JULIANA DINIZ

julianacdcampos@gmail.com

Análises e opinião sobre política, filosofia e atualidades pelo olhar da doutora em Direito e professora da Universidade Federal do Ceará, Juliana Diniz.

Um viva emocionado à imprensa livre

Juliana Diniz

É importante que, de tempos em tempos, sejamos capazes de parar e atentar para o valor da nossa atividade e das instituições que nos permitem desempenhá-las, como forma de manter sua chama viva na consciência e alma. Afinal de contas, reconhecer o valor do que nos parece importante é um caminho seguro para que permaneçamos firmes em nossos propósitos e em nossas lutas. Farei isso hoje para celebrar o direito à expressão da opinião, do que refletimos e desejamos, e também dos espaços que amplificam a nossa voz. Compartilho com o leitor um elogio ao jornalismo e a quem nos permite desfrutá-lo.

A chance de expressar algo a alguém e com esse alguém compartilhar um diálogo é talvez a principal virtude de uma democracia, nossa habilidade de construir consensos pela palavra e decidir juntos sobre nossa vida comum. Por essa razão, não se concebe democracia sem imprensa livre e sem a garantia constitucional da liberdade de opinião e manifestação. São elas que nos permitem divergir, pleitear, denunciar, declarar, convidar, em suma, existir na vida pública, sem medos ou constrangimentos. É a liberdade de manifestação que nos fortalece para desnudar o rei ou exigir responsabilidades.

Embora costumemos pensar em togas e tribunas quando imaginamos as bases de um estado democrático, é indiscutível que o núcleo mais essencial de uma democracia é, e sempre foi, a redação de um jornal. O jornalismo, como atividade, como serviço, é o que nos permite ler a realidade, compreender os fatos, consolidar o juízo que formaremos para deliberar. São essas folhas preciosas que você recebe a cada novo dia que te preparam para levantar os olhos para o mundo e entender o ponto em que você, sua família e sua sociedade estão. 

Todo governo autoritário é, por definição, um governo hostil a jornalistas incômodos, a vozes de denúncia, à repercussão da crítica contundente. A censura é a expressão mais visível do desejo de calar como instrumento para neutralizar a liberdade de decidir e de alternar os representantes da autoridade. Por ajudar na resistência a essa destruição, cada publicação independente e cada veículo que permanece insistindo na atividade jornalística são sagrados: agradeço por cada novo dia em que o jornal pode ser editado, impresso, veiculado. Essa a razão de nosso dever cívico de proteger os veículos de imprensa e seus trabalhadores.

Por tudo isso, posso confessar ao leitor que sinto não só prazer e respeito, mas também uma inofensiva vaidade por ter podido ocupar este espaço de fala para compartilhar inquietações, reflexões e críticas sobre a política e o poder. Estar aqui periodicamente foi uma forma de construir vínculos, de entender que toda palavra lançada ao debate frutifica no encontro com seu interlocutor, que, por sua vez, a ressignifica e a transforma em força viva.

Por meio deste elogio à liberdade de opinião, à imprensa e ao exercício do debate público, venho me despedir dos leitores d’O Liberal, manifestando minha gratidão a este espaço que trouxe para novas paragens esta voz cearense que vos escreve. Que novos olhares possam ocupar esta janela e prosseguir no exercício da atividade difícil, mas essencial, que nos mantém livres: a expressão da crítica. Um abraço fraterno a cada leitor e leitora e um até logo!

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Juliana Diniz
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