O.J.C. MORAIS

OCÉLIO DE JESÚS C. MORAIS

PhD em Direitos Humanos e Democracia pelo IGC da Faculdade de Direito Coimbra; Doutor em Direito Social (PUC/SP) e Mestre em Direito Constitucional (UFPA); Idealizador-fundador e 1º presidente da Academia Brasileira de Direito da Seguridade Social (Cad. 01); Acadêmico perpétuo da Academia Paraense de Letras (Cad. 08), da Academia Paraense de Letras Jurídicas (Cad. 18) e da Academia Paranaense de Jornalismo (Cad. 29) e escritor amazônida. Contato com o escritor pelo Instagram: @oceliojcmorais.escritor

A ética oferece princípios para fazer boas escolhas e agir conforme as boas opções.

Océlio de Morais

Bem antes de Jesus, um sábio, por ter passado por muitas experiências, boas e ruins, disse certa vez que não devemos guardar mágoas, ressentimentos, rancores, raiva ou ódio de ninguém, mesmo contra aqueles que, às claras ou na sordidez ou vileza da escuridão, nos fizeram ou nos fazem mal.

E aconselhou que todos esses sentimentos ruins, que a pessoa tenha alimentado contra outra, precisam ser lançados às ondas do mar, para que sejam diluídos na imensidão do oceano.

Muito provavelmente, o sábio pretendeu mostrar que alma humana terá maior serenidade e, portanto, experimentará a felicidade, se a pessoa não guardar em seu coração esses sentimentos pesados, negativos e ruins, pois eles são combustíveis para a desestabilidade emocional e se voltam contra a paz de espírito.

Jesus, o Altíssimo – na árdua missão de preparar seus apóstolos próximos e os seguidores daquele tempo presente e do tempo futuro – abordou esse tema pela perspectiva do perdão, naquela desafiante lição que legou à humanidade: "Se alguém bater em você numa face, ofereça-lhe também a outra", conforme relatou Lucas, no capítulo 6:29 da Bíblia, o livro sagrado dos relatos históricos, proféticos e de fenômenos espirituais da vida e morte de Jesus para a fé cristã. 

O que o sábio aconselha lançar nas ondas do mar (a mágoa, o rancor, o ressentimento, a raiva, o ódio),  Jesus disse claramente que é a arte do perdão como a única fórmula capaz – em caráter permanente –  de dominar as mentes e corações vingativos, limpando-os, assim, de todos os maus sentimentos.

Se bem observadas, será fácil identificar que as duas lições tocam numa das características mais marcantes da natureza humana: o cotidiano desafio em aprender a dominar os próprios institutos de reação vingativa daquela sordidez ou vileza que atingiu a vida de outrem de forma tão violenta como as lavas de fogo de um vulcão devastador.

A sordidez ou vileza de alguém – que fez ou ou ainda faz mal a outrem – no fundo, revela o caráter cruel daquela personalidade, porque claramente mostra satisfação fazendo o mal, sem se importar com as consequências de seus atos à dignidade, à honra, à imagem e ao decoro da pessoa ofendida. 

Quando me refiro ao caráter cruel – essa foi a mais adequada qualificação que encontrei para a baixeza ou indignidade da conduta de quem trama e pratica o mal contra outrem – logicamente estamos no campo do comportamento humano, o que nos leva à percepção ética sobre a maneira de agir da pessoa.

Para a filosofia, em termos gerais, a ética oferece princípios para a pessoa fazer boas opções e agir conforme boas opções. Portanto, em sentido contrário, aquele que se opõe aos valores éticos, não possui escrúpulo ou caráter virtuoso e, desse modo, não terá nenhum problema de consciência (ou questão de ordem moral) em agir com sordidez para levar vantagens indevidas ou tentar destruir aquele por quem cegamente se imagina ameaçado ou porque por ele nutre antipatia. 

Contudo, não se pode desconhecer que – dada as motivações dos sentimentos reativos – a pessoa pode se tornar imprevisível e, nessa circunstância, estará sujeita à perigosa instantaneidade das emoções não controladas.  

Nessas horas é bom parar e pensar um pouco antes da reação, pois ela pode causar mais dores à alma e desassossego espiritual.

A arte de dominar os institutos de vingança – assim posso dizer – é a sublimação da própria alma como condição à necessária paz de espírito. 

Mas cada pessoa precisa, dia a dia, aprender a exorcizar seus sentimentos ruins, pois a estrada – que leva à escalada da montanha da arte do perdão – tem o tamanho da própria existência e, conforme as escolhas, pode ser íngreme, lisa, tortuosa e espinhosa (quando o caráter é dominado pela sordidez ou vileza).

Mas, por outra perspectiva, a estrada poderá ser reta e plana, segura e de fácil acesso, desde que o objetivo permanente da vida seja a nobreza das ações – ambiente onde residem a simplicidade, a fraternidade e a caridade, virtudes que conduzem à compreensão da arte do perdão.

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ATENÇÃO: Em observância à Lei  9.610/98, todas as crônicas, artigos e ensaios desta coluna podem ser utilizados para fins estritamente acadêmicos, desde que citado o autor, na seguinte forma: MORAIS, O.J.C.; Instagram: oceliojcmoraisescritor

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