Trabalho infantil: campanha do TRT8 mobiliza mães de alunos na Grande Belém

Elas participaram de oficinas temáticas da campanha que estará nos eventos do Círio 2023, para conscientizar população acerca dos riscos dessa prática

Eduardo Rocha
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No último sábado (23), o Tribunal Regional do Trabalho da 8a Região (TRT8) promoveu, no auditório do Campus BR da Universidade da Amazônia (Unama), o Primeiro Encontro de Mulheres Fraternas e Protagonistas do Pará, reunindo 250 participantes. Como parte do projeto Judiciário Fraterno do TRT-8, uma iniciativa da Comissão de Combate ao Trabalho Infantil e Estímulo à Aprendizagem, o evento insere-se na campanha permanente do Tribunal de combate ao trabalho infantil, que este ano, novamente, vai estar no Círio de Nazaré. No Encontro, as juízas coordenadoras da campanha, Maria Zuíla Lima Dutra (coordenadora da comissão), e Vanilza Malcher, e o professor João Cláudio Arroyo, da Unama, explanaram sobre as ações estratégicas de enfrentamento desse problema social.

image Juízas Zuíla Dutra e Vanilza Malcher e o professor João Cláudio Arroyo: mobilização pela cidadania de meninos e meninas (Foto: Igor Mota / O Liberal)

A juíza Vanilza Malcher, gestora regional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil do TRT8, destacou que a campanha está nas ruas desde 2014 nos estados do Pará e Amapá, por meio de ações desenvolvidas o ano todo, com apoio do voluntários, de padrinhos cidadãos e e em parceria com instituições. "Estamos, neste sábado, numa parceria com a Unama e o Fórum Protagonismo Amazônida, no Primeiro Encontro de Mulheres Fraternas e Protagonistas do Pará, que integra a campanha do Círio 2023, campanha essa que tem três vertentes: a luta contra o trabalho infantil, nosso tema principal; a economia solidária e, ainda, a produção de hortas", ressaltou a juíza Vanilza.

Oficinas 

Na programação do sábado (23), foram reunidas mães de alunos de escolas públicas e mulheres de comunidades para que tivessem, além de palestras sobre os três temas da campanha, oficinas com direitos a certificação. Com as participantes do evento, foram ministradas oficinas sobre horta suspensa, arranjos de plantas ornamentais, reciclagem, economia solidária, aproveitamento integral de alimentos, moda (oferta via Unama), produção de anéis de catavento, que é o símbolo mundial da luta contra o trabalho infantil.   

No Círio 2023

A campanha contra o trabalho infantil vai estar nas ruas a partir de 6 de outubro, com 20 mil anéis de catavento nas ruas de Belém e de Ananindeua, no Traslado da Imagem Peregrina  para Ananindeua e Marituba. Serão mobilizados estudantes de escolas públicas e comunidades em geral, que estarão segurando esses objetos, em pontos específicos ao longo do percurso do Traslado. 

Na Trasladação, no dia 7 de outubro, a campanha terá um pelotão (alunos e comunidades) como todo ano ocorre. Esse pelotão se concentrará em frente à sede do Clube do Remo, na avenida Nazaré. Além do catavento, as pessoas levarão um bracelete com a súplica da campanha: "Maria, que o sinal de esperança que anuncias seja de vida plena e de paz a crianças e adolescentes". 

No domingo (8), dia do Círio de Nazaré, estudantes da Escola Salesiana do Trabalho irão atuar na distribuição de ventarolas dessa mobilização social. Essa ventarola trará seis ideias, pensamentos refentes aos riscos do trabalho infantil e o que se pode fazer em prol da vida plena de crianças e adolescentes. Serão distribuídas mais de 50 mil ventarolas.

image Campanha contra o trabalho infantil tem mobilização nos municípios da Grande Belém (Foto: Igor Mota / O Liberal)

Mães

As mães de estudantes, inseridas em geral em famílias de baixa renda, receberam, então, os técnicos do TRT8, no evento de sábado (23), um trabalho de conscientização para que essas mulheres venham somar com a campanha, posicionando-se contra o trabalho infantil, "não permitindo que seus filhos ingressem no trabalho precocemente, abandonem a escola -- um dos slogans da campanha é "lugar de criança e adolescente é na escola", como salientou  a juíza Vanilza Malcher. Em seu pronunciamento às mulheres, no auditório da Unama, a juíza Zuíla Dutra, entre outros tópicos, lançou a pergunta: "E se fosse seu filho ou filha que estivesse no trabalho infantil, que tanto prejudica essas pessoas?".

Em complemento à posição contrária ao trabalho infantil para o sustento de famílias de vulnerabilidade social, o TRT8, por meio da campanha, apresenta oportunidades às mães para que as mulheres possam empreender. dispor de uma forma de obtenção de renda. 

Elevação 

A juíza Vanilza Malcher pontou que no Brasil quase 50% das mulheres são as chefes das suas famílias atualmente, e mais de 11% estão em condição de desemprego, comparando-se com os homens, na faixa de 6%. O levantamento da quantidade de crianças e adolescentes no Brasil encontra-se defasado, aguardando-se pelos dados do Censo em andamento, a cargo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, o último dado disponível era de, no Pará, 167 mil crianças e adolescentes em condição de trabalho, como dados de 2019. 

"Infelizmente, em razão da pandemia, da elevação do número de desemprego e tudo o que a gente vivenciou nesses últimos anos, há uma expectativa de que esse número tenha mais que dobrado. Isso a gente já percebe nas ruas da nossa cidade. Coisa que a gente não estava vendo com tanta frequência antes da pandemia, mas estamos agora vendo com bastante frequência as mães com criança no colo e crianças nas ruas, pedindo. Isso é visível. E as crianças que são invisíveis, que estão dentro dos lares desenvolvendo trabalho doméstico e muitas no trabalho também análogo à condição de escravo", enfatizou a juiza Vanilza Malcher.

o professor e coordenador de Mestrado em Gestão de Conhecimentos da Unama, João Cláudio Tupinambá Arroyo, reforçou o posicionamento das instituições envolvidas na campanha contra o trabalho infantil. "Essa campanha é muito importante porque não existe nenhuma nação desenvolvida que tenha permitido que as suas crianças não passassem por um processo de educação e de formação e de vida digna. Entre todas as nações desenvolvidas, essa foi uma das primeiras decisões que leva  ao desenvolvimento. Garantir para as crianças, que são as futuras gerações as melhores condições de vida digna e de acesso à educação de alta qualidade. Só assim você vai ter uma economia forta, com geração de valor a partir da própria sociedade, sem ficar dependendo de outros países, de outras realidades", complementou. No evento, foram abordados, entre outros temas, a segurança alimentar, economia solidária, 

 

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