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Mulher acusa vereador de assédio sexual: 'Fez menção a sexo oral e tentou me beijar'

Vereador nega as acusações e diz que é conhecido como "beijoqueiro" por ter o costume de beijar e abraçar funcionários da Câmara

Carolina Mota

Uma funcionária da Câmara Municipal de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, acusa o vereador Jorge Luis Gasco, conhecido como Jorge Mariola, 67 anos, de assédio sexual. Ele nega as acusações.

Thayssa Guimarães, de 25 anos, que trabalha no setor de recursos humanos (RH) da Câmara de Vereadores do município, registrou queixa com a cusação na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) do local. O caso teria ocorrido no dia 13 de abril no próprio RH e na presença de outras pessoas.

"Eu estava atendendo uma pessoa, e minha chefe estava atendendo o vereador. Em dado momento, eu soltei o cabelo, que estava preso em um coque, e ele falou: 'Nossa, o cabelo dela é grande, bom para puxar e fazer assim' e fez menção a sexo oral, como se fosse para eu fazer sexo oral nele", contou Thayssa.

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Segundo a jovem, todos ficaram constrangidos no ambiente, mas ninguém falou nada. Incomodada, ela seguiu fazendo as tarefas até que o vereador a procurou para se despedir.

"Ele chegou perto de mim e segurou o meu rosto, tentando me beijar. Eu fiquei fazendo força contra ele, e ele não conseguiu me beijar na boca. Ele tentou duas vezes", disse.

A funcionária contou ainda que Jorge Gasco tem costume de tentar beijar as mulheres da Câmara e que algumas já têm até estratégia contra o vereador. "Sempre tenta beijar ou dar um beijo no canto da boca. Tanto que tem gente aqui que, quando encontra com ele, abaixa a cabeça para ele beijar na testa", contou.

Além do registro na delegacia, um protocolo de quebra de ética e decoro parlamentar foi aberto na própria Câmara.

A delegada Debora Ferreira Rodrigues, titular da Deam de São Gonçalo, enviou o inquérito para o Ministério Público esta semana. A delegada quer saber se a promotoria pedirá novas diligências, para indiciar ou não político.

Em nota, a Polícia Civil disse que "a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São Gonçalo instaurou inquérito e já ouviu o suspeito, a suposta vítima e testemunhas".

Vereador nega as acusações

Em depoimento, o Jorge Luis Gasco disse que tem o costume de beijar e abraçar as pessoas, por isso ganhou o apelido de "beijoqueiro" na Câmara.

Na delegacia, o parlamentar afirmou que não fez nenhum gesto obsceno ou fazendo menção a sexo, o que foi dito pela vítima. Ele conta que enquanto esperava uma resposta da solicitação que havia feito no RH, conversou com funcionários, incluindo Thayssa.

Segundo ele, durante uma conversa, ouviu uma brincadeira da chefe do setor, dizendo para que Jorge não deixasse de pagar a pensão. O mesmo não está com a mulher por motivos de ciúme.

Jorge afirmou que, depois disso, brincou com Thayssa sobre o tempo de noivado. Depois, quando Thayssa soltou o cabelo, ele diz ter feito um comentário a respeito.

"O seu cabelo é muito bonito, o seu noivo vai puxar o seu cabelo e vai se apaixonar".

Gasco diz que Thayssa nunca reclamou de nenhum comportamento dele antes, e que também não recebeu denúncias na Ouvidoria da Câmara de Vereadores de São Gonçalo.

"Eu tenho 30 anos de vida pública e todo mundo conhece o Mariola. Sabem que sou uma pessoa amiga, carinhosa, fraterna e que não vê diferença de sexo, raça ou cor. Onde chego, falo com todo mundo, abraço todo mundo. Estou muito tranquilo quanto a essa acusação, e triste porque nunca aconteceu nada disso. As pessoas que estavam no setor podem falar melhor do que eu. Nunca houve nada disso", disse.

Medo

Thayssa contou que teve medo de denunciar e sofrer retaliações por parte do vereador e até perder o emprego.

"Cheguei em casa incomodada com aquilo e falei com a minha mãe, que se indignou e falou com meu pai, que é policial militar, e disse que eu tinha que denunciar, que eu era vítima, e não podia ficar com medo ou deixar passar", disse.

Carolina Mota, sob supervisão de Elisa Vaz, repórter do Núcleo de Política e Economia*

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