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LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

A revolução que falta

Linomar Bahia

Frase de personagem da novela "Novo mundo", desdenhava do Brasil então colônia portuguesa, ao considerar, entre outras arrogâncias e deboches, que os brasileiros eram um povo ignorante e sujo. Parece que, ao longo desses quinhentos e poucos anos, as sucessivas governadorias, algumas ditaduras e variadas dominações político-partidárias, os brasileiros têm caprichado em fazer jus a epíteto tão desabonador, Tem prolongado a triste herança da burguesia portuguesa de então, que explorou e exportou para a coroa as riquezas minerais da "terra descoberta", preferencialmente ouro e diamantes, e vegetais, encabeçadas pelo pau-brasil.

No caminho de volta, a Coroa Portuguesa deportava o que havia de pior nas terras de além-mar, a escória da sociedade e dos costumes lusitanos, malfeitores que os amigos do Rei pretendiam ver dizimados pelo apetite dos índios ou vitimados pelas epidemias de malária que dominavam este lado do Atlântico. Nascia, então, o núcleo habitacional brasileiro, o que havia de pior em matéria de civilidade e caráter, proporcionando as condições propícias a que viéssemos a ser o povo mal educado que passamos a ser, subjugados pelos regimes escravagistas que abominavam a escola, e anti-higiênicos, responsáveis pelas sujeiras e mazelas sanitárias de sempre.

Especialistas em ciências humanas e sociais, provavelmente encontram em episódios marcantes e suas influências na vida nacional, delineadores da história do nosso descobrimento e da colonização que os ventos e mares nos impuseram. Neles estão as razões que nos fazem um país e uma sociedade inteiramente diferentes, social e culturalmente, daqueles vizinhos, colonizados e desenvolvidos pelos povos de língua espanhola. Influiram decisivamente na qualidade e no potencial humanos, também diferenciado por ser o único do hemisfério sul a falar português, língua também desfigurada nos diferentes sotaques de cada região geográfica.

Com a proclamação, há quase 131 anos, no que foi considerado o grande "golpe de Estado" político-militar, a instauração da república presidencialista teria sido a forma de se libertar do regime monárquico parlamentarista, comandado pelo Império, e a consequente destituição e deportação do imperador D. Pedro II. Antecedentes da independência e os efeitos projetados nesses anos, ressaltam os movimentos envolvidos e os reflexos na vida nacional. Envolve, por exemplo, a atuação militar no levante liderado pelo marechal Deodoro da Fonseca, o primeiro presidente de um governo provisório, que se prolongaria por dois anos, até 1891.

Nos bastidores, o marechal era visto com o mais monarquista dos republicanos, descrente na competência dos brasileiros a conduzirem o país. Em cartas ao sobrinho Clodoaldo, confessou a simpatia pela monarquia ao dizer que a “República no Brasil é coisa impossível. Por que será uma verdadeira desgraça. Pois o único sustentáculo do Brasil é a monarquia. Se estamos mal com ela, pior sem ela”. E revelaria a desconfiança do que viria nos tempos seguintes, quando já fazia ressalvas ao funcionamento da democracia, escrevendo que considerava “Impossível governar com este Congresso (da época). É mister que ele desapareça para a felicidade do Brasil.” 

Seria uma premonição de um país perdido em si mesmo, à espera de "saltos carpados" quantos necessários, na educação e na formação profissional, para superar as heranças malditas da colonização e se criem as condições necessárias a que o Brasil deixe de ser o "país do futuro", sempre distante, e salte do berço esplêndido em que os versos oficiais o dizem deitado eternamente. Num país que contabiliza revoluções e ditaduras e se falam tanto em democracia, a educação é a revolução que falta, para termos, finalmente, governantes que merecemos, a exemplo da virada sul-coreana dos últimos para os primeiros lugares, em todos os índices humanos.

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