O.J.C. MORAIS

OCÉLIO DE JESÚS C. MORAIS

PhD em Direitos Humanos e Democracia pelo IGC da Faculdade de Direito Coimbra; Doutor em Direito Social (PUC/SP) e Mestre em Direito Constitucional (UFPA); Idealizador-fundador e 1º presidente da Academia Brasileira de Direito da Seguridade Social (Cad. 01); Acadêmico perpétuo da Academia Paraense de Letras (Cad. 08), da Academia Paraense de Letras Jurídicas (Cad. 18) e da Academia Paranaense de Jornalismo (Cad. 29) e escritor amazônida. Contato com o escritor pelo Instagram: @oceliojcmorais.escritor

Da natureza das coisas e da dependência solidária

Océlio de Morais

Simples ou complexas, a natureza das coisas é, realmente, incrível.  

Cada ser humano, cada ser vivo, cada objeto, cada feixe de luz, cada onda magnética que expande sons pelo universo, cada fenômeno e cada tudo – inseridos e compreendidos na sua natureza específica  – representa uma típica  função  e, ao mesmo tempo, estão todos conjugados para uma finalidade coletiva  no estado natural das coisas.

Tudo é ordenado para a garantia da vida. Não importa a condição socioeconômica –  que geralmente cria desigualdades entre as pessoas –, pois todos, na condição da própria existência, têm uma importância singular  em si, que é projetada ao todo sensível e inteligente. 

Quem tem a graça da visão, vê o mundo entrar pelos olhos, provocar maravilhosas sensações  criadas pela beleza das cores e das formas das coisas.  Quem, por alguma razão,  nunca teve a visão ou a perdeu, vê o mundo de forma diferente: é como se os olhos sempre estivessem fechados e as coisas do mundo fossem  pintadas e desenhadas com  as cores da imaginação.

Esse fator simples da natureza das coisas  será mais facilmente perceptível e compreensível se, e quando, o indivíduo romper com aquela condição ensimesmada da ambição pelo poder e pelo desejo devastador de dominar e subjugar os semelhantes. 

Como um pintinho, que quer respirar, ver as luzes e as cores do mundo – mas precisa das picadas certeiras  da mãe-galinha para romper a casca do ovo  –  lembremos que também nós nascemos sob a dependência de terceiros: das nossas mães (a mulher-mãe-natureza mais extraordinariamente especial da condição humana) e de outras pessoas que ajudam zelosamente com mãos solidárias na hora sublime do nascimento.

Neste particular, a natureza singela do nascimento – sem perder de vista a extraordinária natureza da concepção – reside na seguinte mensagem:  da concepção ao nascimento, por toda a vida  até a morte física,  estaremos sempre dependentes uns dos outros. 

Até quando morremos ficamos com uma dívida eterna, porque nosso corpo dependerá de alguém para ser sepultado ou cremado. 

O especial sentido da dependência – não a condição de subserviência que leva a todo tipo de  esmagamento da dignidade humana –  consiste naquele sinal de alerta ao fato de que não somos a “ilha de poder” (que gera arrogância, prepotência e aniquilamento de quem está em lado oposto) que se possa imaginar ser ou ter.

O especial sentido da dependência  – na perspectiva filosófica que estou tratando –  projeta o sentido da solidariedade e da gratidão  entre as pessoas.  Por outras palavras: todo ser humano  – absolutamente todos sem exceção – depende de alguém para ter ou realizar alguma coisa. 

Isso quer dizer – e quem tiver sensibilidade para isso, pense bem – que cada projeto individual (para o bem ou para o mal) sempre recebe a colaboração de alguém. É o sentido da cooperação ou da  solidariedade para o bem, ou  ainda pode ser para a finalidade da corrupção da boa natureza das coisas, isto é, para o mal. 

Quando o projeto individual ou coletivo é para o mal, a natureza das coisas torna-se gravemente complexa e perigosa  para o indivíduo em si, para as relações interpessoais e para as relações sociais mais amplas.

A história da humanidade está cheia de exemplos  dos projetos individuais ou coletivos associados entre si para o mal. Os resultados sempre foram desastrosos para todos.  É dispensável a enumeração. 

Portanto, assim como ocorreu no  passado,   as consequências da corrupção da boa natureza das coisas , também não serão diferentes para a  essência da simplicidade: os resultados serão desastrosos à vida presente  e às gerações futuras, visto que a corrupção ética da  natureza  das coisas gera iniquidades de todos os tipos. Entenda-se como essência da simplicidade  a natureza não corrompida das coisas.

A dependência  que – por sua essência em si mesma – cada pessoa tem em relação às coisas e aos semelhantes,   é aquela que nos chama a atenção para a fragilidade da nossa condição humana:  o ser humano depende de outros e de tudo o que integra a natureza para que possa se desenvolver e se realizar. 

Por isso mesmo, nessa perspectiva teleológica, a dependência é a necessidade que deve guiar os recíprocos e solidários – portanto, não retóricos –  projetos individuais, interpessoais e coletivos.

Nascemos, vivemos e morremos dependentes de alguém.  Esse sentido de boa dependência interpessoal precisa ser levado, dia a dia, ser lembrado por todos e levado em consideração para apurarmos mais e mais a beleza virtuosa da solidariedade que habita em todos, mas pode está adormecida.  

 Se for lembrada com especial atenção, a dependência singular de nossa existência, também  funcionará como freio aos arroubos de arrogância e de prepotência que cada ser humano possui em si mesmo. E, com  a maior sensibilidade à dependência solidária, também haveremos de alimentar um espírito mais sensível em relação à dignidade humana.

A ideia da dependência solidária gera gratidão por todos e em relação a todos.

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ATENÇÃO: Em  observância à Lei  9.610/98, todas as crônicas, artigos e ensaios desta coluna podem ser utilizados para fins estritamente acadêmicos, desde que citado o autor, na seguinte forma: MORAIS, O.J.C.;  Instagram: oceliojcmoraisescritor

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