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MPSP pede prisão de deputado Lucas Bove por descumprimento de medidas protetivas a Cíntia Chagas

Ministério Público de São Paulo (MPSP) solicita a prisão preventiva do deputado estadual Lucas Bove (PL) após acusações de violência doméstica

Riulen Ropan

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) protocolou, nesta quinta-feira (23/10), um pedido de prisão preventiva contra o deputado estadual Lucas Bove (PL). O motivo é o descumprimento reiterado das medidas protetivas de urgência impostas pela Justiça em favor de sua ex-esposa, a influenciadora e professora de português Cíntia Chagas, que o acusa de violência doméstica e agressão.

Na denúncia formalizada à Justiça, o MPSP detalha acusações graves contra o parlamentar, incluindo violência psicológica, perseguição, ameaça e lesão corporal. Devido ao cargo de deputado estadual, a promotoria também solicitou um ofício à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para que sejam adotadas as "providências cabíveis".

Bove agiu "como se não houvesse decisão judicial a cumprir"

A promotora Fernanda Raspantini Pellegrino destacou o padrão de desrespeito de Lucas Bove às ordens judiciais. Segundo ela, há aproximadamente um ano, o denunciado tem ignorado as determinações do Sistema de Justiça, mesmo após ser intimado e advertido.

"Ele não o faz por acreditar que não será responsabilizado pelas consequências de seus atos, tendo em vista que age como se não houvesse decisão judicial a cumprir," afirmou a promotora. O MPSP ressalta que Bove realizou publicações mencionando o nome da vítima e o conteúdo do processo, ignorando a vigência das protetivas.

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Histórico de agressões e violência psicológica

A denúncia apresentada detalha o histórico de violência atribuído a Lucas Bove, que se estendeu de agosto de 2022 a julho de 2024. As acusações incluem:

  • Violência física: o parlamentar é acusado de cometer agressões físicas em ao menos três ocasiões. Tais atos teriam envolvido apertões que causaram hematomas e lesões, além de situações de humilhação pública. Um dos relatos aponta que Bove tinha o hábito de apertar os mamilos da então esposa em público.
  • Ameaças e uso de arma: a denúncia narra que o deputado teria apontado sua arma de fogo para Cíntia "como brincadeira", enquanto consumia maconha. Em um episódio mais grave, ele teria arremessado uma faca na perna dela e feito ameaças de morte, citando que seu segurança ocultaria o corpo.
  • Violência psicológica e ciúmes excessivo: Bove teria cometido violência psicológica por meio de constrangimento, humilhação, isolamento e ridicularização. O ciúme excessivo teria levado Cíntia Chagas a apagar campanhas publicitárias e cortar relações profissionais.

Após a separação, Bove teria continuado a ameaçar e perseguir a influenciadora, utilizando até mesmo números de telefone da Alesp para contatá-la após ser bloqueado.

O impacto das agressões na saúde de Cíntia Chagas é citado na denúncia, que relata o desenvolvimento de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), uso de antidepressivos e a necessidade de utilizar veículo blindado por medo.

Denúncia abrange múltiplos crimes

Em setembro, Cíntia registrou o boletim de ocorrência e obteve as medidas protetivas, que seguem vigentes. O divórcio foi oficializado em 14 de setembro.

Em setembro deste ano, Lucas Bove foi indiciado por ameaça e violência psicológica. Com o pedido desta quinta-feira (23/10), o MPSP o denunciou formalmente por violência psicológica, perseguição, ameaça e lesão corporal, além da ação penal por descumprimento de medidas protetivas.

O que dizem as partes

Defesa de Cíntia Chagas: em nota, a defesa da influenciadora, representada pela advogada Gabriela Manssur, classificou a denúncia como um "marco importante para as mulheres na busca pela verdade, pela responsabilização e pela dignidade da vítima", reafirmando que "não há espaço para o abuso, para a impunidade e para o uso do poder como instrumento de opressão".

Lucas Bove: em manifestação nas redes sociais, o deputado afirmou que o pedido de prisão se deu após ele "responder uma pergunta sobre fatos que já eram públicos". Ele defendeu que a Delegacia da Mulher teria afastado as acusações de violência física, indiciando-o apenas por violência psicológica, e alegou que um laudo de ausência de dano psicológico na vítima foi ignorado. Bove também questionou o Segredo de Justiça, citando que a ex-esposa falou publicamente sobre o caso da faca.

(Riulen Ropan, estagiário de Jornalismo, sob supervisão de Felipe Saraiva, editora web de oliberal.com)