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Região Norte tem o menor número de escolas com aulas totalmente presenciais atualmente, diz pesquisa

Dados foram levantados pelo Ipec para o Unicef, e revelam ainda que a evasão escolar no país chegou a 11%

Lucas Costa
fonte

Na região Norte, apenas 82% das escolas já voltaram a ter aulas totalmente presenciais, segundo um estudo inédito realizado pelo Ipec para o Unicef. Este é o menor percentual do Brasil comparado às outras regiões do país: 98% no Centro-Oeste, 93% no Sul e Sudeste e 92% no Nordeste. Segundo a pesquisa, o Brasil tem cerca de 2 milhões de crianças e adolescentes fora da escola atualmente, revelando também que mais de 1 em cada 10 meninas e meninos de 11 a 19 anos não estão frequentando a escola no Brasil.

Realizada em agosto deste ano, com participantes de todas as regiões do país, o levantamento mostra que a exclusão escolar afeta principalmente os mais vulneráveis. No total, 11% dos entrevistados não estão frequentando a escola, sendo que, na classe AB, o percentual é de 4% e, na classe DE, chega a 17% - ou seja, quatro vezes maior.

Os dados do estudo foram apresentados em uma coletiva de imprensa na tarde de quinta-feira, 15, em São Paulo, junto a campanha #VotePelaEducação, do Unicef em parceria com a Agência Artplan. O objetivo é chamar a atenção da sociedade para candidaturas que priorizam a educação nas eleições deste ano, considerando que os dados mostram um cenário de crise no setor.

Conectividade é questão desafiadora no Norte

Além de registrar o dado mais baixo sobre aulas totalmente presenciais, o Norte tem também o maior número de escolas com aulas ainda totalmente remotas, somando 11%. As instituições com aulas em sistema híbrido, com aulas presenciais e remotas, chegam a 18%.

Os dados são preocupantes porque questões ligadas à pandemia estão entre os principais motivos que levaram crianças e adolescentes a largar os estudos: a pesquisa mostra que 29% o fizeram porque “a escola ainda não tinha retomado atividades presenciais”. O número só fica atrás dos que “precisaram trabalhar fora” (48%), e os que “não conseguiram acompanhar as explicações ou atividades passadas pelos professores” (30%).

Mônica Dias Pinto, chefe de Educação do Unicef no Brasil, destacou durante a coletiva de imprensa outra questão que pode ter afetado os números na região: os desafios ligados à conectividade.

“A gente sabe que a conectividade é uma questão desafiadora na região Norte, porque tem muitos municípios sem sinal de internet, ou quando tem não é de qualidade. Então é essencial que na região Norte a gente tenha as escolas abertas e funcionando, e a gente sabe que isso ainda não está acontecendo. Tem ainda as comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas, onde as crianças não estão frequentando as escolas e também não têm acesso a atividades remotas, e isso nos preocupa”, avalia Mônica.

Sobre a evasão escolar, 15% destas crianças e adolescentes estão na região Norte e Centro-Oeste, analisadas em conjunto pelo IPEC. A reportagem de O Liberal entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Semec) e a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), pedindo um posicionamento sobre os dados apresentados pela pesquisa, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

image Monumento instalado em Belém pela Unicef (Felipe Bispo / O Liberal)

Evasão ainda é uma ameaça

Entre os estudantes que estão na escola, a evasão é um risco real. Segundo a pesquisa, nos últimos três meses, 21% dos que estão na escola pensaram em desistir dela. Entre os principais motivos está o fato de não conseguir acompanhar as explicações ou atividades passadas pelos professores – item citado por 50% dos que pensaram em desistir.

“O País está diante de uma crise urgente na educação. Há, pelo menos, 2 milhões de meninas e meninos fora da escola, somente na faixa etária de 11 e 19 anos. Se incluirmos as crianças de 4 a 10 anos, o número certamente é ainda maior. E a eles se somam outros milhões que estão na escola, sem aprender, em risco de evadir. É urgente investir na inclusão escolar e na recuperação da aprendizagem. Por isso, Unicef vem a público fazer esse alerta e conclamar eleitoras e eleitores a votar pela educação”, afirma Mônica Dias.

Entre as questões analisadas na pesquisa está a satisfação dos estudantes que voltaram às aulas. Depois de um longo período de fechamento das escolas, o retorno tem trazido esperança. Segundo a pesquisa, entre quem está frequentando a escola, 84% dizem estar interessados nos estudos, 71% se sentem animados e 70% estão otimistas com o futuro.

Saúde mental também tem sido uma demanda dos estudantes. A grande maioria (80%) diz que é necessário que a escola ofereça atendimento de profissionais para apoio psicológico aos estudantes, e espaços em que eles possam falar sobre os sentimentos (74%). Esses dois itens, no entanto, nos últimos três meses, só foram oferecidos por 39% e 43% das escolas, respectivamente.

Monumento em Belém

Para chamar a atenção de eleitoras e eleitores para a urgência de priorizar a educação na hora do voto, e acompanhar de perto o tema nos próximos quatro anos, o Unicef lançou a campanha #VotePelaEducação.

Na última sexta-feira, 9 de setembro, foram instalados “Monumentos à Educação” em pontos estratégicos de 3 capitais – São Paulo, Belém e Salvador. Organizados em formato de sala de aula, os monumentos traziam uma professora e uma turma de estudantes, aprendendo. No início da semana, no entanto, os “estudantes” sumiram, deixando as salas vazias. E reapareceram em outros pontos próximos, em situação de vulnerabilidade, “contando” porque tinham deixado a escola.

A ação tinha como objetivo representar os 2 milhões de meninas e meninos que estão fora da escola no país, enfatizando as causas da exclusão e chamando a atenção da população para a urgência de votar pela Educação e priorizar a área na agenda pública dos próximos quatro anos. O Unicef não apoia nenhum candidato ou candidata, e nenhum partido político.

Evasão escolar por região:

Sudeste - 10%

Nordeste - 11%

Sul - 8%

Norte e centro oeste - 15%

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