Idoso mantido por 40 anos em situação análoga à escravidão é resgatado

Seu Joaquim vivia em uma fazenda de café no município mineiro de Bueno Brandão

O Liberal

Um idoso de 74 anos foi resgatado de uma fazenda no município de Bueno Brandão, no Sul de Minas Gerais, onde vivia em condições degradantes há pelo menos 40 anos. Conhecido como Sr. Joaquim, ele era mantido em uma casa simples, sem portas que evitassem a entrada de animais silvestres, sem higiene adequada e com pouca iluminação. A cama onde dormia era feita de espuma velha e ele consumia água sem qualquer processo de purificação.

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A operação de resgate ocorreu entre os dias 24 e 30 de janeiro e foi liderada por Auditores-Fiscais do Trabalho do Grupo Especial de Fiscalização Móvel, vinculados à Secretaria de Inspeção do Trabalho. O auditor Filipe Nascimento, que participou do resgate, ficou profundamente marcado pela situação do Sr. Joaquim.

Segundo o auditor, o local onde o idoso vivia era muito bonito, e  ninguém que passasse por ali poderia imaginar que havia uma pessoa em situação análoga à escravidão. “O lugar em que estava era muito bonito para passear, você olha os casebres e não imagina que tinha um senhor que trabalha lá dentro em situações degradantes. Quando ele nos contou que vivia ali há 40 anos, aquilo me tocou muito. Ele poderia ser o pai de qualquer um de nós”, comentou.

Joaquim trabalhava em troca de comida, sem receber qualquer tipo de remuneração. Ele era ridicularizado pelos outros trabalhadores da fazenda e chegou a ser apelidado de "Joaquim do Brejo".

Com deficiência visual e cognitiva, ele trabalhava capinando pastos, cultivando café e cuidando dos porcos. O proprietário da fazenda alegou que ele era da família, mas o auditor afirma que isso não era verdade. “Por sua condição cognitiva, ele não tomava banho, não sabia o dia da semana que era, não sabia quem era o presidente do país. Ele era tratado como uma propriedade, um bicho", declarou o auditor.

Ele foi resgatado após passar mal e ser levado a um posto de saúde na região. Como ele não tinha nenhum documento, o médico desconfiou da situação e acionou a assistência social, que teve dificuldade em acessar o local onde ele vivia.

O proprietário da fazenda tinha passagem pela polícia por furto, interceptação e porte ilegal de armas. Após ser resgatado, Joaquim foi submetido à avaliação médica e encaminhado para a casa de repouso Recanto Santa Luzia, em Bueno Brandão.

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