Aldeia COP: onde a floresta ganha voz e o futuro do clima aprende a escutar Rodolfo Marques 13.11.25 18h00 Entre as várias peculiaridades e diferenciais da COP-30, uma delas ganha evidência pelo significado: a Aldeia COP, montada na Universidade Federal do Pará para abrigar até três mil indígenas do Brasil e de outras partes do mundo, durante o evento. Mais do que uma estrutura de hospedagem, o espaço representa um marco histórico na presença dos povos originários nas conferências climáticas globais, garantindo-lhes território, visibilidade e protagonismo nas discussões sobre o futuro do planeta. A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, destacou que esta é a maior participação indígena da história das COPs, com milhares de representantes divididos entre a Blue Zone, onde acontecem as negociações oficiais, e espaços de diálogo intercultural, como o Círculo dos Povos e a própria Aldeia COP. Essa multiplicidade de arenas de debate reflete uma tentativa concreta dedemocratizar as discussões sobre o clima, reconhecendo que não há transição ecológica possível sem ouvir quem sempre viveu em equilíbrio com a floresta. A Aldeia COP representa, neste cenário, um território de resistência cultural e política, onde acontecem rodas de conversa, rituais, apresentações artísticas e debates sobre direitos territoriais, economia indígena e preservação dos biomas. Nesse ambiente, o conhecimento ancestral dialoga com o saber científico, propondo uma leitura mais ampla e humana da crise climática, em que proteger o clima significa, antes de tudo, proteger vidas, culturas e territórios. No entanto, transformar essa presença expressiva em influência real ainda é um desafio. Ter milhares de indígenas em Belém representa um avanço inquestionável, mas é preciso assegurar que suas vozes sejam consideradas nas decisões oficiais da conferência. O protagonismo indígena nesta conferência é um chamado à humanidade: o conhecimento tradicional não é um ornamento folclórico, mas uma chave essencial para repensar o modelo de desenvolvimento e enfrentar as mudanças climáticas com justiça e equilíbrio. Ao caminhar pela Aldeia COP, percebe-se que o futuro do planeta não será decidido apenas por fórmulas, tratados e relatórios, mas pela capacidade de escutar. Escutar a floresta, os rios, as aldeias, os povos que há séculos sustentam a vida em harmonia com o ambiente. Talvez a verdadeira transição climática comece ali, sob as malocas montadas em Belém, onde o som dos instrumentos musicais e das vozes indígenas lembram que a esperança precisa de raízes profundas para continuar viva. Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞 Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave RODOLFO MARQUES COP 30 colunas COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Rodolfo Marques . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado! ÚLTIMAS EM RODOLFO MARQUES Rodolfo Marques Flávio Bolsonaro em cena: sucessão sem projeto e a direita fragmentada 15.12.25 17h00 Bolsonaro preso por golpismo: o encarceramento que reconfigura a direita brasileira 27.11.25 14h14 Belém 2.0 ou Belém da 'Belle COP'? O legado real da COP30 na Amazônia 25.11.25 17h00 Rodolfo Marques COP30 em Belém: vitória simbólica ou promessa adiada? 24.11.25 13h29