Ala de caminhoneiros ameaça greve nesta quinta-feira (4); maioria rejeita paralisação
Movimento convocado pela UBC enfrenta resistência de outras entidades, que denunciam possível uso político da paralisação
Uma ala de caminhoneiros anunciou a intenção de realizar uma greve nacional a partir desta quinta-feira (4/12), movimento articulado pela União Brasileira dos Caminhoneiros (UBC). No entanto, a maioria da categoria discorda da paralisação e teme que o ato seja utilizado com fins políticos. Entidades representativas de transportadores autônomos afirmam que não aderirão ao movimento e alertam que os caminhoneiros não devem ser usados como “massa de manobra”.
A UBC estima que cerca de 20% da categoria participe da mobilização inicial. “É uma proposição nacional para os cerca de 1,2 milhão de caminhoneiros autônomos. Vemos grande aderência, mas cada um é livre para decidir. Fizemos o embasamento legal para que o movimento tenha legitimidade”, afirmou Francisco Burgardt, conhecido como Chicão caminhoneiro, ao Broadcast Agro, sistema de notícias do Grupo Estado, durante passagem pela Câmara dos Deputados.
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Na última terça-feira (2/12), a entidade protocolou na Presidência da República uma petição sobre a greve. O documento lista 18 reivindicações, entre elas:
- estabilidade contratual do caminhoneiro;
- reestruturação do Marco Regulatório do Transporte Rodoviário de Cargas;
- reajuste do piso mínimo do frete para veículos de nove eixos;
- congelamento de dívidas por 12 meses;
- aposentadoria especial após 25 anos de atividade;
- isenção de pesagem entre eixos;
- linha de crédito de até R$ 200 mil;
- reserva de 30% das cargas de estatais para autônomos;
- regularização de motoristas punidos em mobilizações anteriores.
A entidade também cobra uma resposta formal até esta quinta-feira, antes do início da paralisação.
Chicão negou que a mobilização tenha relação com a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro ou com o debate sobre anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Ele afirma que o pedido de anistia mencionado no documento refere-se a sanções aplicadas a caminhoneiros em greves anteriores, incluindo bloqueios judiciais de contas.
“Não podemos misturar com movimento político. Estamos falando da questão do transporte”, disse ele, lembrando sua participação na greve nacional de 2018.
Entidades negam adesão e apontam uso político
A Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) afirmam que não apoiarão o movimento.
O presidente da Abrava, Wallace Landim, o Chorão, afirma que há tentativa de inserir pautas políticas na mobilização. “A pauta da anistia será chamada no meio dessa mobilização. Não é justo levantar isso, porque é uma pauta política”, declarou. Segundo ele, existe um esforço velado para estimular transportadores a parar o País com outro objetivo. “Não apoiamos isso e orientamos que os caminhoneiros não adiram para não serem prejudicados.”
O diretor da CNTTL, Carlos Litti, reforçou que a entidade não apoia paralisações com viés político. “Não apoiaremos, pois se trata de pauta por anistia. Há demandas setoriais justas, mas no meio há pedido de anistia para crimes cometidos nos últimos dez anos, o que é um absurdo”, afirmou.
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