Solidariedade no Natal: doações de grupos de Belém traduzem acolhimento à necessidade do próximo

Pelo Natal, pessoas e grupos reforçam a iniciativa de doar brinquedos, alimentos e roupas para cidadãos de baixa renda e em vulnerabilidade social

Eduardo Rocha

Neste mês de dezembro, precisamente no dia 25, comemora-se o nascimento de Jesus Cristo, que trouxe a mensagem revolucionária da doação em favor do próximo em necessidade. Mensagem essa que ele não apenas comunicava, mas, sobretudo, exemplificava, e que até os dias atuais referenda ações de pessoas e grupos em prol dos mais necessitados. Estudo encomendado pela empresa Kellanova, novo nome da Kellogg, ao Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD), revela que, quando se trata de doações, em particular de alimentos, a maior concentração é encontrada no Norte, onde 99% dos entrevistados realizam esse tipo de ação. Assim, em Belém (PA), não é difícil serem encontradas iniciativas com esse perfil. Há sete anos, por exemplo, o grupo Amor em Foco doa-se ao longo do ano.

"O Grupo Filantrópico Amor em Foco tem como objetivo compartilhar o amor com todas as pessoas que precisam no nosso estado, por isso realizamos desde cafés para pessoas em situação de rua até ações em comunidades ribeirinhas, quilombolas e venezuelanas. O grupo é organizado por 23 voluntários coordenadores e temos um grupo no WhatsApp com voluntários que nos ajudam indo nas ações e divulgando o Amor em Foco. Todos podem fazer parte, basta nos acompanhar nas redes sociais e mandar uma mensagem para gente dizendo que quer entrar no grupo", conta a fisioterapeuta Ana Paula Araújo, da coordenação do Amor em Foco.

image Grupo Amor em Foco: Natal se traduz em doações para pessoas necessitadas de afeto, bens e serviços (Foto: Carmem Helena / O Liberal)

Em outubro, o grupo completou sete anos de funcionamento, e, então, foi realizado um evento solidário na Assembleia Social para aumentar a visibilidade das ações. "O grupo não tem vínculo religioso ou político, todos podem fazer parte. Cada um, inclusive, ajuda na sua diversidade, temos médicos, fisioterapeutas, arquitetos, publicitários, administradores e pessoas de outras profissões, além de acadêmicos", conta Ana Paula.

No ano

A cada mês, o Amor em Foco realiza, pelo menos, duas ações. "O nosso café de rua, que foi por onde o grupo começou. Nele, atendemos cerca de 160 pessoas em situação de vulnerabilidade, entre pessoas idosas, adultos e crianças. Também, visitamos comunidades periferias, ribeirinhas, venezuelanas e quilombolas, levando atendimentos da área da saúde, capacitações, cestas básicas, brinquedos e roupas", relata essa fundadora do grupo.

"Já construímos uma caixa d’água em uma comunidade quilombola e também já fizemos doações de ventiladores, caixa de som e datashow para uma escola ribeirinha. No Natal, desde 2017, realizamos a Ceia de Natal de rua, onde montamos uma grande mesa com alimentos simbólicos do período", acrescenta Ana Paula. Todas as doações do Amor em Foco provêm de voluntários. Este ano, o grupo conta com a parceria de seis empresas locais (Gpx investimentos, Xerfan advocacia, Econômico, Flamboyant, Centro Ocular e Fella clothing) que contribuem com o financiamento das ações de café de rua servido mensalmente.

Natal 2023

Neste Natal, o Amor em Foco realizará duas ações. No dia 17, os integrantes do grupo vão estar na comunidade do bairro do Barreiro, para dar assistência a 80 famílias, levando brinquedos, roupas, atendimento e cestas básicas. "Precisamos de ajuda para alcançar nossa meta e conseguir oferecer essa ajuda a todas essas 80 famílias", ressalta Ana Paula Araújo. E ainda a  tradicional Ceia de Natal de rua, próximo ao Ver-o- Peso, no dia 23, às 20h, para levar o espírito do Natal às pessoas da área, juntamente com alimentos, incluindo panetones, kits de higiene, roupas  e cobertas, além de mesas para todos cearem irmanados.

Sobre o gesto de doar, Ana Paula diz que "ninguém é tão pequeno que não pode doar e ninguém é tão grande que não pode ser ajudado; quando ajudamos pessoas em vulnerabilidade, nós também somos ajudados, pois aprendemos com a realidade do outro e melhoramos nossas relações na família no trabalho, no dia a dia".

Outra integrante do Amor em Foco, a arquiteta Letícia Carvalho, destaca que participar dessa ação voluntária é desenvolver, por exemplo, o "amor do ouvir". "As pessoas em situação de rua querem ser ouvidas, e, então, nesse nosso encontro com elas, ocorre uma troca de energia, de experiências que contribuem com as duas partes. Eu me sinto grata por participar das ações, com a vontade de 'eu quero fazer de novo' ", afirma Letícia. Informações e doações: 98311-7739.

Fazer a diferença

Esses benefícios são referendados pela Psicologia. Jureuda Guerra, presidente do Conselho Regional de Psicologia (CRP10), destaca que, pelo dicionário, doar significa “transferir gratuitamente a outra pessoa, de forma legal, bem, quantia, imóvel ou vantagens etc". "Doar é um compromisso nobre", observa a psicóloga. Ela pontua existirem formas de doação, como públicas e anônimas. "Certamente  doações de "final de ano" estão intrinsecamente  relacionadas  aos princípios cristãos,  não necessariamente à religião,  mas, sim, aos princípios  norteadores, como a compaixão, a empatia".  

Sobre os efeitos emocionais, psicológicos do ato de doar na pessoa, Jureuda assinala que "possibilitar que se disponha ao outro mesmo sem conhecê-lo, como diz o antigo ditado 'fazer o bem e não olhar a quem', faz de quem doa uma pessoa que olha além de si e faz de quem recebe uma possibilidade de ser incluída afetivamente". "Desde uma cesta básica num serviço, passando por cabelos para quem precisa receber uma peruca, ou medula óssea num banco de medulas. As doações podem ser para conhecidos ou não. Nisso aí, mora o sentimento que faz a diferença, a nobreza e o altruísmo, o amor ao próximo".

A pessoa que recebe uma doação sai do anonimato, ganha visibilidade em suas necessidades, torna-se humana, como destaca Jureuda. "A sua fome pode ser compreendida e amparada, um brinquedo pode ocupar o vazio de uma noite onde se aguarda o Bom Velhinho, e os cabelos para a confecção de perucas para as vítimas do acidente com escalpelamento", acrescenta.  

Doar se aprende em casa, com exemplos familiares, o que inclui  doar um pouco tempo, tocar um instrumento em um asilo, brincar com crianças em um orfanato, doar roupas  e outras ações. Como diz Jureuda, doar aproxima as pessoas, possibilita colocar-se no lugar do outro, "reconhecer  que é  possível um mundo melhor e mais justo".

Sorriso adotado

E esse mundo mais fraterno pode ser conquistado, traduzido a partir de um simples sorriso. Para isso, está em campo há quase dez anos o grupo Adote Um Sorriso (AUS). A presidente do grupo, a acadêmica de Direito, Bruna Corrêa, informa que AUS é um projeto social e de extensão voluntário que atua em comunidades ribeirinhas, comunidades da Grande Belém, hospitais e abrigos para crianças em cuidados específicos. "Além de levar diversão e recreação para os pais e crianças, levamos um trabalho acadêmico, analisando, dentre as diversas áreas que compõem o projeto, o que aquela comunidade precisa, e como podemos auxiliá-los", revela Bruna.

image Integrantes do Grupo Adote Um Sorriso: ações pelo bem do próximo (Foto: Divulgação)

Em geral, o AUS atua por um ano dentro das comunidades. São analisadas as necessidades das pessoas e feitas intervenções em prol das famílias. A cada ano, o AUS mantém três grandes ações para entrega de brinquedos e cestas básicas: as ações juninas, chamadas de ArraiAUS; o Super Adote, em outubro em alusão ao Dia das crianças, e o NatAUS, as ações natalinas de dezembro.

Recebem essas doações pessoas assistidas nas três vertentes: comunitário (comunidades carentes da RMB), Amazônia (comunidades ribeirinhas) e hospitalar (hospitais e abrigos para crianças em tratamento). O AUS, como grupo voluntário, sobrevive de doações, ou seja, de pessoas físicas e jurídicas que acreditam no trabalho do grupo. Assim, neste período natalino, o AUS realiza ações em todos os finais de semana antes do dia 25, para entrega de brinquedos, cestas básicas e a organização de uma manhã com brincadeiras e diversão para as crianças e responsáveis. Informações e doações: 98113-1544.


  Confira alguns grupos que atuam com doações:

- Grupo Pedal Rota 136 - Promoverá o "Natal Solidário 2023", campanha desenvolvida há seis anos. No dia 23, entregará brinquedos e cestas  básicas para moradores de zona rural do município de Terra Alta (PA). Doações podem ser encaminhadas pelo contato 98483-1154.

- "Natal de Fé, Natal da Sé" - Evento organizado pelo diácono Sílvio Ataíde, da Catedral Metropolitana, há dez anos. Arrecada brinquedos   para entrega a crianças na área paroquial, e,      inclusive, na Santa   Casa de Misericórdia (Setor Renal), e na      Comunidade Saré, no Distrito Industrial de Ananindeua; na Comunidade Nossa Senhora das   Graças - Canaã, no município de  Marituba; na comunidade Nossa   Senhora do Rosário, no município de São Caetano de Odivelas. Contatos para doações: 98559-1150 e  98117-4581.

- Projeto "Jogo do Amanhã" - Desenvolvido há oito anos por um grupo     de voluntários, que ainda em setembro pede a crianças da comunidade do Conjunto Guajará I, no bairro do Coqueiro, em      Ananindeua, para escreverem cartinhas, pedindo brinquedos,      material escolar ou roupas. Esses itens serão entregues aos  meninos e meninas no dia 16. Contatos para doações: 99833-4566 e no Instagram @jogodoamanhaoficial.









 

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