Materiais de automutilação são vendidos por site que se diz ligado à Igreja Católica
O site promove a ideia de "purificação dos pecados por meio do sofrimento"

Uma associação que se diz ligada à Igreja Católica chamada Apostolado Ascetismo Cristão realiza vendas de materiais para automutilação em seu site, promovendo a ideia de “purificação dos pecados por meio do sofrimento”.
Nas redes sociais, o discurso é que a dor torna as pessoas mais dignas do olhar divino, oferecendo instrumentos chamados de cilícios, que custam, em média, R$ 250 cada. Chicotes e cintos também estão disponíveis na plataforma digital.
Ainda é possível obter os materiais por meio de kits feitos especialmente para um determinado objetivo do cristão chamados “kit anti-demônio”. Além do cilício – corrente de metal com garras de “dentes” -, há também roupas, água benta e um PDF com orações e instruções de uso, com alertas como “no início, comece usando por cinco minutos – até porque você não vai conseguir ficar mais tempo que isso” e “Não recomendamos que use durante o sono, pois pode ferir a pele”.
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Apesar de se identificarem como da igreja, o Apostolado Ascetismo Cristão não faz parte de nenhuma arquidiocese do país, mas, segundo eles, há uma equipe religiosamente especializada para elaborar o produto. “Nossos produtos são feitos à mão e em clima de oração por uma pessoa extremamente fiel à Santa Igreja e à Santa Tradição escolhida depois de muita atenção”.
Incentivo à automutilação
O cilício é controverso. Mesmo que seja uma prática comum e antiga dentro da igreja católica, há o incentivo à autoflagelação. Para especialistas, “é um tema delicado porque envolve a liberdade religiosa, faz parte de um ritual religioso”.
Estudiosos afirmam que a automutilação não é crime, mas a prática é. Em casos de uma pessoa que use os instrumentos em outra pessoa e contra a vontade é possível ter algum enquadramento criminal. O uso também em crianças consideradas incapazes também pode ter consequências jurídicas.
Táticas extremistas e posicionamento político
Em posts das redes sociais do apostolado, é possível acompanhar um discurso armamentista, com publicações de padres empunhando armas, além de críticas sobre a vacina da covid-19 e posts de cunho político que apoiam governos que incentivam as práticas citadas acima.
*(Carolina mota, estagiária sob supervisão de Tainá Cavalcante, editora web de OLiberal.com)
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