Magazine Luiza enfrenta ‘risco Americanas’; entenda

Um dos setores que mais sofreram com essa atuação contracionista da política monetária brasileira foi o varejista.

Laiana Damasceno
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Brasil de março de 2021 até agosto de 2022 enfrentou o maior aperto monetário, altas nas taxas de juros, das últimas duas décadas e durante um curto intervalo de tempo. Logo, o país enfrentou um dos seus ciclos mais contracionista de sua economia gerando uma forte disruptiva entre demanda e oferta.

Um dos setores que mais sofreram com essa atuação contracionista da política monetária brasileira foi o varejista, setor intensivo em capital e com forte dependência do credito para sua base de clientes, principalmente as empresas do setor que estão listadas em bolsa por conta da forte exigência dos investidores nas questões de governança coorporativa e com isso maior rigor na clareza nas demonstrações de resultados.

No início de 2023, tornou-se público um dos casos de maior inconsistência contábeis, 45 bilhões de reais em movimentações nas linhas do balanço da empresa em termos de volume financeiro da história do mercado de capitais do país. Caso americanas. Diversas manobras contábeis em seu balanço financeiro fizeram com que a empresa aparentemente tivesse despesas financeiras aceitáveis para o mercado, ocorrendo a manutenção ao seu grau de investimento e atrelando a sua dívida a taxas menores frente aos seus pares no mercado. Essas manobras no balanço da empresa beneficiaria a companhia mesmo dentro de um ciclo de forte alta de juros.

Segundo Marcos André de Lima Franco, sócio e assessor de investimentos da invest Smart XP, o mercado financeiro tem como suas principais premissas, a eficiência com relação a informação e antecipação de eventos. “Um efeito saneador ligou um alerta no mercado como um todo para o setor de varejo, tornando público diversos casos de empresas com ineficiência em suas operações e com forte risco de falência, como por exemplo, a Tok&Stok Belém, Oi, Lojas Marisa e a Tupperware Brands Corporation”, destacou.

Agora, um novo exemplo confirma essas premissas. Recentemente, a Magazine Luiza, informou que descobriu “incorreções” em processos contábeis que levaram ao ajuste de nada desprezíveis 830 milhões reais em seu patrimônio líquido do final de junho. Segundo Marcos Franco, o interessante é que a empresa só decidiu investigar o caso após denúncia anônima feita pouco depois de o caso Americanas aparecer, portanto, é possível que o denunciante tenha se inspirado nesse episódio. “Sem esperar muito tempo, a empresa constatou e agiu para executar a correção dos erros. Frederico Trajano, CEO da Magazine Luiza, provou que escândalos de grandes proporções no mercado de capitais servem como saneador de grandes erros ou fraudes atuando na correção”, afirmou Marcos Franco.

Em sua defesa, a Magalu argumenta que não há evidências de fraude ou má conduta e que o problema se deve a imprecisões nos registros de bonificações em algumas transações comerciais. Para além do deslize técnico, se for esse mesmo o caso, especialistas dizem que a empresa deveria ter sido mais cuidadosa com suas contas. “O caso da Magalu parte da fragilidade de processos”, diz Marcos Franco. “É muito diferente do episódio Americanas, que teve fraude contábil”.

Embora sejam, de fato, situações diversas, uma conclusão parece óbvia: as grandes redes brasileiras de varejo não estão bem.

Entenda o caso Magazine Luiza

Toda a história começou quando o Magazine Luiza (MGLU3) afirmou, no último dia 14 de novembro, que foram identificadas incorreções em lançamentos contábeis de bonificações a fornecedores, levando à reapresentação de demonstrações financeiras da companhia, conforme fato relevante. As incorreções levaram à redução de R$ 830 milhões no patrimônio líquido da empresa.

Segundo a varejista, os erros foram encontrados em lançamentos contábeis no âmbito de apurações internas, junto a TozziniFreire Advogados e à PwC, após denúncia anônima mais ampla, e que não se confirmou, em março deste ano.

Na época da denúncia, a varejista declarou que ela mencionava três distribuidores, os quais, ao longo de 2022, representaram aproximadamente 3,5% do valor total de compra de mercadorias da empresa. A sugestão era que existiam operações de bonificação relativas à compra de fornecedores e distribuidores.

Em teleconferência pela manhã, o CEO do Magazine Luiza, Frederico Trajano, apontou que a apuração da denúncia anônima sobre problemas nos balanços foi realizada de forma “transparente, rigorosa e independente”. E, de acordo com o CFO Roberto Bellissimo, estão sendo tomadas medidas de governança e em sistemas para evitar que novos problemas como este encontrado nas bonificações voltem a ocorrer.

Entre as medidas citadas está o aprimoramento do sistema automatizado de gestão de verbas de fornecedores e mecanismos que permitam acompanhar o cumprimento das obrigações de desempenho de cada negociação. Outra medida é a melhoria dos mecanismos de governança que garantam a segregação das funções relacionadas à execução das etapas do processo de negociação e apropriação de bonificações.

Bellissimo destacou que não houve alteração no fluxo de caixa operacional da empresa, bem como nas posições de caixa e dívida. Segundo ele, os problemas encontrados afetaram somente as contas de bonificações do Magalu. Ele pontuou ainda que os “números foram exaustivamente revisados de 2022 a setembro de 2023” e que a empresa está “convicta de que os números reportados no 3T23 são “os números finais” e eles não serão alterados. “Os processos de auditoria do 3T23 foram bem revisados”, afirmou.

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