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Vítima de agressão em Natal recebe homenagem e pede que mulheres denunciem violência

Juliana disse que planeja retomar estudos e trabalho, e já recebeu convites para palestras, mas ainda sem previsão de retorno à rotina

O Liberal

Ainda em recuperação das agressões sofridas em julho, a estudante Juliana Soares, de 35 anos, falou publicamente pela primeira vez nesta segunda-feira (25), durante solenidade na Câmara Municipal de Natal. Ela recebeu a Comenda Maria da Penha, honraria concedida a pessoas que atuam no enfrentamento à violência contra a mulher.

Juliana foi espancada no dia 26 de julho dentro do elevador de um condomínio em Natal (RN), quando levou 61 socos do então namorado, o ex-jogador de basquete Igor Eduardo Pereira Cabral, de 29 anos. Ele foi preso em flagrante e é réu por tentativa de feminicídio. Atualmente, está detido na Cadeia Pública de Ceará-Mirim, região metropolitana da capital potiguar.


Com marcas no rosto e dificuldades na fala após uma cirurgia de reconstrução facial que durou mais de sete horas, Juliana relatou que ainda enfrenta sequelas, mas ressaltou a importância de sua história para incentivar outras vítimas a denunciarem casos de violência.

“Me sinto honrada em representar um caso de resistência. Mesmo diante de tanta agressão e de uma tentativa de feminicídio, consegui me levantar e estou me reerguendo”, afirmou.

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Segundo a vítima, ela continua em acompanhamento médico e realiza fisioterapia. Apesar das limitações nos movimentos da face, disse acreditar na recuperação. “Estou sendo bem assistida pela equipe médica, que me acompanha semanalmente. Ainda tenho dificuldades no lado direito do rosto, mas sigo em tratamento”, explicou.

Juliana também destacou o papel da rede de apoio e da solidariedade recebida desde o episódio. “Uma mulher que tem a quem recorrer se sente mais encorajada. A metade da minha recuperação veio da empatia, das mensagens positivas e do acolhimento que recebi, além, claro, dos cuidados médicos”, disse.

Ela afirmou ainda que pretende retomar os estudos e o trabalho futuramente e que recebeu convites para participar de palestras e rodas de conversa em outras cidades, embora ainda não tenha previsão de voltar à rotina.

O cirurgião responsável pelo procedimento comparou as lesões sofridas por Juliana às de vítimas de acidentes automobilísticos, devido às múltiplas fraturas e fragmentos ósseos. Segundo ele, a operação foi mais longa e complexa do que o previsto, e as sequelas podem ser permanentes.

O caso ocorreu após uma discussão entre o casal na área de lazer do condomínio, quando, segundo a polícia, o agressor jogou o celular da vítima na piscina. Minutos depois, a violência foi registrada pelas câmeras do elevador.

Em 7 de agosto, a Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público do Rio Grande do Norte, tornando Igor Cabral réu por tentativa de feminicídio.