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RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Bolsonaro perdeu capital político e comprometeu seu futuro eleitoral no início de 2023?

Rodolfo Marques

O ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), vivenciou, nesse mês de janeiro de 2023, o primeiro período sem ocupar mandado público desde o final dos anos 1980. Além de vivenciar um cenário com o que não está acostumado, Bolsonaro parece seguir em uma trajetória errante, desde que deixou o Brasil em 30 de dezembro de 2022, quando ainda ocupava a presidência da República. 

Com o início do governo Lula, há um realinhamento político das forças e outras prioridades vêm sendo conduzidas pela gestão federal. Ao mesmo tempo, alguns dos pilares de Bolsonaro estão abalados, assim como várias questões referentes a seu governo estão vindo à tona – e comprometendo, progressivamente, o seu capital político. 

O primeiro marco desse processo de esvaziamento de capital político foi, sem dúvida, o movimento de violência e de vandalismo ocorrido no dia 8 de janeiro, com a invasão e depredação de prédios públicos, revelando a face mais radical e perigosa do bolsonarismo. Esse fato ilustrou a dificuldade de Bolsonaro e de seus apoiadores em respeitar a democracia, ainda muito em consequência do não aceite dos resultados eleitorais de outubro de 2022. Corrobora para essa premissa o fato de Bolsonaro não ter feito a transmissão de cargo para o então presidente eleito, Lula.

A quebra do sigilo de 100 anos sobre o uso do cartão corporativo de Bolsonaro durante sua gestão, mostrou um uso indiscriminado e confuso de recursos públicos – inclusive financiando motociatas e atos de campanha eleitoral. O discurso utilizado na campanha eleitoral de 2018 e durante o governo, de que a “mamata” havia acabado, acabou caindo por terra pelos fatos. 

No dia 21 de janeiro, em visita a Roraima, o presidente Lula visitou a região onde estão grupos de índios Yanomamis. De acordo com o Ministério dos Povos Indígenas, entre 2018 e 2022, 570 crianças da etnia, com menos de 5 anos, morreram, por desnutrição, pneumonia e por outros fatores, como os impactos fortes do garimpo ilegal. O cenário, gravíssimo, evidenciou o descaso do governo federal de então e todo o discurso de Bolsonaro contrário a povos indígenas e à observância de direitos deles como cidadãos brasileiros. O ministério da Justiça e Segurança Pública promete investigar o caso

A situação política de Bolsonaro, que ainda está nos Estados Unidos, pode piorar, com os vários processos que correm na justiça brasileira e que podem culminar na sua inelegibilidade. O próprio presidente da legenda que abriga o ex-presidente, Valdemar Costa Neto, vem acompanhando com atenção o derretimento da força política de Bolsonaro.

Diante desse contexto, e com a tendência de que outros fatos referentes ao governo Bolsonaro possam aparecer, ficam os questionamentos: será que ele terá forças para liderar a oposição e se viabilizar como alternativa de direita em 2026? Ou será que ele continuará representando um projeto pessoal de poder, que, apesar de todos os problemas causados – a maioria por ele mesmo e por seus filhos –, parece ainda resiliente e com uma base razoável de apoiadores?

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