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Sob coordenação do Departamento de Marketing do Grupo Liberal, aborda os temas relacionados à economia, negócios, tecnologia, comportamento e áreas afins. Publicação aos domingos, terças e quintas. A coluna recebe sugestões pelo e-mail maisliberal@oliberal.com.br.

Coronavírus no Pará?, bolsa de valores opera em queda e turismo comprometido

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image Cléa Bichara (Divulgação)

Com a confirmação do primeiro caso de coronavírus no Brasil, conversamos com a infectologista Cléa Bichara, pesquisadora do Núcleo de Medicina Tropical e professora do curso de Medicina da Uepa. Ela fala sobre riscos e prevenção da doença em nossa região. 

Há riscos reais de o Covid-19 se espalhar também por aqui?

Embora a Organização Mundial de Saúde (OMS) não tenha anunciado que estamos mediante a uma pandemia, assumiu que há um risco global. Concordamos que o mundo está diante de uma epidemia com potencial pandêmico, ou seja, de expansão para todos os espaços geográficos do planeta, como já está ocorrendo. A partir de então, mudam os parâmetros de vigilância, passando, agora, a se considerar parâmetros internos, já que houve a confirmação do primeiro caso no Brasil e na América Latina, e aguardar como será o comportamento de transmissão em um país tropical de dimensões continentais como o Brasil, dentro de uma Rede de Assistência à Saúde como a nossa. Portanto, o risco da epidemia se disseminar é real. 

É possível estipular um grau de risco a que estamos expostos?

Na avaliação epidemiológica, há um número básico de reprodução (RO) como uma métrica para estimar a força de contágio de uma doença. É o número médio de novos casos que podem ocorrer a partir de um índice. Comparativamente, para o sarampo seria de 1/12-18 e para o coronavírus é de 1/1,4-2,5 (OMS). A taxa de infectividade é inferior a de outros vírus de transmissão respiratória. Vale ressaltar que a experiência na China mostra que a maioria dos casos tem manifestações leves, com sintomas gripais, que não demandam sequer internação hospitalar, como o primeiro caso brasileiro. No entanto, sinais de gravidade podem estar presentes em populações mais vulneráveis, como idosos e crianças, bem como portadores de doenças crônicas e/ou imunocomprometidos.

Quais cuidados se deve tomar para evitar uma possível contaminação / propagação do vírus?

Como o país está em um momento novo, deve-se manter as medidas de prevenção voltadas para as doenças de transmissão respiratória que já vivenciamos em momentos recentes, como o H1N1. Além de outras que seguirão as mudanças que ocorrerem. Portanto, para agora, recomenda-se a higienização adequada das mãos com água e sabonete e evitar levá-las ao rosto, principalmente a boca; usar álcool em gel; não compartilhar utensílios pessoais, como toalhas, copos, talheres e travesseiros; manter hábitos saudáveis, como boa alimentação e ingestão de água; e uso de máscaras em casos suspeitos (há definição) e seus conviventes, com as respectivas orientações de “quarentena” só recomendada pelas autoridades de saúde locais. 

Também é importante estar ciente da sobrevivência do vírus em objetos e superfícies por até nove dias. Mas, não resiste aos produtos de limpeza adequadamente empregados como o hipoclorito de sódio e o álcool a 70 graus. Como não há nada específico disponível para este vírus, a contenção precoce e a prevenção de propagação adicional serão cruciais para interromper a epidemia em andamento e controlar esse novo agente infeccioso. 

Cautela e paciência

image Bolsa de Valores de São Paulo (Rodrigo Vieira)

Na tarde da última quarta-feira, 26, a Mais Liberal esteve na Bolsa de Valores de São Paulo e acompanhou a forte queda por conta da confirmação do primeiro caso de coronavírus no país. O Ibovespa seguiu os índices internacionais e fechou o primeiro dia de operação pós-Carnaval em baixa. Os investidores temem os impactos do avanço da epidemia no crescimento da economia global e diversas empresas alertaram que o surto afetará suas finanças. É o caso de United Airlines, Mastercard, Danone e Diageo. 

Para o assessor de investimentos Marcio Baena Braga, sócio-diretor da AçãoBrasil, mesa de operações que representa a XP Investimentos no Pará, a melhor defesa para o patrimônio é a diversificação. O especialista recomenda aplicações em dólar e euro, em uma boa carteira de Fundos ou empresas, e de 1 a 2% do patrimônio em ouro, commoditie que pode ser comprado diretamente na Bolsa ou via Fundos a partir de R$ 500,00. 

Ele alerta que é nas crises que se consegue comprar com os melhores preços e ver resultados melhores em médio e longo prazos. Também reforça que, segundo a área de análise da XP Investimentos, a expectativa de alta na Bolsa para 2020 ainda é de 140 mil pontos para o Ibovespa, que hoje está em 107 mil pontos.

Segundo o profissional, há dois anos apenas cinco mil pessoas investiam em ações no Pará (quatro mil homens e mil mulheres) e hoje mais de 18 mil pessoas possuem investimentos.

Turismo em xeque

Na Itália, um dos países atualmente mais afetados pelo Covid-19, foram confirmadas 12 mortes e mais de 320 pessoas estão infectadas. As principais regiões atingidas são o Norte e o Nordeste do país, que formam um importante polo industrial da Europa e já sofrem fortes impactos no turismo. As ruas de Milão estão vazias. O Salão do Móvel, maior feira de design do mundo e que é realizada por lá, foi adiada para a segunda quinzena de junho. No Vaticano, eventos foram cancelados e o tradicional Carnaval de Veneza foi suspenso. Especialistas afirmam que os impactos negativos no setor de turismo serão piores do que os causados pela SARS, em 2003.

Fortes turbulências

Na aviação, a situação é ainda mais dramática. O impacto do coronavírus em escala mundial pode chegar a US$ 29 bilhões. Somente na região da Ásia-Pacífico, que concentra a maioria dos casos da doença, a expectativa é de que a demanda  de passageiros por voos em 2020 caia 13%. As projeções são da Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata), entidade que reúne as 290 maiores empresas aéreas do mundo.

Também em alerta

Diante da explosão na demanda por máscaras de proteção para doenças respiratórias, sobretudo em países asiáticos, as quatro maiores fabricantes do item estão quase sem quantidade  para exportar. As companhias aéreas que atendem rotas do Brasil para a Ásia já estão com estoque bastante limitado. As empresas farmacêuticas também estão preocupadas com a provável falta de insumos, uma vez que 95% das matérias-primas utilizadas na fabricação de remédios e de produtos farmacêuticos são importadas. Em muitos casos, da própria China.

Disque Denúncia

A Marinha do Brasil, por meio da Capitania dos Portos, soltou um comunicado sobre o falecimento, por problemas respiratórios, de um tripulante de um navio de bandeira tailandesa, fundeado em Mosqueiro. Na nota, esclarece que “já comunicou o fato à Anvisa e à Polícia Federal para as devidas providências” e destaca o número do Disque Denúncia para informar qualquer situação que “possa afetar a segurança da navegação, a salvaguarda da vida humana no mar e vias navegáveis ou que represente risco de poluição ao meio hídrico”: (91) 3218-3950 ou (91) 99114-9187 (WhatsApp).

Força-tarefa

O Governo de São Paulo criou um comitê de contingenciamento para enfrentar a chegada do coronavírus. É coordenado pelo infectologista David Uip e reúne os maiores especialistas em doenças contagiosas do estado. Entre eles, Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, e Luiz Carlos Pereira Júnior, diretor do hospital Emílio Ribas.

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