Saltos e sobressaltos Linomar Bahia 22.06.25 7h00 O brasileiro está se habituando aos nossos saltos e sobressaltos de cada dia, diante da falta de alternativas menos ácidas, levando muitos até a falta de vontade para acordar e enfrentar a dura realidade que os espera lá fora. Há inclusive um cardápio diário de sufocos, variando entre tiroteios, roubalheiras oficiais e oficializadas, golpes cibernéticos, fraudes para todos os gostos e versões modernas dos “descuidistas” batedores de carteiras, hoje caçadores de anéis, cordões e celulares. Desmentem as estatísticas oficiais sobre reduções das violências, enquanto morros e cidades dormem e acordam ao som e tiros das disputas de domínios de territórios e promovem acertos de contas em vias públicas à luz do dia. Confirmam críticas do presidente Itamar Franco, entre os anos de 1992 e 1995, para quem “as estatísticas, como o biquini, mostram apenas o supérfluo e escondem o essencial, porque embora os números não mintam, mentirosos produzem números mentirosos”. Tantos sobressaltos são responsáveis pelas contradições de manifestações responsáveis pela crise de confiança que assola o país. Enquanto a loquacidade oficial discursa denunciando genocídio nas guerras orientais, nas ruas do Brasil se matam mais do que em todas as guerras somadas, remetendo à previsão do presidente militar João Figueiredo, entre os anos 1979 e 1985, sobre quando o morro descesse para a cidade. Segundo a ONU, o Brasil lidera o ranking de homicídios pelo mundo. Podem ser inseridas nesse diversificado contexto que faz do Brasil um país de presente duvidoso e futuro incerto, acontecimentos que influenciam em sobressaltos nossos de cada momento em que se desconhece o momento próximo. Quando a Justiça Eleitoral anuncia o cancelamento de mais de 160 mil títulos eleitorais, superior a muitos colégios eleitorais, fica a dúvida quantos podem ter sido eleitos nas últimas, pelo uso desses títulos capazes, pela quantidade, de propiciarem mandatos irregulares? Também veio a público a decadência do número de católicos no país, reduzidos de 67% para 57%, em contraposição ao crescimento dos evangélicos de 21% para mais de 25%, fuga de fiéis pelo desvirtuamento das funções sacerdotais. Alguma explicação para isso talvez possa ser encontrada no livro “Sobre o céu e a terra” de 1954, reproduzindo diálogos abertos entre o então arcebispo de Buenos Aires Jorge Mário Bergloglio, depois Papa Francisco, travados com o então rabino argentino Abraham Skorka. Tantos saltos e sobressaltos convidam a refletir sobre a frase que William Shakespeare fez ecoar há mais de 500 anos pela fala de Hamlet de que “há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia”. Seria a constatação de que “a compreensão humana, mesmo através da filosofia e da razão, é limitada diante dos mistérios e fenômenos no mundo que não se consegue explicar nem prever, ante a vastidão do desconhecido e a limitação de nossa capacidade de entender o que existe”. Linomar Bahia é jornalista e escritor, membro da Academia Paraense de Letras e Academia Paraense de Jornalismo. Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞 Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave colunas Linomar Bahia COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Linomar Bahia . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado! ÚLTIMAS EM LINOMAR BAHIA Linomar Bahia A vida como ela é 07.09.25 8h00 Linomar Bahia Nova ordem 30.08.25 8h00 Linomar Bahia Que histórias serão contadas? 24.08.25 8h00 Linomar Bahia Entre dúvidas e incertezas 27.03.25 17h48