Grupo Liberal lança série de reportagens sobre o trabalho do Exercito no extremo norte do Brasil

A expedição de Jornalistas do Grupo Liberal revela os bastidores e luta pela sobrevivência de comunidades indígenas que vivem na região

Wesley Costa
fonte

Entre trilhas de mata fechada, rios imensos e aldeias isoladas, a fronteira norte do Brasil se revela como palco de uma batalha silenciosa: não apenas pela soberania nacional, mas também pela preservação da floresta e a sobrevivência de seus povos originários. A Operação Ágata, coordenada pelas Forças Armadas, é uma ação contínua e estratégica que vai além do combate ao crime ambiental — ela representa a presença do Estado onde ele quase não chega.

Esse será o cenário para uma série de reportagens que será exibida nesta semana, em 3 dias, no programa Comando + Liberal, a partir das 14h, na Liberal +, na FM 98.9 e no Youtube. A série também ganha uma versão para o portal OLiberal.com e para os jornais impressos O Liberal e Amazônia. Os episódios/reportagens serão exibidos/publicados na segunda-feira (4/8), terça-feira (5/8) e quarta-feira (6/8). 

fronteira Exército

Serão mostrados os bastidores dessa operação em três cenários distintos e simbólicos: primeira parte – Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque; segunda parte – Terra Indígena Waiãpi; e terceira parte – distrito de Clevelândia do Norte, no Amapá. Em comum, a combinação de isolamento, risco e resiliência.

Tumucumaque: soberania na prática em meio à floresta

Com quase 4 milhões de hectares, o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque é a maior área contínua de floresta tropical protegida do planeta — maior que países como a Suíça. Localizado entre os estados do Amapá e Pará, faz fronteira com o Suriname e a Guiana Francesa. Por conta de sua importância estratégica e ambiental, a região recebe atenção especial da Operação Ágata.

Nesse território, a atuação do 1º Pelotão Especial de Fronteira em Tiriós é destaque. Criado há mais de 40 anos, ele funciona com cerca de 40 militares, parte deles indígenas da etnia Tiriyó — ou Wü Tarëno, como se autodenominam, que significa “sou dessa região”. Esses soldados indígenas ajudam na tradução de línguas, na navegação por trilhas e rios e na integração com as aldeias locais.

Segundo o comandante da Brigada de Infantaria de Selva, General Roberval, “em muitos trechos da fronteira, somos a única representação do Estado. Estar presente é o primeiro passo para proteger”.

A operação tem resultados concretos: em sua última fase, apreendeu 7,3 toneladas de pescado ilegal, 32 m³ de madeira extraída de forma criminosa, munições, drogas e diversos equipamentos usados em crimes ambientais. Além disso, a atuação inclui ações humanitárias, como transporte aeromédico, distribuição de medicamentos e atendimento médico em aldeias sem assistência básica .

Terra Indígena Waiãpi: floresta preservada, saúde ameaçada

Mesmo em uma das áreas mais intactas da Amazônia, os Waiãpi enfrentam graves problemas. O garimpo ilegal tem se aproximado perigosamente do território, contaminando rios com mercúrio, afetando peixes e, em consequência, a saúde das comunidades. Mais de 2 mil indígenas vivem em 95 aldeias espalhadas por cerca de 600 mil hectares de floresta. A locomoção entre as aldeias pode levar até cinco dias.

image A Operação Ágata, ao reunir forças militares, povos indígenas e comunidades locais, revela um país que sobrevive à margem das políticas públicas, mas no centro dos interesses geopolíticos, ambientais e culturais (Foto: Wagner Santana | O Liberal)

Doenças como malária, gripe e diarreia são comuns, e o atendimento médico é precário. Faltam postos de saúde, profissionais fixos e medicamentos. O cacique Kumaré e o presidente do Conselho de Saúde Indígena, Japu Waiãpi, denunciam a ausência de ações permanentes do Estado: “Queremos que o Exército passe mais tempo aqui. A ajuda deles é boa, mas não resolve tudo. Precisamos de mais recursos para saúde, para a nossa sobrevivência.”

O alerta é reforçado por relatórios de organizações como o ISA (Instituto Socioambiental), que apontam níveis alarmantes de mercúrio no sangue de indígenas e aumento no desmatamento e queimadas ilegais nos arredores do território .

Clevelândia do Norte: vida em família no limite do Brasil

Enquanto nas matas o Exército enfrenta o crime ambiental, nas margens do rio Oiapoque, outro desafio se impõe: manter famílias militares vivendo em harmonia em um dos pontos mais isolados do país.

No distrito de Clevelândia do Norte, em Oiapoque (AP), está instalada a Companhia Especial de Fronteira do 34º BIS, com mais de 80 anos de história. Lá vivem 467 pessoas, entre militares e familiares, em uma estrutura que funciona como um pequeno vilarejo amazônico.

image Com quase 4 milhões de hectares, o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque é a maior área contínua de floresta tropical protegida do planeta — maior que países como a Suíça. (Foto: Wagner Santana | O Liberal)

Além da missão de patrulhar a fronteira, os militares lidam com os desafios da vida familiar em uma região remota. O sargento Macieira, por exemplo, vive com a esposa e o filho de 5 anos no local. Para eles, o isolamento tem compensações: “Nosso filho pode brincar livre, com segurança. Vivemos em meio à natureza e em paz.”

A Companhia atua em conjunto com a Polícia Federal, Receita Federal e órgãos ambientais nas operações de fronteira. Mas ali também se cultivam valores menos visíveis: a resiliência dos que vivem longe de tudo, mantendo a bandeira do Brasil erguida no extremo norte da Amazônia .

Um Brasil que resiste — e precisa de mais atenção

A Operação Ágata, ao reunir forças militares, povos indígenas e comunidades locais, revela um país que sobrevive à margem das políticas públicas, mas no centro dos interesses geopolíticos, ambientais e culturais. Em cada aldeia, base militar ou vila ribeirinha, pulsa a resistência de brasileiros que não pedem muito — apenas presença, respeito e dignidade.

A floresta só continua de pé porque há gente viva resistindo nela. Manter essas comunidades protegidas é, acima de tudo, garantir a soberania do Brasil e o futuro da Amazônia.

Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞
Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Brasil
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM BRASIL

MAIS LIDAS EM BRASIL