Ao vivo e a cores Linomar Bahia 07.02.21 7h00 Os brasileiros voltaram a assistir, em transmissões ao vivo e a cores, mais alguns capítulos do triste espetáculo da vida pública nacional. Personagens de sempre, interpretando os próprios papéis ou encarnando seus ancestrais e patrocinadores, encenaram a persistente realidade brasileira, com o epílogo apresentando o ponto final na “lava-jato”. Ficaram para trás os avanços, que pareciam apontarem para novos tempos de moralidade e bons costumes, animados com as revelações e prisões iniciadas com os processos do “mensalão” e multiplicados nos bilhões do “petróleo”. Mas, pelo novamente acontecido, na última semana, só pareciam. Há muito a que refletir sobre as origens, os acontecimentos e o destino a que o país parece condenado. Quantos viram cenas lacrimosas na mudança de presidência da Câmara dos Deputados, devem ter se perguntado quais, afinal, seriam as verdadeiras razões e autenticidade das lágrimas. Assim como já houve procurador geral da República, apelidado de “engavetador geral”, por tanto engavetar ações contrárias aos interesses que poderiam se condenados, a frustração das pretensões re-eleitorais e, na fragorosa derrota do candidato que apoiava, revelaram ter o país se livrado de alguém cognominado como o “engavetador parlamentar”. Vem à lembrança o quanto as letras do Hino Nacional, escritas por Joaquim Osório Duque Estrada nos anos 1800, viriam a deixar de ser a bela obra poética, para se transformar numa triste previsão de um país fadado a estar “deitado eternamente em berço esplêndido”, permanecendo esse “gigante adormecido”. Já houve quem, em vez disso, o Brasil é um grande molusco, que se move lentamente, exibindo a transparência das entranhas recheadas de coisas abomináveis. A professora baiana Tania Maria Lopes Torres, mestrada em Estudos Latino-americanos pela Universidade do Texas em Austin, publicou trabalho que disseca essa configuração. Segundo ela, o hino descreve o Brasil em um estado de letargia e sonolência, um gigante adormecido que, quando desperta, se move-se com lentidão. O adjetivo “impávido”, “por força de seu prefixo negativo, soa mais como um reforço da própria inabilidade do tal gigante”. Destaca a análise, também, que os mecanismos ideológicos, refletidos nos hinos cívicos do Brasil poderiam estar sendo utilizados com a finalidade precípua de induzir o cidadão brasileiro à passividade política, assim reforçando os mitos de autoctonia, nacionalismo e igualdade” e promovendo a reprodução de uma elite social e manutenção do “status quo”. Nada mais parecido com o que pode ser interpretado como ilação do poema que costumamos cantar e ouvir, com justo amor cívico, mas, tanto quanto os autores do hino e quem os institucionalizou, nos anos 1890 e 1922, longe de se imaginar que suas estrofes poderiam esconder os lamentáveis fatos que estariam contidos em suas letras. Poetas e trovadores exprimem a beleza de suas criações, com as mais lindas palavras que possam, emprestando a elas as conotações e sentidos que traduzam estados de espírito e paixões enrustidas. Quaisquer semelhanças sempre serão meras coincidências com fatos e atos de qualquer natureza, como no caso. Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave colunas colunas linomar bahia COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Linomar Bahia . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado! ÚLTIMAS EM LINOMAR BAHIA Linomar Bahia Falem mal... 10.04.23 10h33 Linomar Bahia Milhões ao mar 27.03.23 13h38 Linomar Bahia Pêlo em ovo 23.03.23 15h31 Linomar Bahia “É proibido proibir" 15.03.23 16h12