CARLOS FERREIRA

Jornalista, radialista e sociólogo. Começou a carreira em Castanhal (PA), em 1981, e fluiu para Belém no rádio, impresso e televisão, sempre na área esportiva. É autor do livro "Pisando na Bola", obra de irreverências casuais do jornalismo. Ganhador do prêmio Bola de Ouro (2004) pelo destaque no jornalismo esportivo brasileiro. | ferreiraliberal@yahoo.com.br

Números escandalosos gritam em vão

Carlos Ferreira

Remo, 41 jogadores e 13 profissionais para a comissão técnica contratados para esta temporada. Desses 54, 10 já foram embora. No Paysandu, 33 jogadores e outros 9 profissionais para a comissão técnica. Desses 42, 10 já deixaram o clube. 

Dados de contratações de Leão e Papão são computados por este colunista desde 2006. Nessas duas décadas os dois clubes contrataram 1.175 jogadores (Paysandu 600, Remo 575). Para as comissões técnicas cada clube contratou cerca de 200 profissionais das diversas funções nas duas décadas. Gastança desenfreada, vista e tratada como normal, apesar dos números escandalosos que gritam em vão. Afinal, agora não só refletem um comportamento histórico dos nossos principais clubes, como também se encaixam na nova dinâmica do mercado.

Legião estrangeira 

São mais de 200 atletas estrangeiros nas Séries A e B. É crescente também a quantidade de técnicos vindos do exterior, principalmente de Portugal e da Argentina. A presença de gringos bateu recorde na história do campeonato brasileiro! O futebol está sem fronteiras, dentro do contexto geral de mercado. Globalização! 

A invasão estrangeira nunca foi tão acentuada no futebol do Pará. Em 2023 foram oito gringos em campo no Parazão. Nesta temporada o Remo recebeu oito atletas, um técnico e dois auxiliares. Para o Paysandu chegaram seis e já havia outros dois atletas de outras nacionalidades.

Esse novo momento do mercado do futebol pede reflexões sobre causas, consequências e formas de adaptação. 

BAIXINHAS

  • * O ideal seria que nossos clubes produzissem atletas, os projetassem, tivessem conquistas e os vendessem. Mas qualquer caso desse, agora, é rara excessão. Somente clubes com serviço de excelência na base e amplo intercâmbio está produzindo e projetando atletas na própria vitrine. Clubes nessa linha são raras exceções. 
  • * Com o futebol cada dia mais mercadológico, as categorias de base funcionam como indústria. A busca por talentos é agressiva e minuciosa. Clubes tratam de encaminhar muito cedo as suas revelações para outros clubes de grandes vitrine em sistema de parceria. Essa é a realidade atual. 
  • * O Athletico Paranaense, clube referência na base, acabou de fechar parceria com o Castanhal e instalou um polo no Ninho do Japiim, onde já trabalham dois técnicos do clube rubronegro. Eles não apenas se dedicam à captação como também a moldagem dos garotos ao padrão do Athletico Paranaense.
  • * No Remo, Marcos Braz está agindo para que o clube obtenha na CBF a certidão de formador. A intenção é desenvolver um trabalho voltado para grandes parcerias nos direitos econômicos sobre as revelações azulinas, tal como já fez com o Botafogo no encaminhamento do lateral Kadu. 
  • * É o mesmo trabalho feito no Flamengo, que tem frutos da base espalhados pelo mundo em parcerias e, de vez em quando, entra dinheiro de transações inesperadas. Marcos Braz busca esse caminho para o Leão Azul, que não sairá da política dominante de importações para o time profissional. 
  • * Os debates sobre os movimentos do mercado do futebol brasileiro apontam preocupações com a falta de espaço para as revelações, por conta da invasão estrangeira. Isso é fato, mas também significa o desenvolvimento de talentos brasileiros no exterior. A Seleção Brasileira é um reflexo óbvio dessa realidade.
  • * Mais relevante do que contestar é compreender os movimentos do mercado do futebol na globalização. Isso é irreversível. O melhor a fazer é se adaptar e embarcar na nova era, como Marcos Braz está providenciando no Remo. Quem remar contra essa maré vai ficar para trás e chorar pitangas lá na frente. 
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Carlos Ferreira
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