MAIS LIBERAL

Sob coordenação do Departamento de Marketing do Grupo Liberal, aborda os temas relacionados à economia, negócios, tecnologia, comportamento e áreas afins. Publicação aos domingos, terças e quintas. A coluna recebe sugestões pelo e-mail maisliberal@oliberal.com.br.

Psicóloga fala sobre uso excessivo de tecnologias por crianças durante a pandemia

image A psicóloga Cláudia Fonseca Blagitz (Blur)

A Mais Liberal conversou com a psicóloga Cláudia Fonseca Blagitz, especialista em avaliação psicológica, sobre o uso excessivo de tecnologias por crianças durante a pandemia e os efeitos que a prática pode trazer. 

O uso de tablets, smartphones e computadores foi intensificado por crianças durante a pandemia, fazendo muitos pais relaxarem com os limites. Como você avalia esse cenário? 
Durante a pandemia, as crianças passaram a ficar confinadas em casa, experimentando uma diminuição significativa do convívio social e do acesso ao lazer. E os aparelhos eletrônicos passaram a ser utilizados não apenas como importante ferramenta de adaptação do acesso ao mundo externo - a exemplo da transmissão de aulas on-line e videochamadas -, mas, também, como um recurso para o lazer e entretenimento das crianças. Os pais, atarefados com as atribuições do trabalho e cuidados com a casa e os filhos, parecem ter afrouxado os limites desse acesso eletrônico como tentativa de dar conta de administrar essas demandas, ocupando o tempo dos pequenos para poderem se dedicar às suas atividades, que, via de regra, sofreram um acúmulo durante esse período. 

Existe uma idade mínima recomendada para a exposição de crianças às telas?
De modo geral, recomenda-se que antes dos dois anos a criança tenha um contato mínimo com as telas, respeitando a adequação aos conteúdos para a idade, uma vez que biologicamente ainda não está madura o suficiente pra receber e, principalmente, abstrair o excesso de estímulos que normalmente são transmitidos por meio desses dispositivos. Durante esse período, é muito mais importante que a criança tenha acesso a recursos que auxiliem o desenvolvimento de sua percepção de si mesma e do mundo ao redor, assim como a aquisição de refinamento motor e cognitivo, o que é alcançado a partir da relação com o outro e do contato com seus próprios recursos internos e materiais ao seu redor. É fundamental que nenhuma criança utilize a internet sem que um adulto responsável realize uma espécie de curadoria dos conteúdos aos quais ela tenha acesso, uma vez que não possui maturidade suficiente para discernir como apropriadas ou não para si mesma a infinidade de informações disponíveis no ambiente virtual, que podem oferecer impactos positivos ou negativos ao seu desenvolvimento psíquico. 

Por que é tão importante estabelecer limites para o uso destas tecnologias?
Principalmente porque o uso exagerado dessas ferramentas acaba por comprometer as interações familiares/sociais e o desenvolvimento da personalidade do sujeito, na medida em que passa a tomar o lugar de outros elementos fundamentais para o desenvolvimento infantil como o brincar, que é um recurso muito caro para constituição psíquica das crianças. O entretenimento contínuo promovido pelo uso excessivo de eletrônicos impede que elas entrem em contato com um tédio importante de existir, pois é a partir dele que os pequenos criam brincadeiras, inventam histórias, fantasiam construções alternativas para a realidade que vivenciam, desenvolvendo a criatividade, imaginação e, também, elaborando seus conteúdos emocionais por meio desses recursos lúdicos. Além disso, os limites são necessários para a vida em sociedade e se impõem sobre nós a todo momento. Não dar conta de suportá-los se torna uma fragilidade que acarreta intenso sofrimento psíquico ao sujeito.

Quais possíveis danos o uso excessivo de eletrônicos pode causar?
Os principais são o comprometimento do interesse pelas relações sociais e da capacidade de sustentá-las, uma vez que elas exigem o manejo de algumas dificuldades, frustrações e necessidades de negociações, que as crianças continuamente “preenchidas” pelas telas podem não dar conta de realizar. Além disso, pode ocorrer o comprometimento da criatividade e da curiosidade intelectual e exploratória, tão peculiar das crianças. Em casos mais graves de dependência eletrônica, observa-se ainda a substituição da realidade pela virtualidade.

Como dosar ou fazer com que esse consumo seja saudável?
Sugiro que os pais estabeleçam um limite de tempo diário para o uso de telas pelos filhos por eles próprios, preservando alguns momentos familiares e o tempo de realização de atividades escolares/trabalho, refeições e descanso. O mais importante é que sustentem esse limite estabelecido, pois, a partir da impossibilidade de burlar esse combinado, a criança pode passar a experimentar o tempo livre de outras maneiras mais interessantes para seu desenvolvimento. Ressalto que os pais que suportam se submeter a limites e regras geralmente se sentem mais seguros para impô-los aos pequenos. 

Que mensagem você deixa para pais e responsáveis que se identificam com essa situação?
Limitar o tempo de acesso tecnológico à criança, oferecendo a ela algum período ocioso em seu dia, tende a ser uma troca interessante, uma vez que isso abrirá espaço para que desenvolvam ferramentas mais consistentes e importantes para uma vida social, afetiva e intelectual satisfatória, que estejam para além da satisfação imediata de seus impulsos.

NOTAS: 

AMAZÔNIA EM FOCO
A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) divulgou uma pesquisa que aponta a preservação da região como uma forte preocupação dos brasileiros. O levantamento Observatório Febraban, realizado com 1,2 mil entrevistados em todo o país, destaca que o desenvolvimento e a preservação da floresta precisam ser um objetivo maior dos governos.

AMAZÔNIA EM FOCO II
De acordo com o estudo, 72% dos entrevistados consideram a Amazônia muito importante para para a sua vida e de sua família. Já para 94%, a preservação da região é essencial para a identidade nacional. Em paralelo, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander anunciaram os sete integrantes do Conselho Consultivo Amazônia, criado para apoiar a implementação de dez medidas propostas pelos bancos para impulsionar o desenvolvimento sustentável da região. 

ESTÁ CHEGANDO
Nos próximos meses, a Casas Bahia aporta no Pará. A primeira loja no estado será inaugurada em outubro, no corredor principal térreo do Shopping Bosque Grão-Pará. Em novembro, abre a unidade do Castanheira Shopping, no terceiro piso. O Shopping Metrópole, em Ananindeua, também terá uma Casas Bahia, mas o mês da inauguração ainda não está confirmado. Atualmente, a rede varejista conta com 25 centros de distribuição e entrepostos e mais de 600 lojas em todo o Brasil.

GRÃO-PARÁ 5 ANOS
Além da inauguração da Casas Bahia, o Bosque também celebra o seu quinto aniversário com a abertura do Nuoki Cozinha Oriental. O restaurante é uma exclusividade do Shopping.

SAÚDE
A Acceb, uma das clínicas populares com maior oferta de serviços na capital, aumentou a sua frota de ambulâncias, somando agora seis veículos para atender as demandas de deslocamento entre pacientes de cuidado paliativo. Além deste serviço, a clínica vem se destacando com o Home Care, plano que oferece equipe multidisciplinar para cuidados em casa.  

PÍLULAS DIGITAIS
Na Mais Liberal deste domingo, Francy Rodrigues mostra como as comunidades virtuais funcionam na prática. Confira!

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