RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

100 dias de governo Bolsonaro... e que tenhamos dias melhores

Rodolfo Marques

No último 10 de abril, foram completados 100 dias da gestão de Jair Bolsonaro (PSL) como Presidente do Brasil. Essa marca cronológica é, historicamente, um momento para fazer uma avaliação sobre um gestor e tempo suficiente para que este mostre, literalmente, “a que veio”.

Aqui reside uma questão relevante: Bolsonaro muito pouco disse, realmente, sobre o que pretendia e/ou o que pretende fazer como Chefe do Executivo Federal até dezembro de 2022. Na campanha eleitoral, com pouco tempo disponível nas mídias tradicionais, além de fazer uso insistente das mídias/redes sociais e de se ausentar dos debates públicos na maior parte do tempo – até mesmo em virtude do atentado sofrido em setembro de 2018 –, o foco maior foi no slogan de sua candidatura (“Brasil acima de tudo; Deus acima de todos”) e no discurso antipetista. Suas propostas não ficaram claras durante o pleito, como não estão até hoje, já em abril de 2019. Bolsonaro tem focado seus esforços muito mais em debates ideológicos, como na “guerra” contra o chamado “marxismo cultural”, derivada da influência do principal guru do Governo – o filósofo Olavo de Carvalho, ou em manifestações públicas sem sentido, como no último Carnaval.

Esse período, por ora, está marcado por declarações atabalhoadas de Bolsonaro e de seu núcleo familiar; trocas de ministros (Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência, e Ricardo Vélez Rodriguez, da Educação, deixaram os cargos) e principalmente, falta de convicção nas decisões importantes – como a articulação para a votação e aprovação da Reforma da Previdência e mesmo do pacote anticrime proposto pelo Ministro Sérgio Moro. Diante dessa falta de coordenação, surge a sensação que a maior parte da população brasileira tem, neste momento, a respeito do Governo Federal: perda de tempo nesse período de pouco mais de três meses de gestão.

Nesse contexto, pesquisa recente divulgada pelo Instituto Datafolha mostrou a queda acentuada de aprovação de Bolsonaro pela população: apenas 32% dos pouco mais de 2.000 entrevistados entenderam que o Governo Bolsonaro é ótimo ou bom, enquanto que 30% dos que se manifestaram avaliam a gestão como ruim ou péssima. Assim, torna-se claro que a chamada “lua-de-mel” do gestor com a sociedade acabou muito rapidamente, principalmente pela inabilidade política e a inércia administrativa.

Por outro lado, também nos últimos dias, e para tentar gerar uma agenda positiva, o Presidente Jair Bolsonaro, sob o slogan “100 dias. 100% pelo Brasil”, fez uma série de anúncios, como a revogação de algumas decisões anteriores, a autorização para a realização do ensino domiciliar e o pagamento da décima-terceira parcela para os beneficiários do Programa “Bolsa-Família” – uma promessa de campanha eleitoral sendo cumprida, aliás.

Assim, a sensação é de que, de fato, 100 dias foram praticamente desperdiçados com muito “barulho” e verborragia e pouca ação efetiva. Espera-se, todavia, que o Brasil tenha dias melhores e que Jair Bolsonaro se predisponha a governar não apenas para os quase 58 milhões de brasileiros que o elegeram, mas para os mais de 200 milhões que aqui residem.

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