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Caso Bruno e Dom: o que se sabe até agora após um ano da morte do indigenista e do jornalista inglês

Após os 365 dias do crime, as investigações da Polícia Federal continuam atrás dos responsáveis pelo crime ocorrido no Vale do Javari, no Amazonas

O Liberal
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A morte do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips completa um ano nesta segunda-feira (5). Após os 365 dias do crime, as investigações da Polícia Federal continuam o atrás dos responsáveis pelo crime ocorrido no Vale do Javari, no Amazonas. Nesta segunda-feira (5), um ato foi realizado na Praça da República, em Belém, pedindo Justiça pela morte dos dois.

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Ouvidos em audiência à Justiça Federal na última segunda-feira, 8, afirmaram que Bruno teria atirado primeiro.

No começo de junho do ano passado, o britânico chegou ao município de Atalaia do Norte (AM) com intuito de entrevistar lideranças indígenas e ribeirinhos para o que seria sua última produção e que tinha nome provisório da futura obra: Como Salvar a Amazônia. 

Dom Phillips, na companhia de Bruno, que era ex-servidor da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), havia chegado poucos dias antes do inglês. O pernambucano de 41 anos se licenciou para “tratar de assuntos pessoais” e passou a trabalhar como consultor técnico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), conforme divulgado pela Agência Brasil. Por conta disso, Bruno chegou a receber mais de uma ameaça de morte, que foram repassadas ao Ministério Público. 

Bruno e o inglês partiram de Atalaia do Norte em 3 de junho. De acordo com o que a Univaja relatou à Agência, o indigenista tinha agendado reuniões e encontros com lideranças de ao menos cinco comunidades localizadas fora do território indígena e levaria Phillips com ele. 

Os dois viajaram em uma lancha a morto da União dos Povos e chegaram nas proximidades de uma base de vigilância da Funai, no Rio Ituí, em uma área chamada de Lago Jaburu, ainda no dia saíram da cidade do interior amazonense.  Dois dias depois, no dia 5 de junho, os dois foram até a comunidade São Rafael, local onde Bruno seria encontraria com um líder comunitário chamado de “Churrasco”, porém ele não se encontrava em casa, conforme o relatou a esposa da liderança, e então decidiram voltar a Atalaia do Norte. 

Foi então que Bruno e Dom se viram forçados a retornarem à cidade. Eles desapareceram após serem vistos navegando perto da comunidade São Gabriel, povoado Vizinho a São Rafael, a última parada dos dois. 

No início da tarde de 5 de junho, a Univaja começou a fazer buscas procurando pelo jornalista e o indigenista. No dia seguinte, as autoridades se mobilizaram em prol de localizar Bruno e Dom.

No dia 6 de junho, O Ministério Público Federal (MPF) instaurou um procedimento para apurar sumiço do indigenista e o escritor e acionou forças de segurança federais e estaduais na auxiliação das buscas. No dia 7, a partir dos depoimentos de testemunhas que presenciaram ameaças contra Bruno e Dom, além da declaração de um primeiro suspeito, os investigadores prenderam Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado.

Pelado, de forma inicial, negou envolvimento com o desparecimento de Bruno e Dom, porém peritos da PF encontraram vestígios de sangue no barco que ele usava no dia em que a dupla sumiu. Cindo dias depois, bombeiros acharam objetos do indigenista e do britânico, o que reforçou a suspeita de que estariam mortos. Assim que as autoridades coletaram as evidências, Amarildo admitiu participação no assassinado e ocultação dos cadáveres das duas vítimas. 

Quatro dias depois do desparecimento deles na Floresta Amazônica, o presidente da Funai à época, Marcelo Xavier, falou que, embora Bruno pertencesse ao quadro de servidores da fundação, a dupla tinha entrado no território sem avisar ou solicitar autorização dos órgãos responsáveis. Duas semanas atrás, a PF indiciou Marcelo e o ex-presidente da Funai Alcir Amaral Teixeira por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Os delegados responsáveis pelo caso entenderam que eles sabiam dos riscos que Bruno e Dom corriam e não fizeram nada para protegê-los. 

Amarildo indicou o local onde os corpos estavam enterrados e levou os policiais até o irmão dele, Oseney da Costa de Oliveira, o Dos Santos, detido no dia 14 de junho. Além disso, o avanço nas investigações resultou na expedição de mandado de prisão contra Jefferson da Silva Lima, o Pelado da Dinha, que se entregou à Polícia Civil em Atalaia do Norte quatro dias depois.

No dia 15 de junho, os policiais federais encontraram restos humanos em uma área de difícil acesso apontada por Pelado. Dois dias depois, peritos da PF confirmaram que parte dos vestígios humanos achados era de Bruno e Dom. Em 17 de junho, a Câmara dos Deputados aprovou a criação de uma comissão parlamenta externa para acompanhar, fiscalizar e propor providências sobre o desaparecimento do jornalista e do indigenista. 

Em 23 de junho, Gabriel Pereira Dantas se apresentou em uma delegacia de São Paulo afirmando ter participado dos assassinatos, mas já no dia seguinte, a PF informou não haver sinais de que o relato fosse verdadeiro, já que Gabriel teria apresentado uma “versão pouco crível e desconexa com os fatos até o momento apurados". Dantas foi libertado no dia seguinte.

No mês seguinte, já no dia 8, a polícia prendeu o suposto mandante dos assassinatos, que também seria envolvido com o narcotráfico, o colombiano Ruben Dario da Silva Villar. Inicialmente, ele foi capturado por apresentar uma identidade falsa ao prestar depoimento sobre o caso. Vilar negou ter participado na morte de Bruno e Bom, mas a PF pediu que o suspeito permanecesse detido enquanto as investigações continuassem. 

Neste meio tempo, o MPF denunciou Amarildo, Jefferson e Oseney à Justiça Federal em Tabatinga (AM), em 23 de julho, por duplo homicídio e ocultação de cadáveres. Os procuradores, apontam que os dois primeiros suspeitos confessaram ter matado e escondido os corpos de Bruno e Dom. Para os procurados, “os elementos colhidos no curso das apurações apontam que, de fato, o homicídio de Bruno teria correlação com suas atividades em defesa da coletividade indígena. Dom, por sua vez, foi executado para garantir a ocultação e impunidade do crime cometido contra Bruno”, conforme divulgado pela Agência Brasil. 

Somente em 22 de outubro, que Ruben foi autorizado a deixar a prisão, mediante o pagamento de uma fiança de R$ 15 mil e o cumprimento de medidas cautelares. Em janeiro deste ano, a PF o apontou como mandante e mentor intelectual do crime. 

Na última sexta-feira (2), o Ministério dos Povos Indígenas anunciou a criação de um grupo de trabalho para promover a segurança e combater a criminalidade no Vale do Javari. O grupo será formado por dez ministérios, que trabalharão em parceria com a Funai e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para propor medidas concretas de combate à violência e com o objetivo de garantir a segurança territorial dos povos indígenas que vivem na área. Entidades de povos indígenas também participarão das discussões. 

Linha temporal

1º de junho 2022 – O jornalista inglês Dom Phillips chega a Atalaia do Norte (AM), onde o indigenista Bruno Pereira o aguardava.

3 de junho de 2022 – Os dois deixam Atalaia do Norte a bordo de uma pequena lancha a motor com destino a uma base de proteção da Funai, no Rio Ituí, na região conhecida como Lago Jaburu.

5 de junho de 2022 – A dupla pernoitou na casa de um ribeirinho, perto da base da Funai, e iniciaram o percurso de volta a Atalaia do Norte. O indigenista e o britânico saíram na primeira hora da manhã à comunidade ribeirinha São Rafael, onde iriam se encontrar com a liderança comunitária de lá. À tarde, a Univaja começou buscas para localizar Bruno e Dom, que não tinham dado notícias.

6 de junho de 2022 – Órgãos federais se manifestam sobre o desaparecimento da dupla e a imprensa destaca ameaças que Bruno vinha sofrendo por conta do trabalho. No mesmo dia, o MPF instaurou procedimento para apurar o caso.

7 de junho de 2022 – Primeiro suspeito de envolvimento no sumiço das vítimas, Amarildo da Costa Oliveira, o “Pelado”, é preso na comunidade São Gabriel, em Atalaia do Norte.

12 de junho de 2022 – bombeiros encontram pertences de Bruno e Dom, junto com a lancha que usaram, afundados com sacos de terra para que permanecessem presos ao fundo do rio.

14 de junho de 2022 – O irmão de Pelado, Oseney da Costa de Oliveira, Dos Santos, é preso suspeito de envolvimento no caso.

15 de junho de 2022 – Policiais federais encontraram “remanescentes humanos” em um local que Pelado e Dos Santos indicaram ao confessar que mataram Bruno e Dom.

- Câmara dos Deputados aprova criação de comissão parlamentar externa para acompanhar, fiscalizar e propor providências sobre o desaparecimento do indigenista e do jornalista.

17 de junho de 2022 – PF confirma que os vestígios humanos encontrados no local indicado por Pelado são de Bruno e Dom.

18 de junho de 2022 – Suspeito de participação no crime, Jefferson da Silva Lima, o Pelado da Dinha, se entrega à Polícia Civil em Atalaia do Norte.

23 de junho de 2022 – Um homem, Gabriel Pereira Dantas, se apresenta à Polícia Civil de São Paulo, alegando ter participado do crime, mas a PF descarta o depoimento no dia seguinte por falta de provas de envolvimento de Gabriel.

8 de julho de 2022 – PF detém colombiano Ruben Dario da Silva Vilar, apontado como suposto mandante dos assassinatos e suspeito de envolvimento com o narcotráfico.

23 de julho de 2022 – MPF denuncia Amarildo, Jefferson e Oseney à Justiça Federal por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

22 de outubro de 2022 – Por determinação da Justiça Federal, Ruben Dario é liberado para responder ao processo em liberdade.

19 de maio de 2023 – PF indicia ex-presidente da Funai, Marlo Xavier, e o ex-vice-presidente do órgão, Alcir Amaral Teixeira, por dolo eventual nos assassinatos de Dom e Bruno.

 

 

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