liderados pelo goleiro Manuel Neuer, posaram para a foto oficial tapando as bocas, em protesto contra a FIFA. Os jogadores dinamarqueses também pretendiam usar camisetas a favor dos direitos humanos, em seus treinos, mas também foram coibidos. Ainda no jogo entre Inglaterra e Irã, os atletas do país asiático não cantaram o hino, em protesto ao governo autoritário do país.

E, antes do jogo entre Brasil e Sérvia, o craque da equipe nacional, Neymar, havia prometido homenagem o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), caso fizesse um gol. Neymar acabou não marcando gols – os dois tentos brasileiros foram marcados pelo atacante Richarlison, que tem um histórico na luta pelo combate à pobreza e a favor de ações como vacinações.

Futebol é um ato político, e não é – e nem deve ser – algo desconectado da sociedade. Não se trata de um mundo à parte. E é importante que vitrines como essa sejam utilizadas para a discussão de questões substantivas, como os dos direitos humanos. Até porque quaisquer processos só podem evoluir a partir de políticas públicos e pelos movimentos institucionais.

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