Ciclo de samaumeiras é atração nos bairros de Belém
Árvore requer muita atenção e não pode ser plantada em qualquer lugar
Não é difícil para quem mora em Belém ou visita a capital paraense impressionar-se com a beleza e a altura das samaumeiras em espaços públicos e particulares, e, em particular, com o ciclo dessas árvores ao longo do ano. Isso pode ser observado, todos os anos, por exemplo, pelos moradores do bairro da Pedreira. Na travessa Alferes Costa, entre Marquês de Herval e Visconde de Inhaúma, existe uma samaumeira na área de uma, perto do Hospital de Clínicas Gaspar Vianna. O vegetal, símbolo da Amazônia, é uma atração naquele perímetro.
"Eu trabalho na barbearia aqui há três ano, bem perto da samaumeira, e essa árvore é uma referência aqui, na Alferes Costa sem falar que o ciclo dela chama a atenção de todo mundo. Tem até um cliente nosso que fez o registro desse ciclo. Recentemente, ela estava sem folhas, mas, agora, está toda coberta de folhas novamente; pulou até uma fase em que dá um fruto", declara Benedito Valadares, proprietário de uma barbearia no local.
Quem confirma esse ciclo da árvore é Cícero Antônio da Silva, despachante de ônibus. Ele atua no final de linha Pedreira-Condor, em frente à samaumeira. "Ela é uma árvore muito bonita, e todo mundo que vem do interior do Estado para o Hospital de Clínicas, aqui, na Alferes Costa, bate foto dela", destaca. Cícero calcula que a árvore deva ter em torno de 30 metros de altura.
Antes de estar guarnecida pelo muro da casa na área onde se encontra, a samaumeira tinha suas raízes grandes e acima do nível do solo observadas pelas pessoas na via pública. "Ela tem uma espécie de vagem com as sementes que os periquitos adoram, e eles comem essa semente e fica uma espécie de algodão de dentro da vagem que é levado pelo ar, isso em novembro, dezembro", acrescenta Cícero Silva. Enquanto a samaumeira da Alferes Costa está repleta de folhas, ofertando sombra aos moradores no local, a árvore desse tipo ao lado do Hangar - Centro de Eventos e Feiras da Amazônia, na avenida Dr. Freitas com a Brigadeiro Protássio, encontra-se com redução da folhagem.
Estresse
O professor Cândido Neto, da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), explica sobre o ciclo de vida das samaumeiras. "Em algumas espécies em período de frio ou seca e com altas temperaturas acontece o desfolhamento. Essas espécies são chamadas de caducifólias. Esses estresses acionam um famoso relógio biológico nas plantas, é um dos momentos mais estressantes das plantas, ou seja, é quase uma simulação de morte. Assim, a planta simula como seu estágio final de vida e começa induzir a floração em busca de maximizar a maior produção de sementes, e consequentemente maior número de descendentes para manter a perpetuação da espécie", destaca.
Segundo o professor, alguns vegetais, no desfolhamento, liberam hormõnios e outras substâncias com um aroma agradável aos seres humanos.
Árvores
Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), a Prefeitura de Belém possui o registro de 18 árvores da espécie samaúma ou sumaúma (Ceiba pentranda), além das 14 mudas plantadas no entorno do viaduto Daniel Berg, no último dia 6 de junho, totalizando 32 árvores. As samaúmas, além das mangueiras, integram o patrimônio histórico e ambiental da cidade, conforme o artigo 52 da Lei Ordinária nº 7709, 18 de maio de 1994.
A Semma informa que, por decisão da Diretoria do Círio de Nazaré, não será plantada uma nova samaúma na Praça Santuário de Nazaré, em substituição à árvore centenária que caiu no local em 6 de fevereiro deste ano. "Os dirigentes da Festa, responsáveis pela administração do espaço, optaram pelo plantio de ipês no espaço onde antes havia uma samaúma em data a ser definida por eles. Diante da escolha, a prefeitura realizou o plantio de novas samaúmas no entorno do elevado Daniel Berg, local onde o vegetal poderá se desenvolver com menor risco para a população", como repassa a Semma.
É também para reduzir os riscos à população e ao patrimônio que a Semma orienta que árvores de grande porte como a samaúma e a mangueira não sejam plantadas sem a orientação da secretaria, uma vez que essas árvores possuem grandes dimensões, incluindo suas raízes que chegam a quebrar calçadas.
Plantio
Em Belém, de acordo com a Lei Ordinária nº 8.489, de 29 de dezembro de 2005, é obrigado o plantio de, pelo menos, uma árvore para cada uma suprimida em terreno ou via pública, em todo o município, como informa a Semma. Obrigatoriedade que não se restringe às árvores da espécie samaúma.
Nesta quinta-feira (10), a Semma plantou 44 árvores na cidade em compensação às 22 que precisaram ser suprimidas em decorrência do vendaval registrado na noite do último dia 19 de julho. Todas as árvores localizadas em áreas públicas são vistoriadas de acordo com o cronograma de visita técnica da Diretoria de Áreas Verdes Públicas da Semma. Os vegetais recebem tratamento quando são identificadas necessidades específicas.
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