'Boa noite, Cinderela': alunas criam protótipo capaz de identificar possível adulteração de bebidas

Para evitar possíveis intoxicações por drogas, em festas, por exemplo, algumas estudantes 2º ano do ensino médio de um colégio do Rio Grande do Sul criaram um protótipo de copo capaz de alertar se a bebida foi alterada com alguma substância. As criadoras do protótipo são: Natally da Silva Souza, 16, e Nicolli Marques, Giovanna Moraes e Giovanna Avila, de 17 anos. O dispositivo foi pensado nos crescentes relatos de vítimas que foram dopadas e estupradas. Com informações da UNIVERSAL UOL. 

A iniciativa começou dentro de sala de aula, a partir de uma atividade em grupo e nas pesquisas elas chegaram nesse tema.  O que muitos não sabem é que essa substância química – conhecida como 'boa noite, Cinderela' - não tem cor, cheiro e não altera as características da bebida e fica somente duas horas no organismo, sendo difícil de identificar em exame.

A ideia, segundo Natally, em entrevista para o UOL, é fazer com que as pessoas se sintam seguras, mesmo em ambientes que possam deixá-las vulnerável.  "Decidimos criar algo inovador e que trouxesse um benefício para a sociedade. Foi quando pensamos em um copo que acusasse o 'boa noite, Cinderela'". Reforçou, Natally.

Mas afinal, como funciona o copo 'boa noite, Cinderela'?

Pelo projeto, a aparência do protótipo de copo 'boa noite, Cinderela' é comum aos demais. O que modifica é um reagente que fica na parte de baixo do dispositivo. Em contato com a substância GHB – que tem como objeto adormecer e apagar a memória da vítima – sofre reação química e mudará de cor.

O produto foi um dos 175 projetos apresentados durante a Mostra Sesi com@Ciência 2022, em Porto Alegre.

Pontos negativos a serem aprimorados

As jovens relataram, após testes, que o utensílio poderia ser confeccionado de polipropileno, um material degradável e sustentável. Porém, ainda há um impasse sobre qual a melhor substância para reagir nesse dispositivo. No momento, a equipe está usando o Dragendorff, mas ainda não houve um controle sobre os possíveis efeitos colaterais, já que o reagente também é tóxico.

 As pesquisas sobre o reagente estão sendo positivas, apontam as jovens. Em breve, o processo de testes avançará para as próximas fases, no próprio copo.  Por enquanto, o trabalho foi focado apenas em um meio de utilização sem que o usuário entre em contato com a substância tóxica.

"Caso o reagente não dê certo, a gente já pensou em alternativas. Estamos em contato com um laboratório de robótica e pensamos em fazer um compartimento no fundo do copo, de uns dois milímetros, no qual entre um pouco de bebida. Ali, ocorrerá a mistura com esse reagente. O compartimento permitirá a entrada da bebida, mas impedirá que ela retorne à parte de cima, evitando que o usuário consuma o resultado da reação química", detalha, Natally. 

Trabalho está no início, mas tem "grande potencial", diz professor Orientador do projeto, o professor de química Rafael Abruzzi. Ele explica que trabalho está em fase inicial, mas que tem um grande potencial.

"A ideia é realizar testes colorimétricos em laboratório com diferentes substâncias e, depois, verificar o comportamento delas no copo", destaca. Não há previsão para que o produto chegue às festas e bares mas, se depender das jovens cientistas, o crime do "boa noite, Cinderela" está com os dias contados.