CARLOS FERREIRA

Jornalista, radialista e sociólogo. Começou a carreira em Castanhal (PA), em 1981, e fluiu para Belém no rádio, impresso e televisão, sempre na área esportiva. É autor do livro "Pisando na Bola", obra de irreverências casuais do jornalismo. Ganhador do prêmio Bola de Ouro (2004) pelo destaque no jornalismo esportivo brasileiro. | ferreiraliberal@yahoo.com.br

Um grito de alerta, enquanto é tempo

Carlos Ferreira

Como fica o futebol, na sua elevada intensidade, diante das previsões de calor crescente para o verão amazônico que está chegando? A questão faz muito mais sentido depois da morte do jovem Afonso Rossa, gaúcho, atleta sub-20 do Águia, de infarto, há uma semana. 

As competições regionais têm jogos de categorias de base e femininos às 10 e 15 horas, horários de temperatura mais crítica, geralmente sem estrutura de socorro médico. O caos engatilhado! O calorzão agrava o perigo também no futebol profissional, cada dia mais acelerado e mais desgastante. 

Esta coluna se antecipa aos fatos e, enquanto é tempo, lança seu grito de alerta. Afinal, não há sinal de qualquer preocupação com os ricos iminentes do calorzão que vem por aí. 

Futebol sem bolha

Não dá para dissociar o futebol da ciência, da tecnologia, das leis, da saúde, da cidadania... Muito menos das questões climáticas que estão apavorando o mundo, menos ainda aqui na Amazônia, às vésperas da COP 30, evento da ONU programado para novembro de 2025 em Belém. 

O que mais importa agora é a percepção de que o futebol não está isolado numa bolha, não pode ignorar a realidade em que está inserido. O calorzão está vindo com riscos que podem ser minimizados com providências pontuais. Ação ou omissão, agora, pode separar responsáveis de irresponsáveis mais tarde. 

BAIXINHAS

* Falar em calorzão nos clubes é despertar para a elevação das vendas de cerveja e água mineral, a preços abusivos. A FPF não dá o menor sinal de incômodo, nem de compromisso (medidas práticas) com a pauta ambiental. 

* Esforço físico extra em temperatura elevada, numa região quente e úmida, implica em suor excessivo, maior perda de energia e sobrecarga para o sistema cardíaco. Essas ligações são óbvias demais para serem ignoradas ou tratadas com descaso. 

* A maioria dos clubes não pode bancar os custos de uma bateria apropriada de exames cardiológicos para seus atletas. Dá para imaginar os jeitinhos? Isso tudo é muito sério e vai se agravar com a elevação de temperatura do verão inclemente que já vai começar. 

* Belém já está recebendo eventos preliminares da COP 30. Falta um ano e meio para o evento principal, mas clubes e federações da Amazônia seguem surdos, mudos, inertes, como se o futebol funcionasse numa bolha. Zero de contribuição! 

* Essa inércia denuncia cegueira. O mundo está se voltando para Belém. Remo e Paysandu são dois grandes protagonistas da Amazônia. Poderiam, ou melhor, deveriam estar acesos, juntos, com ações relevantes, preparando seu painel para se mostrarem às lideranças mundiais, especialmente a investidores, como gigantes engajados. 

* Que importância tem a saúde dos atletas? O que é o bolso do torcedor? O que é o aquecimento global? Que importância tem a Conferência Mundial do Clima em Belém? Ou será que só têm atenção para as tantas e dispendiosas contratações e dispensas? 

* Deve ser mesmo alarmismo nosso. Pensando bem, essas questões ambientais e esses riscos à saúde são distantes. Mais de um palmo além do nariz. Não cabem na bolha.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Carlos Ferreira
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM CARLOS FERREIRA