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LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Emergencial, para quem?

Linomar Bahia

Eis o tipo da pergunta que não quer calar, sempre que se trata de algo em que é usado em vão o santo nome do "povo" e quando se vê ser o povo apenas um pretexto. Os tempos passam e a malandragem cresce, reinventada nas denominações e multiplicada nos valores, marcada por episódios recentes, denominados "anões do orçamento", "mensaleiros" e "petroleiros". Aprimoram os métodos e introduzem novos personagens que, ao contrário das legendas e discursos, não titubeiam em mandar às favas os escrúpulos ideológicos e o que um dia foi chamado de "superior interesse público", consagrado na máxima "o povo que se exploda", pelo personagem "Justo Veríssimo", de Chico Anísio.

Guardadas as diferenças verbais e as práticas, estamos sempre diante dos insólitos alinhados por Tim Maia, ao vaticinar que "O Brasil não pode dar certo". Também ganham atualidade outras velhas frases sobre a descrença nacional no "país do futuro", consignado pela utopia de Stefan Zweig, no livro publicado em 1941, extasiado com o potencial pátrio, quando em fuga da segunda guerra mundial. Agora, foi denunciado um tal "orçamento paralelo", já cognominado de "tratoraço", porque seria destinado preferencialmente à compra desses equipamentos, manobra tão suprapartidária que beneficiou até senador da oposição, denunciante contumaz de supostos malfeitos de adversários.

Todos os escândalos administrativos e financeiros, que se renovam a cada época, causam a impressão de que as divergências públicas entre os integrantes do arco íris ideológico, são restritas apenas aos interesses e circunstâncias. Jamais, entretanto, são impeditivas de que todas as correntes políticas e partidárias possam convergir para as mesmas fontes fartas e disponíveis dos cofres públicos. Aproveitam as oportunidades naturais, como atualmente nesta pandemia do coronavirus, para o desvio dos bilhões federais, que deveriam socorrer e evitar a morte de milhares de pacientes, ora em processo de investigação e denúncia de autoridades. Ou, estão sempre dedicados ao exercício da criatividade sem limites.

No livro "Reflexões de uma pandemia", publicado no início da pandemia, reproduzi o alerta popular de que "onde há dinheiro, há ladrão por perto", prenúncio que se manifestaria profético, ao se descobrirem e serem presos e denunciados responsáveis por respiradores imprestáveis, equipamentos hospitalares comprados de vendedores de vinhos, recipientes inadequados para acondicionamento de alcool gel, bem como nos hospitais de campanha que não saíram do papel, enquanto outros se beneficiavam indevidamente, usurpando os recursos destinados a conter o desemprego, complementados pelos auxílios para proporcionar condições mínimas de sobrevivência para os trabalhadores na informalidade. 

Na mesma época, o artigo "Coronajato, a próxima atração", aqui publicado em 03.05.2020, já  prenunciava a série de inquéritos, processos e prisões que passaram a acontecer e continuam na expectativa de novos episódios policiais e judiciais. Agora, a ação, em nome do atendimento aos pobres e aos deserdados pelo covide, tem o nome de "auxílio emergencial". No continuado uso do "povo", como o pretexto preferencial, governadores e prefeitos passaram a reproduzir, nos respectivos estados e municípios, o benefício instituído pelo governo federal. Mas, pelos antecedentes e, como quando a esmola é grande, o santo desconfia, já se perguntam "emergencial, prá quem?", o que somente o futuro e a polícia responderão.

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