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O.J.C. MORAIS

OCÉLIO DE JESÚS C. MORAIS

PhD em Direitos Humanos e Democracia pelo IGC da Faculdade de Direito Coimbra; Doutor em Direito Social (PUC/SP) e Mestre em Direito Constitucional (UFPA); Idealizador-fundador e 1º presidente da Academia Brasileira de Direito da Seguridade Social (Cad. 01); Acadêmico perpétuo da Academia Paraense de Letras (Cad. 08), da Academia Paraense de Letras Jurídicas (Cad. 18) e da Academia Paranaense de Jornalismo (Cad. 29) e escritor amazônida. Contato com o escritor pelo Instagram: @oceliojcmorais.escritor

Uma história para contar

Océlio de Morais

Um jovem estudante perguntou ao seu professor qual foi a maior vitória que até então tinha obtido. A pergunta  surgiu  depois de uma aula numa Universidade, quando o professor procurava estimular  o aluno ao  prazer dos estudos, à disciplina para superar dificuldades  e ao compromisso ético para abraçar virtudes para definição de seus objetivos de vida. 

De uma família bastante humilde, o jovem morava com os pais numa das ilhas que compõem o grande arquipélago do Marajó, na Amazônia brasileira. Para as aulas daquele professor, o jovem estudante  – ele sempre vestia a mesma camisa  do seu clube de coração – viajava durante 12 horas num barco motor e mais 12 para voltar.

O aluno nunca faltou às aulas. Era um aluno diferente: não usava celular para gravar as aulas, acompanhava as explicações com muita atenção, fazia anotações e perguntas para tirar suas dúvidas.

Antes de responder, o professor devolveu ao jovem a mesma pergunta, ao que ele disse: até o momento, minha maior vitória foi entrar para a Universidade. E quero ser magistrado, se Deus quiser!. Filho de pescador – nas ilhas do arquipélago do Marajó a maioria das famílias sobrevivem da pesca –  o jovem também ajudava o pai na pescaria.

O professor então respondeu ao jovem: minha mãe foi trabalhadora rural e nas poucas horas vagas, foi parteira, não por profissão, mas por solidariedade às mulheres parturientes, ajudando-as na hora de dar à luz aos seus filhos.

Com conhecimento das propriedades medicinais e dos riscos toxicológicos das ervas venenosas da Amazônia  – continuou o professor – ela conseguiu salvar alguns bebês das tentativas abortivas de suas mães.

No entanto – coisas do destino ou não – ela própria já havia tentado, por três vezes, abortar um de seus filhos, ingerindo doses de ervas abortivas. Mulher  separada e mãe de seis outros filhos menores, num outro relacionamento, engravidou novamente. Ela separou-se do primeiro marido depois que ele tentou matá-la a golpes de terçados.

Algum tempo depois de ingerir as ervas toxicológicas, e desesperada com o bebê que se rebatia em seu ventre – como se pedisse socorro com um grito silencioso de clamor pela vida – ela se arrependeu a tempo.

Então, para finalizar, disse o professor ao aluno: você quer saber qual foi a maior vitória de minha vida? Eu lhe respondo com imensa gratidão pela vida, infindável admiração pela minha mãe e pelas bênçãos de Deus: minha maior vitória foi o arrependimento de minha mãe, depois das três tentativas abortivas  num só dia. Da colônia, e de carroça de boi, foi levada às pressas ao socorro médico na cidade. O aborto foi evitado. 

O seu arrependimento conseguiu salvar a minha vida, quando eu ainda tinha apenas cinco semanas em seu útero.

Os anos se passaram e como aquele jovem estudante pescador que quer encontrar o seu lugar no tempo e no espaço, o professor filho do aborto abortado – que um dia  criança foi colono –  encontrou o seu lugar debaixo dos Céus: é magistrado de carreira e escritor, com títulos de acadêmicos de doutorado por uma importante Universidade brasileira  e pós-doutorado por uma das mais respeitadas universidades do mundo, a terceira mais amigos da Europa. 

O aluno ficou fascinado com aquela história e disse que iria se dedicar muito mais para valorizar a sua vida e conquistar seus objetivos.  

O professor fez ainda a seguinte reflexão, pedindo ao aluno para não responder: e se aquele aborto tivesse sido consumado? E  acrescentou: observa-se ativismo mundo afora, por exemplo, em defesa dos filhotess das baleias e das tartarugas, criminalizam-se maus-tratos aos animais –  com o nobre espírito de proteção das espécies – mas quem protege a vida dos bebês, desde a concepção, contra o aborto? 

Os olhos e os sentimentos humanitários que são dedicados à defesa dos filhotinhos das baleias e das tartarugas, também devem ser voltados e dedicados -- com mais e maior humanismo -- em defesa da vida humana, desde a concepção até a morte natural.
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ATENÇÃO: Em  observância à Lei  9.610/98, todas as crônicas, artigos e ensaios desta coluna podem ser utilizados para fins estritamente acadêmicos, desde que citado o autor, na seguinte forma: MORAIS, O.J.C.;  Instagram: oceliojcmoraisescritor

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