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Sob coordenação do Departamento de Marketing do Grupo Liberal, aborda os temas relacionados à economia, negócios, tecnologia, comportamento e áreas afins. Publicação aos domingos, terças e quintas. A coluna recebe sugestões pelo e-mail maisliberal@oliberal.com.br.

Especial dia das Mulheres: as médicas Tânia Chaves e Consuelo Oliveira estão na coluna deste domingo

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Papo Liberal 

Em clima de 8 de Março, a Mais Liberal conversou com Tânia Chaves, médica infectologista e pesquisadora em saúde pública, e Consuelo Silva de Oliveira, médica pediatra e mestre em doenças tropicais pela UFPA, como forma de homenagear todas as mulheres, em especial às que se dedicam à saúde e ciência. Confira:

image Consuelo Silva de Oliveira (Divulgação)

 

 

O que a motivou a se dedicar à ciência? 
Este desejo aconteceu quando ainda estava na residência médica. Convivi com grandes mestres da infectologia que contribuíram inexoravelmente para minha formação e me inspiraram a seguir a carreira de pesquisadora. Aos poucos, fui tendo mais clareza do compromisso que cada dia se consolidava em mim para  contribuir com o desenvolvimento científico e humanístico das pessoas, dos meus alunos, os incentivando a serem criativos e buscar constantemente compreensão para as lacunas observadas em diferentes áreas da infectologia, por exemplo. 

Como avalia a presença das mulheres no desenvolvimento de pesquisas? 
A ciência é melhor quando existe uma diversidade. Não só uma ciência de homens brancos. As mulheres sempre precisam se esforçar muito mais para ocuparem lideranças nos grupos de pesquisa. Estamos avançando, mas não é incomum que ainda sejamos invisíveis para muitos. Superar a invisibilidade das mulheres é um desafio diário para todas e cada uma de nós, especialmente em áreas como a ciência, onde a nossa carreira depende do reconhecimento de nossas contribuições técnico-científicas.  

Ainda há muitos desafios ou preconceitos? 
Sim. Os desafios para superarmos a invisibilidade são diários. De maneira geral, nas reuniões os comentários dos homens prevalecem para tomadas de decisões. Sempre temos que manejar as situações de embates com sabedoria e altruísmo. Um estudo recente mostrou que as mulheres representam apenas 24% dos beneficiários de um subsídio do governo brasileiro concedido aos cientistas mais produtivos do país (a bolsa produtividade). A sub-representação em posições de liderança ainda persiste: as mulheres cientistas são apenas 14% da Academia Brasileira de Ciências. Entre as várias razões para as mulheres serem menos produtivas na ciência que os homens, atribui-se a maternidade. Nós assumimos maior responsabilidade e desempenhamos importante papel na educação e desenvolvimento dos filhos. No entanto, quando se trata de produção científica, vários números mostram que as mulheres brasileiras superam seus colegas do sexo masculino.

Que mensagem você deixa para a sociedade? 

Vou pedir permissão e citar a mensagem de uma chamada (que me identifiquei) de Lançamento de Edital da FAPEAM sobre meninas e mulheres na Ciência, para você, meu colega pesquisador e cientista: "A Cientista que sou saúda a cientista que mora em você". Juntos, fortaleceremos o crescimento da Ciência mundial.

image Tânia Chaves (Divulgação)

Qual a sua participação no estudo nacional de cobertura vacinal que o Ministério da Saúde vem realizando em Belém?

O Brasil vem apresentando, desde 2015, uma queda progressiva da cobertura vacinal nas crianças e a reemergência de doenças preveníveis por vacinas, como, por exemplo, o sarampo, o que motivou o Ministério da Saúde a propor um inquérito nacional para avaliar as causas dessas baixas coberturas vacinais em 18 capitais brasileiras e o Distrito Federal. O meu envolvimento à frente desta pesquisa se justifica pela participação como coordenadora clínica em outros ensaios clínicos, com destaque para o estudo inédito no Brasil com a candidata à vacina contra o Rotavírus, liderado pelo Dr. Alexandre Linhares, com o seguimento de 3.200 crianças.

O que representa para você, sendo mulher e amazônica, poder contribuir com a ciência, como com sua pesquisa sobre zika vírus?
A emergência do vírus Zika, em 2015, trouxe grandes desafios aos cientistas em todo o mundo. Particularmente, pela ocorrência de malformações congênitas como a microcefalia, com grave comprometimento cerebral, alterações oculares e auditivas, dentre outras manifestações clínicas. Como o Instituto Evandro Chagas, onde exerci minhas atividades de pesquisa clínica, é referência internacional nos estudos das arboviroses, em que este vírus faz parte, recebi a missão de acompanhar as grávidas confirmadas para esta virose até o desfecho e o seguimento das crianças nascidas dessas mães, até os dias atuais que prossegue, com acompanhamento do desenvolvimento psicomotor e possíveis alterações de comportamento. Este estudo se constitui num grande desafio para minha trajetória como pesquisadora e tem me permitido ampliar a rede de contato com colegas de outras instituições de pesquisa nesta área de conhecimento, além de vivenciar um verdadeiro laboratório de emoções junto às famílias e crianças envolvidas.

Quais os principais pontos em que o Brasil ainda precisa avançar na ciência?
O Brasil vem demonstrando um grande avanço e maturidade na área da ciência básica e da pesquisa clínica, com reconhecimento dentro do país e no cenário internacional. Os ensaios clínicos pioneiros com vacinas, as contribuições nos estudos com o vírus emergentes Zika e, mais recentemente, o com o Sars Cov2 (coronavírus) confirmam a excelência dos cientistas e pesquisadores. Mesmo com os grandes obstáculos para manterem este nível de excelência, como a necessidade imperiosa de maior alocação de recursos, para a aquisição de insumos buscando a autossuficiência de produção de testes diagnósticos e de imunobiológicos, além de investimentos na construção e ou ampliação de novos parques tecnológicos. Nos últimos anos, os  investimentos em ciência e tecnologia têm decrescido vertiginosamente. E isso  apenas será refletido daqui alguns anos. Porém, não podemos nos esquecer do presente, onde podemos construir outro futuro. Sem ciência, não há futuro!

NOTAS:

Os efeitos da pandemia
A Hydro e a UFPA firmaram mais uma parceria para fomentar pesquisas de soluções inovadoras ao enfrentamento da Covid-19. A mineradora investirá mais de R$ 880 mil em três projetos da Universidade, dentre eles um estudo sobre os efeitos psicológicos do isolamento social. Serão analisadas as reações emocionais por meio de pesquisas observacionais, descritivas e exploratórias. O objetivo final é promover o bem-estar das pessoas durante e após a pandemia, por meio de programas de psicoeducação voltados à qualidade de vida.

Os efeitos da pandemia II
Também está prevista a criação de um aplicativo para identificar o comportamento alimentar pouco saudável provocado por estresse pandêmico. Os projetos poderão ser adaptados para outras cidades do Norte e demais regiões do país.

Agora, também no PC
O WhatsApp finalmente liberou o recurso de videochamadas pelo computador. Por enquanto, só podem ser realizadas entre duas pessoas e os usuários devem usar o programa oficial da empresa, disponível para download gratuito no site da companhia.

Coders4Future
É como chama o curso livre, que a Estácio realizará em março, abordando os principais temas para o desenvolvimento de softwares na área de tecnologia. Gratuito e on-line,  consiste em aulas divididas em tópicos gerais para até 50 alunos. As inscrições podem ser feitas até 12 de março por meio do formulário online.

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