O Doria vai vacinar você também Juliana Diniz 05.04.21 17h00 Não se pode dizer que João Doria é inocente em matéria de marketing. Poucos atores políticos são tão dedicados a fazer da comunicação um caminho de promoção pessoal como o Governador de São Paulo. Seus anúncios, indignações e discursos de esperança sempre parecem muito estudados: não precisa se preocupar, se o Doria ou a máquina por ele gerida se manifestam, a imagem será boa, as fotos renderão bons registros, o vídeo poderá ser retransmitido ao vivo pelas emissoras com iluminação impecável. Um cuidado com a autopromoção que tem muito a ver com 2022. A evidência inequívoca de que Dória embarcaria no seu projeto de tornar-se presidenciável se deu tão logo o governador rompeu com Jair Bolsonaro. Não dá para esquecer que, num passado recente, o político paulista soube aproveitar bem o capital eleitoral do então candidato à presidência em 2018: as fotos do Bolsodoria estão aí para nos lembrar. O rompimento foi tão midiático e performático quanto a aproximação. Desde então, a troca de acusações entre os dois tornou-se frequente, sempre à vista das câmeras. Foi nessa toada que Doria passou a capitalizar em cima da omissão de Bolsonaro em garantir a vacinação em massa. O governador tinha a arma perfeita: um instituto científico que pôde produzir no Brasil as sonhadas vacinas contra o coronavírus. Aproveitou bem. Alocou recursos para a produção em massa do imunizante, mostrou-se uma liderança pronta a acolher os desesperados governadores deixados ao deus dará pelo Ministério da Saúde. Fez o inimaginável: minutos após a aprovação para uso emergencial pela ANVISA, vacinou a primeira brasileira numa cerimônia tão organizada que parecia planejada desde que o Butantã vislumbrou a possibilidade de envasar o primeiro frasco de coronavac. É de Doria a primeira foto e que atire a primeira pedra quem não sentiu a esperança aquecer o peito com as imagens de Mônica Calazans vacinada. Logo o país passou a exigir a sua dose. Bolsonaro e seus apoiadores perceberam que a batalha estava perdida e que seria preciso embarcar no discurso da vacinação. A guerra de narrativas tomou as redes sociais, e políticos bolsonaristas passaram a disputar abertamente os louros da imunização. Foi quando entrou em cena, numa jogada de marketing divertida, o Doria vacinador. No twitter, a equipe de comunicação do governador passou a responder todas as ironias, acusações, pedidos e súplicas com o bordão: “vou te vacinar também!”. Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro foram algumas das vítimas do deboche inteligente. O governador fez a alegria dos anônimos, respondendo a muita gente: a um indelicado “vai dormir, Doria”, respondeu: “dormir só depois de vacinar todos os brasileiros”. Até o Estadão entrou na lista. Brincadeiras à parte, a campanha do Doria vacinador prova que, hoje, o segredo das estratégias eleitorais passa necessariamente pelo uso mais orgânico inteligente das redes. Que o diga Guilherme Boulos, o candidato a prefeito que quase tirou a vitória de Bruno Covas, aliado do governador, na campanha mais surpreendente dos últimos tempos. Em tempos de populismo, não custa tentar, vai que dá certo: me vacina também, Doria? Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞 Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave colunas colunas juliana diniz COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Juliana Diniz . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado! Últimas de Juliana Diniz Juliana Diniz Um viva emocionado à imprensa livre 09.05.25 16h01 Juliana Diniz Marcelo Queiroga, o quase-ministro 09.05.25 16h01 Juliana Diniz Os generais e a desonra 09.05.25 16h01 Juliana Diniz A falácia da autonomia médica irrestrita 09.05.25 16h01