CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

MAIS LIBERAL

Sob coordenação do Departamento de Marketing do Grupo Liberal, aborda os temas relacionados à economia, negócios, tecnologia, comportamento e áreas afins. Publicação aos domingos, terças e quintas. A coluna recebe sugestões pelo e-mail maisliberal@oliberal.com.br.

Papo Liberal com Camille Bemerguy, Campus Party 100% digital e cooperativismo no Pará

Mais Liberal

Papo Liberal

image Camille Bendahan Bemerguy (Isaac Markman)

A Mais Liberal conversou com Camille Bendahan Bemerguy, doutora em Economia pela Universidade Federal Fluminense, com mais de 15 anos de atuação em inclusão e educação financeira. Confira!

A crise causada pela Covid-19, de alguma forma, trará impactos financeiros para todos. Como se preparar para o cenário de incertezas que vem pela frente?
Estima-se que, até fim de 2020, haverá uma queda na renda de 23%. Não temos como prever quando retornaremos a um período de crescimento. Tudo leva a crer que essa crise ainda irá se aprofundar. Portanto, temos que nos preparar como em cenários de alta incerteza, isto é, reduzir gastos, cortar os desnecessários, investir no seu capital humano, na sua saúde (tanto mental quanto física), evitar se endividar e procurar identificar eventuais fontes alternativas de renda. Não custa nada lembrar que incerteza não se elimina, administra-se.

Entre as contas familiares, quais as primeiras despesas que podem ser cortadas?
Grande parte das famílias brasileiras chegou na crise causada pela pandemia com o orçamento já corroído, o que vem deteriorando as reservas e também a capacidade de gerar renda. Esse momento carrega consigo a necessidade urgente de um novo comportamento em termos de consumo, em função da grave e abrupta restrição financeira. A poupança, que deveria ser um hábito, mas não é, agora faz falta. A maioria das famílias não tem reserva para poder lidar com um imprevisto como esse. Difícil apontar qual item especificamente deve ser cortado. Isso vai depender das características de cada família. Mas o momento traz consigo uma preocupação inegociável com a saúde financeira familiar. Se tiver que escolher uma despesa para ser cortada imediatamente sem barganhas seriam as compras por impulsos. São essas que precisam ser evitadas neste momento.

E na hora do pagamento, o que priorizar? Impostos, por exemplo, podem ter maior flexibilidade na negociação posteriormente?
Os aluguéis e impostos, ainda que possam ser passíveis de negociação, não carregam em si a premissa da anistia, ou seja, cedo ou tarde terão que ser pagos. Assim, sugeriria que fossem logo pagos. Até porque não temos no horizonte nenhuma noção de tempo para um retorno à normalidade. Melhor se planejar com um cenário de crise mais prolongada e, sempre que possível,  assumir as despesas fixas, para não empurrarmos com a barriga uma despesa que irá acontecer.
 
Quais as alternativas para quem precisa recorrer a créditos?
Pesquisa do SPC Brasil identifica que cerca de 40% da população adulta brasileira encontra-se superendividada. E os dois motivos elencados para o endividamento são: conjuntura econômica desfavorável e falta de educação financeira. Diante desse momento de acirramento da crise e horizonte incerto, o aconselhável é evitar toda forma de endividamento. Principalmente aquele via cartão de credito e/ou cheque especial. As altas taxas de juros desse tipo de crédito podem gerar um endividamento em cascata e crescer como bola de neve. Se não houver jeito e tiver que recorrer mesmo a um crédito, deve buscar o bancário, sempre atentando para negociar taxas. Reforço o alerta: somente buscar crédito em caso de necessidade extrema.

Qual sua opinião sobre o isolamento social X economia no cenário atual da pandemia no Brasil?
Na minha opinião, a discussão não existe. Não é uma negação sobre o impacto de curto, médio e longo prazos na economia por conta do isolamento social. Mas neste momento, em que temos uma curva de contaminação atingindo níveis como os da Itália e Espanha e um sistema de saúde colapsando, não cabe negociar as vidas humanas. É isolamento, sim, seguindo as normas da OMS e aprendendo com os demais países sobre quando e como flexibilizar.

Reconheço que o custo social vem sendo alto e requer enfrentamento. Acredito que a maneira de encarar essa crise econômica e social vai exigir um novo arranjo social coordenado, onde se produza espaços públicos com atores diversos para que, de forma coordenada e eficiente, possa-se definir como produzir bens públicos. Podemos aprender com a experiência da Dinamarca e desenhar um novo estado de bem-estar, que seja capaz de superar os efeitos danosos, uma rede de proteção social para aqueles na iminência de colapso de renda, despesas sociais bem desenhadas e bem focalizadas, além de politicas de preservação de emprego. E o sucesso dessas políticas vai exigir, mais do que nunca, excelência na gestão, onde eficiência, equidade e transparência sejam a tônica. Por enquanto, vamos manter o isolamento social e garantir que os gastos com saúde não sejam simplesmente uma questão de aprovar verba no orçamento, mas de gerar uma gestão eficiente desses recursos. Tanto a saúde e a política para vulneráveis não permitem improvisos, requerem urgência, focalização e boa gestão.   

Como promover a educação financeira em casa, sobretudo com crianças?
Educação financeira não é fazer cálculos, mas se organizar para tomar decisões na vida. Estudos sobre educação financeira são conclusivos em demonstrar que não basta ensinar conteúdo sobre o tema. Para internalizar a aprendizagem e gerar uma mudança de comportamento é necessário aplicar. Por exemplo, ninguém aprende a andar de bicicleta a partir de um manual de instruções. É preciso subir na bicicleta para aprender. Quanto mais cedo as crianças estiverem expostas aos conceitos, aprendendo por meio de brincadeiras, jogos e, principalmente, com o exemplo dos pais, maior a probabilidade de internalizar a educação financeira. Portanto, sejamos exemplo para que nossos filhos achem que o “normal” é se organizar e planejar com saúde financeira o futuro.

Quais as suas dicas para organizar o orçamento?
Segundo dados do SPC-Brasil, apenas 29% dos brasileiros têm conhecimento de sua situação financeira  e cerca de 46% não controlam seu orçamento doméstico. Seja porque não possuem a disciplina, por esquecimento ou por falta de tempo. Porém, agora não dá mais para manter o hábito de não saber ao certo quanto se ganha e quanto se gasta. Vamos ter que sair da inércia e da suposta zona de conforto. Tomar atitudes para organizar as finanças pessoais, aproveitando para entender melhor de onde vem (parte mais fácil) e para onde vai nosso dinheiro (nem sempre claro).

Para construir um orçamento familiar, precisamos anotar tudo o que se gasta e tudo que se ganha e poder mudar a atitude com relação as despesas. Podemos anotar num caderno, numa planilha ou num aplicativo. Importante que cada um escolha a ferramenta com a qual se sente mais confortável.

Depois que tivermos listados receita e despesa, temos que criar categorias: despesas fixas (as que não se pode deixar de pagar); despesas variáveis (que se tem todo mês mas que se pode tentar diminuir, como energia, internet, gás, transporte); despesas extra (que não acontecem todo mês, mas que precisa pagar, como IPVA, material escolar, etc); despesas livres (gatos com lazer, restaurante, cinema, lanches etc). Com esse orçamento em mãos, parta para a etapa seguinte, que é a do planejamento. Olhar cada item dentro de cada categoria e identificar quais são essenciais, quais podem ser diminuídos  e/ou negociados, quais foram impulso, quais podem ser cortados. Montar estratégias para pesquisar preços antes de adquirir um produto, juntar dinheiro para comprar algo à vista, pechinchar, mudar o local de compra por outro com preços melhores e, sempre que possível, poupar. São as práticas de educação financeira que são consideradas importantes e saudáveis no dia a dia das finanças familiares.

Global, digital e solidária

Um dos maiores eventos de inovação e tecnologia do mundo, a Campus Party deste ano será totalmente digital e gratuita. Pela primeira vez, o evento vai ocorrer simultaneamente em 22 países e contará com um palco global, além de atrações regionais.

Global, digital e solidária II

A edição 2020 será realizada de 9 a 11 de julho. Toda a experiência será transmitida on-line pelos perfis da Campus em plataformas como Facebook, Twitter e Instagram. A organização pretende arrecadar doações para o apoio aos profissionais de saúde por meio da ONG Médicos Sem Fronteiras.

Compre de cooperativas

Cerca de 120 mil famílias são beneficiadas pelo cooperativismo no Pará, o que gera emprego e renda. Para auxiliar esses empreendimentos que estão sendo diretamente afetados pela pandemia, o Sistema OCB/PA lança a campanha "Compre de Cooperativa", que estimula o consumo de produtos e serviços do segmento. Os contatos e ramos de produção das associações por município podem ser acessados pelo site paracooperativo.coop.br.

Em alta

A preocupação com a pandemia de coronavírus fez o setor farmacêutico apresentar aumento expressivo nas vendas, de acordo com os dados da empresa de tecnologia Wevo. Projetando as dos primeiros dias de abril ao longo do mês, é esperado um crescimento de 36,3% em relação aos meses de janeiro e fevereiro de 2020, período anterior à crise.

Em alta II

Na comparação com março, que já havia crescido 13,5% e marcou o início da quarentena na grande maioria dos estados e municípios do país e remodelou o varejo como um todo, as vendas on-line do setor saltaram 20,3%. Entre os fatores que explicam essa expansão contínua no canal digital estão o isolamento social, a preocupação dos brasileiros durante a pandemia e as recomendações de higienização constante e de prevenção em relação à saúde. Destaque para os medicamentos e itens de higiene.

Ajuda silenciosa

Uma ferramenta vai auxiliar mulheres que sofrem violência doméstica durante o período da Covid-19. Trata-se de uma assistente virtual que, por meio de um chatbot, oferece uma forma segura para que elas peçam ajuda e recebam a orientação necessária dentro de suas próprias casas. Via WhatsApp, pelo número (11) 94494-2415, a vítima é contatada por uma assistente virtual, simulando uma pessoa em sua rede de contatos, para melhor entender sua situação. A iniciativa é do Instituto Avon, da Uber e da Wieden+Kennedy e busca não despertar a atenção do agressor.

Pílulas Digitais

Paulo Campos aborda como lidamos com erros no trabalho.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Mais Liberal
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM MAIS LIBERAL