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Por Marco Antônio Moreira

Coluna assinada pelo presidente da Associação dos Críticos de Cinema do Pará (ACCPA), membro-fundador da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE) e membro da Academia Paraense de Ciências (APC). Doutor em Artes pelo PPGARTES/UFPA; Mestre em Artes pela UFPA. Professor de Cinema em várias instituições de ensino, coordenador-geral do Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), crítico de cinema e pesquisador.

Billy Wilder: inteligência e criatividade que conquistaram o público

Marco Antonio Moreira
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Recentemente, tive a oportunidade de rever a comédia Quanto Mais Quente Melhor (1959), de Billy Wilder, no canal Telecine Cult. Lembro que assisti essa comédia pela primeira vez em uma sessão de cineclube e que fiquei em estado de graça a cada cena cômica do filme. Jack Lemmon, Marilyn Monroe e Tony Curtis estão fantásticos na história de amor e trapaça que se passa nos anos da lei seca americana.  Mas um dos destaques do filme, além do elenco e do roteiro, é, sem dúvida, Billy Wilder (1906-2002). Este diretor, roteirista e produtor realizou mais de 60 filmes e deixou um legado extraordinário para o cinema que merece ser reconhecido.

Fotos - Cine News

Ele nasceu em Sucha Beskidzka, atual território polonês, e inicialmente se interessou pela profissão de advogado, mas tornou-se jornalista e roteirista. Com a ascensão do Nazismo, em 1933, emigrou para a França e depois para os EUA. No final dos anos 1930, começou a trabalhar em Hollywood com Charles Brackett e escreveu roteiros de clássicos do cinema como Ninotchka (1939) de Ernst Lubitsch (cineasta que influenciou sua carreira no cinema) com Greta Garbo. Pacto de Sangue (1944) foi seu primeiro sucesso como diretor. Este filme noir é considerado um dos melhores deste estilo cinematográfico que foi influenciado por histórias policiais e cinema expressionista alemão. O filme mostra uma história de amor e traição que influenciou diversos cineastas - como Lawrence Kasdan, em Corpos Ardentes (1982).

A partir de Pacto de Sangue, Wilder teve uma sequência de filmes importantes na carreira que foram muito elogiados pela crítica especializada. Entre várias produções relevantes, destaco Farrapo Humano (1945), Crepúsculo dos Deuses (1950), A Montanha dos Sete Abutres (1951), Inferno Nº 17 (1953), O Pecado mora ao Lado (1954), Testemunha de Acusação (1957), Quanto Mais Quente Melhor (1959) e Se Meu Apartamento Falasse (1960), entre outras produções. Para conhecer a obra deste diretor, indico os filmes Crepúsculo dos Deuses, A Montanha dos Sete Abutres, Testemunha de Acusação e Quanto mais Quente Melhor. 

Crepúsculos dos Deuses é considerado um dos maiores filmes da história do cinema. A excelente atriz Gloria Swanson interpreta Norma Desmond, decadente atriz da era do cinema mudo que tenta retornar ao cinema. Ela conhece Joe Gillis (William Holden), um jovem roteirista fracassado, e vê nele a possibilidade de realizar seu sonho de voltar a ser uma atriz reconhecida. Mas Desmond vive em um mundo de fantasia que se chocará com a praticidade e esperteza de Gills. Filme extraordinário com múltiplos temas na sua história, incluindo o próprio cinema. Crepúsculo dos Deuses traz uma atuação marcante do ator e cineasta Erich Von Stroheim no papel de mordomo de Desmond. O diretor Cecil B. DeMille (de Os 10 Mandamentos) e o ator Buster Keaton (genial diretor e ator de A General) fazem participações especiais no filme.

A Montanha dos Sete Abutres mostra a história de um jornalista oportunista e sem escrúpulos que está desempregado, ávido por uma oportunidade de sucesso. Ele começa a trabalhar em um jornal de uma cidade pequena no Novo México e tenta se aproveitar profissionalmente de um acidente em uma mina. Ele transforma o fato trágico em um meio de se projetar nacionalmente de qualquer maneira. Kirk Douglas está perfeito no papel principal em uma das melhores atuações de sua carreira.

Testemunha de Acusação tem o ator Tyrone Power em grande atuação. O filme é baseado na obra de Agatha Christie e mostra a história de um homem pacato que é acusado de assassinato. Sua mulher é intimada para depor, mas ela complica sua situação e um velho advogado é contratado para defender seu marido. Marlene Dietrich e Charles Laughton completam o trio de protagonistas.

Estes filmes mostram o talento de Billy Wilder como roteirista e diretor. Sua capacidade de criar personagens e histórias marcantes em diversos gêneros é surpreendente. Da comédia ao drama de guerra (como Inferno Nº 17), do policial às comédias românticas (como Sabrina e Irma La Douce), do filme noir (Pacto de Sangue) às comédias de costume irônicas (como Se Meu Apartamento Falasse), Wilder sempre mostrou inteligência e criatividade para conquistar o público.

Nos últimos anos de sua carreira, ele realizou duas comédias agradabilíssimas que evidenciaram seu talento para as novas gerações de cinemaníacos daquele período: A Primeira Página (1974) e Amigos. Amigos, Negócios à parte (1981). Ambos foram protagonizados por Jack Lemmon e Walter Mathau.  Billy Wilder faleceu em 2002, aos 95 anos de idade, mas certamente sua obra continua merecendo reconhecimento. Pra finalizar, indico ao leitor o livro "Billy Wilder e o resto é loucura", que tem depoimentos do diretor sobre sua vida pessoal e profissional. Agradeço ao amigo Gilberto Chaves por evidenciar a importância de Billy Wilder na sua cinefilia.

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