LINOMAR BAHIA

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Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Orelhas em pé

Linomar Bahia

Steve Jobs, o mago da tecnologia da informática, precocemente falecido, dizia que os observadores e analistas se equivocam ao concentrar o foco no centro das questões, quando o principal está “nas bordas". Essa maneira de “ver” ou “sentir” situações do dia-a-dia pode explicar a diferença entre vencedores e perdedores, principalmente no que influi na vida das pessoas e das comunidades, inclusive na previsão dos desdobramentos que sinalizam. São os fundamentos que requerem a perspicácia de perceber o que a eloquência das palavras e o caráter dos atos geralmente escondem. 

Observadores da política nacional, em que há nos céus mais do que aviões e pássaros, devem estar de orelha em pé sobre as bordas do que está acontecendo no país, a exemplo dos animais quando algum ruído estranho reclama maior atenção. O recente troca-troca de partidos e os ensaios de candidaturas constituem motivos para que se agucem os ouvidos aos sons e sinais emitidos pelos movimentos dos personagens mais relevantes da temporada e as respectivas repercussões num dos mais agitados e polarizados processos eleitorais, prenunciando um emblemático pleito em outubro. 

Estamos vivendo um dos raros momentos em que a classe política provoca e, ao mesmo tempo, é desafiada a exercer a máxima de Steve Jobs, como forma de sobrevivência, em meio aos interesses geralmente conflitantes. Implicam, também, em fino senso de oportunidade, nos ataques, defesas ou à prática da estratégia do avestruz, enfiando a cabeça na areia até a tempestade passar. Como escreveu o filósofo espanhol Ortega y Gasset, em “Meditaciones del Quijote”, inaugurando a sua produção literária em 1914, repetem "Eu sou eu e minha circunstância, e se não salvo a ela, não me salvo a mim". 

Movidos pela natural volubilidade do ser humano e o peculiar instinto de preservação da espécie, agendes políticos e partidários de todos os matizes camaleônicos, utilizaram as chamadas “janelas” em busca da sombra de árvores que lhes parecem darem melhores frutos. Pular de “canoas” furadas, aliás, tem sido uma prática rotineira na vida pública brasileira, onde o rótulo partidário constitui mera referência eleitoral, constatada nos muitos que utilizam a faculdade de mudança de legendas sem prejuízos legais, para formalizarem infidelidade partidária que já se manifestavam na prática. 

Em consequência das peculiaridades que caracterizam o funcionamento da vida política no país, a revoada de mandatários aponta os galhos que se afiguram mais frutíferos, em contraposição aos que sofreram o desfolhamento. Trocando o foco central pela observação das bordas, não será difícil encontrar o que sinalizam as bancadas que cresceram e as desidratadas, algumas dobrando os componentes. Olho vivo para os sons que emitem, mais perceptíveis pelas orelhas em pé aos sinais de quais poderão ser as árvores capazes de produzirem melhores sombras e frutos aos que nelas se abrigam.

 

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