Anvisa alerta sobre riscos de uso de colas instantâneas em procedimentos estéticos

Cílios postiços e unhas artificiais têm ganhado destaque nos visuais da moda, especialmente durante a pré-carnaval e o carnaval. Contudo, o uso inadequado de cola para fixar esses acessórios pode representar um perigo para a saúde dos olhos e da pele dos usuários. Por isso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta de segurança (GGMON 01/2024) destacando os perigos associados ao uso incorreto de colas instantâneas, não regularizadas como cosméticos, em procedimentos estéticos, incluindo a aplicação de cílios postiços.

O alerta foi motivado por relatos das Vigilâncias Sanitárias locais à Anvisa sobre reações alérgicas e irritações nos olhos decorrentes do uso inadequado de colas instantâneas para fixar cílios e unhas postiças.

VEJA MAIS

Esta é a primeira vez que o órgão regulador emite um alerta desse tipo. O texto da Anvisa adverte: "Atenção! O uso desses produtos pode resultar em danos graves à saúde, incluindo cegueira, pois não são testados para contato com a pele, unhas ou olhos".

A orientação da agência se aplica tanto a consumidores quanto a profissionais do ramo de beleza. O alerta da Anvisa ressalta a importância de evitar o uso desse tipo de cola instantânea para fins estéticos, a fim de prevenir riscos graves à saúde, incluindo danos permanentes à visão.

De acordo com a Anvisa, os produtos mais mencionados nas notificações, originalmente destinados a aplicações não cosméticas, são: cola Instantânea Super Bonder, adesivo instantâneo 793-TekBond e adesivo instantâneo em Gel Three Bonde Super Gel.

A instituição enfatiza que esses produtos e similares de alta fixação são destinados a usos específicos e não devem ser empregados para fins estéticos ou de beleza. "Não comprometa sua saúde utilizando colas instantâneas não regularizadas como cosméticos", adverte a Anvisa.

Agência recomenda a interrupção imediata do uso de produtos

A agência recomenda a interrupção imediata do uso desses produtos e incentiva profissionais e consumidores a utilizarem apenas produtos cosméticos regulamentados pela Anvisa.

Em caso de complicações decorrentes do uso dessas colas instantâneas extra fortes, os consumidores devem buscar ajuda de um profissional de saúde.

Problemas relacionados devem ser comunicados à Vigilância Sanitária local, seja municipal ou estadual, para investigação adequada. A Anvisa também deve ser notificada. "A colaboração ativa de todos é essencial para reduzir os riscos e garantir a segurança da população", conclui a agência.

A agência recomenda a imediata suspensão do uso desses produtos e incentiva que profissionais e consumidores apliquem apenas produtos cosméticos regulamentados pela Anvisa.

Em caso de complicações indesejadas decorrentes do uso dessas colas instantâneas extra fortes, os consumidores devem procurar assistência de um profissional de saúde.

Os problemas devem ser comunicados à Vigilância Sanitária local, do município ou do estado, para a devida investigação. A Anvisa também deve ser notificada. “A colaboração ativa de todos é fundamental para diminuir os riscos e garantir a segurança da população”, avalia a agência.

Qualquer cidadão pode registrar uma reclamação

A Anvisa informa que qualquer cidadão com Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) pode registrar uma reclamação, seja em seu próprio nome ou em nome de terceiros, à Anvisa, contudo, é necessário ter conta de acesso no portal gov.br do governo federal.

Para realizar a notificação, o cidadão deve acessar o sistema e-Notivisa e preencher o formulário online, descrevendo as razões para a reclamação. O sistema enviará um e-mail ao fabricante ou distribuidor responsável pela comercialização do produto para análise do problema.

É importante esclarecer que os dados pessoais do reclamante não são compartilhados com empresas, conforme destaca a Anvisa. No caso de empresas e profissionais da saúde, a comunicação de agravos é feita por meio de outro sistema, o Notivisa, após realização do cadastro necessário.

Essas informações auxiliarão a Anvisa na tomada de medidas para proteção da saúde coletiva.

Incidente com Regina Casé

Em uma nota pública sobre a emissão do alerta, a Anvisa relembrou um incidente envolvendo a atriz Regina Casé, que sofreu uma lesão química na córnea em dezembro de 2023, devido ao uso de uma cola para cílios postiços.

Segundo o relato da artista em suas redes sociais, um pedaço da cola aplicada ficou preso na córnea, resultando no ressecamento do olho, que parou de lubrificar. O médico que a atendeu classificou o caso como grave. “Tive um problema muito sério no olho [...] Fiquei dois dias sem enxergar direito, tudo embaçado. Lavei o olho, fiz de tudo e não conseguia ver. Fiquei desesperada, foi um pesadelo”, relatou a atriz.

Em caso de dúvidas sobre se uma cola pode ou não ser utilizada, a Anvisa disponibiliza um site para consulta de todos os cosméticos regularizados pela agência. Para realizar a busca, o interessado deve procurar no rótulo do produto o número do processo Anvisa, que serve como identificação do produto.

Esse número sempre começa com os dígitos 25351 e segue o formato "25351.XXXXXX/20XX-YY". Se o registro não for encontrado, o uso do produto é desaconselhado e deve ser interrompido.

Além disso, a Anvisa oferece outros canais de atendimento através do seu site e pelo telefone 0800 642 9782. Essa ligação é gratuita em todo o Brasil e está disponível das 7h30 às 19h30, de segunda a sexta-feira, exceto feriados.