O.J.C. MORAIS

OCÉLIO DE JESÚS C. MORAIS

PhD em Direitos Humanos e Democracia pelo IGC da Faculdade de Direito Coimbra; Doutor em Direito Social (PUC/SP) e Mestre em Direito Constitucional (UFPA); Idealizador-fundador e 1º presidente da Academia Brasileira de Direito da Seguridade Social (Cad. 01); Acadêmico perpétuo da Academia Paraense de Letras (Cad. 08), da Academia Paraense de Letras Jurídicas (Cad. 18) e da Academia Paranaense de Jornalismo (Cad. 29) e escritor amazônida. Contato com o escritor pelo Instagram: @oceliojcmorais.escritor

Os sinais do Papa Leão XIV: o que significa ser um agostiniano na Cátedra de Pedro?

Océlio de Morais

Quando nascemos – todo cristão acredita nisso – trazemos um propósito especial que é, na essência, evoluir espiritualmente, através do exercício das nobres virtudes da fraternidade, da caridade, da solidariedade e da comunhão. Apesar disso, excetuado o caso de Jesus Cristo, que já nasceu sabendo que seria traído, condenado numa farsa de julgamento, morto por um sistema religioso e político corrupto e que iria ressuscitar – nenhum outro ser humano sabe qual será o seu destino até o último dia de vida.

Esse é um mistério extraordinário da espiritualidade, pois funciona – para aqueles que não fazem da vida uma vala comum de coisas sem sentido – como uma espécie de desafio ao enfrentamento das vicissitudes que irão aparecer no curso da vida. Isso quer dizer, por outro sentido, que fazemos nossas próprias veredas para chegarmos ao topo da montanha – a montanha dos nossos objetivos, onde está o tesouro valioso de nossos sonhos, que pode ser a ascese espiritual.

Ao propósito especial a que me refiro, Tomás de Aquino, nos artigos 1º, 2º e 7º da Suma Teológica, traduz como “dom de Deus” ou desígnio, porque, explicou o teólogo e filósofo cristão, nascemos “subordinados aos desígnios ocultos e invisíveis de Deus” para “iluminar” nossas vidas - desígnios que são revelados por “(...) Deus que fala com os santos anjos quando lhes mostra às mentes os seus desígnios ocultos e invisíveis”.

Sendo “desígnios ocultos e invisíveis de Deus”, os dons são sempre para o bem, muito embora no campo do livre arbítrio a pessoa possa fazer opções desvirtuadas e corrompidas pelo mal. Nessa perspectiva, “o bem e o mal são contrários”, como dizia Agostinho de Hipona, na obra “O Livre Arbítrio” – livro que trata da liberdade, da moral e da responsabilidade humana e da origem do mal.

O livre arbítrio promove esse paradoxo constante: o mal sempre se opõe ao bem, porque sua finalidade maior é neutralizar ou eliminar o bem.

A história está cheia desses paradoxos: de um lado, pessoas extraordinárias que contribuíram (e ainda contribuem) para evolução dos valores e princípios humanos; de outro, a história também registra uma enormidade de pessoas que dedicaram a vida (e outras ainda se dedicam) a promover guerras, a praticar genocídios, a impor regimes autoritários e ditatoriais, a promover a corrupção, a promover injustiças – pessoas que se sentem o centro e donas do mundo. São pessoas más!

Escrevo esta pensata – a partir das perspectivas dos desígnios ocultos e invisíveis de Deus e do livre arbítrio – com o olhar da esperança voltado ao novo Sumo Pontífice, o Papa Leão XIV, eleito no último dia 7 de maio pelo conclave que reuniu 133 cardeais da Igreja Católica em sucessão ao Papa Francisco, falecido a 21 de abril de 2025.

Certamente, a criança Robert Francis Prevost – nascida em Chicago (EUA) em 14 de setembro de 1955, um virginiano como eu – não tinha a menor ideia de que, um dia, seu dom especial, ou sua graça Divina ou seu desígnio oculto e invisível seria a Cátedra de Simão Pedro, na Igreja Católica.

Isso nos leva a crer que os desígnios de Deus são realmente “ocultos e invisíveis” e que a boa escolha (o livre arbítrio) estão para todos os humanos assim como os dias e as noites cumprem seus ciclos ordenados, proporcionando a todos os seres habitantes da Terra a experiência que a rotação pode oferecer com os seus inusitados efeitos climáticos e geográficos.

Hoje pode-se afirmar que Robert Francis Prevost nasceu com o dom especial da liderança espiritual universal. A sua trajetória eclesiástica é a prova disso. Usou bem o livre arbítrio: desde cedo – em 1973, concluiu seus estudos secundários no seminário menor da Ordem de Santo Agostinho – e a 2 de setembro de 1978 fez seus primeiros votos religiosos, mesmo mês do falecimento do Papa João Paulo I, ocorrido em 28 de setembro de 1978, exatos 33 dias após ter sido eleito em sucessão ao Papa Paulo VI (eleito em junho de 1963 e falecido a 6 de agosto de 1978).

Na sua primeira manifestação pública, na tradicional janela central da Basílica de São Pedro, no Vaticano, pouco tempo depois da fumaça branca na chaminé da Basílica, o novo Papa, Robert Francis Prevost – foi ordenado padre em 1982, nomeado bispo em novembro de 2014, arcebispo em janeiro de 2023 e cardinalato em setembro de 2023 – fez duas revelações importantes, que podem indicar os caminhos que seu pontificado percorrerá enquanto doutrina teológica e social para os cristãos da Igreja Católica.

Um, declarou-se agostiniano, uma referência ao teólogo e doutor da Igreja Católica, o bispo Agostinho de Hipona. Os agostinianos (

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