Entre semelhanças e coincidências

Quantos acompanhamos os eventos políticos e institucionais em curso, principalmente a partir do desfecho da última eleição presidencial de 2018, certamente tem percebido o clima de guerra instaurado no país. Tendo como pivô a surpreendente supremacia daquele considerado apenas um "azarão", triunfando sobre candidatos que se imaginavam favoritos no pleito, os combates e seus combatentes somente têm alternados os "fronts", nos quais os antagonistas acionam suas "armas", ora empenhados numa espécie de corpo-a-corpo, ora entrincheirados nas "casamatas" consideradas mais adequadas às estratégias nas buscas pelo objetivo final.

Uma revisita à história das refregas de todas as épocas e motivações, permitirá que se estabeleça semelhanças e coincidências nos propósitos de conquistas de espaços e do poder, substituindo as formas e maneiras de combater de antanho pelas palavras e atos de agora, mas louvadas nas experiências de guerreiros e de guerras passados. São constatações perceptíveis, a partir da mera identificação de qual lado estão os litigantes, podendo ser traçado um paralelo, enfileirando os opostos nas  situações que estamos vivendo e se rememorem como se desenrolaram os grandes combates, desde os reinados e impérios, até os componentes da segunda guerra mundial.

Têm sido marcantes, em contendas físicas, verbais ou outra qualquer natureza, famosos legados de lutas históricas, em disputa de terras e riquezas, desde os primórdios das civilizações, movidas pela inveja e pela cobiça humanas. Uma das consultas preferidas por "gregos" e "troianos" das refregas contemporâneas, é o clássico "A arte da guerra", de autoria atribuída a um tal general chinês Sun Tzu, que teria vivido ainda antes de Cristo, mas que nem teria existido, o que o transformaria em uma lenda, contudo constituindo a obra o que seria uma compilação de estratégias militares têm inspirado executivos, políticos e até treinadores de esportes.

Seus ensinamentos têm estado claramente presentes, por exemplo, na delicada e acrobática arte de viver e sobreviver de políticos, mais famosos pela capacidade de adaptação aos momentos e às circunstâncias, do que por serviços ao país e à sociedade, especialidade resumida por Getúlio Vargas ao dizer que "em política, não há amigos definitivos, nem inimizades irreconciliáveis". Campanhas mercadológicas e lideranças de todos os níveis e objetivos se louvam nos ensinamentos ali contidos, prática a que também recorrem os contendores dos renovados embates pós-eleitorais de agora, contrários e favoráveis ao governo, que a CPI da pandemia simboliza.

Entre os contrários, em seus comportamentos que poderiam ser imaginados como os lendários opositores e defensores de reinados, impérios e outros controversos regimes políticos de gestão pública e privada, permanece uma instituição chamada de "povo", em alguns momentos até se divertindo, mas sofrendo e amargando os desperdícios financeiros e da energia física e institucional, que faltam ao interesse popular. Nada valem eventuais glórias, como as de Alexandre, "O Grande" que, não obstante, teve morte inglória. Como, também, nada terão valido as vitórias do general Pirro, tamanhas e irreparáveis baixas em suas tropas, inspirando as "vitórias de Pirro".