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Renato Chalu: um dos pioneiros da medicina no Pará completa 100 anos

Com quase 70 anos de carreira médica e acadêmica, o último procedimento cirúrgico foi há apenas dois anos. A celebração reuniu familiares e amigos de várias partes do Brasil e do mundo.

Victor Furtado
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O médico Renato Chalu Pacheco completou, no dia 30 de março deste ano, 100 anos de vida. Destes, 70 foram dedicados à Medicina. A carreira dele passou pelo atendimento clínico e pela academia. Acumulou alunos, amigos e pacientes que aprenderam a admirar o cirurgião, oncologista e ginecologista, que amava tanto o consultório quanto as quadras de tênis. Um século de história que conecta o Brasil e a Guiana Francesa.

Renato Chalu nasceu na Guiana Francesa. O pai foi Luiz de Gonzaga Pacheco, que foi cônsul do Brasil na Guiana Francesa. Foi no país que conheceu Claire Chalu, a mãe do médico. A família viveu por lá até que a Segunda Guerra Mundial ameaçava o bem-estar de todos. Com 18 anos, Renato foi enviado ao Brasil, mais especificamente em Belém, onde morava uma tia. Era o começo de uma nova vida e que começava por aprender a língua portuguesa.

Quem conta essa história é Giselle Chalu Pacheco, a caçula de sete irmãos. Ela morava na França e, assim como muitos outros familiares, veio a Belém para a celebração do centenário do médico. A festividade ocorreu na noite de sexta-feira , dia 1º de abril, na sede social da Assembleia Paraense. Renato pôde conhecer a bisneta mais nova, a parisiense Anastacia Marie Raymonde Cavalcanti Boirie, de cinco meses de vida. Há visitantes da França, Portugal, Canadá, Guiana Francesa e outros estados do Brasil.

O sonho de ser médico já existia. Estudou e conseguiu passar no vestibular para Medicina pouco tempo depois de dominar o idioma Português Brasileiro, logo na primeira tentativa. Mas devido à origem estrangeira e diploma de outro país, precisou fazer o processo uma segunda vez e passou novamente. Para se manter durante os estudos, dava aulas de Francês no Colégio Estadual Paes de Carvalho. E foi lá que conheceu a primeira esposa, Reneé Darwich.

Parte do que ganhava, enviava como fundos aos combatentes na França. Isso o rendeu uma rara medalha, chamada de La Croix de Lorraine. Além da medalha, vários outros prêmios, homenagens e comendas acompanham a trajetória dele. As mais recentes foram do Cesupa e da Academia de Medicina do Pará. Outra "doação", que rima com a boa ação que fazia, era atender pessoas gratuitamente. Mesmo sendo um dos sócios-proprietários de uma clínica particular, atendeu muitas pessoas sem cobrar nada quando os pacientes não tinham como pagar, conta Giselle.

A primeira filha, a professora de História Ivone Chalu, foi antes do casamento com Renée. Com a primeira esposa, o médico teve a jornalista Renata; o médico Antônio Carlos; a economista Ana Clara; a publicitária Márcia; e o médico Fernando, que antecedeu a advogada Giselle. Renée morreu em 2005. Atualmente, é casado com Noêmia Carneiro, que foi instrumentista dele nas salas de cirurgia.

image Filhos, netos e bisnetos reunidos para a missa de celebração do centenário de Renato Chalu (Acervo Pessoal da Família Chalu / Cedido por Giselle Chalu a O Liberal)

Um dos pioneiros da Medicina e do tênis no Pará

Renato Chalu esteve entre os 100 primeiros médicos do Pará. O registro dele no Conselho Regional de Medicina é o de número 57. Na universidade e na vida, teve como principal mentor o médico Armando Morelli. Para a vida teve como parceiros e amigos de profissão Jean Bittar,  Mario Rubens Martins e Jaime Gabbay. Juntos, eles fundaram a primeira clínica médica particular de Belém, a Clínica Santa Clara, no bairro do Marco; e tiveram papel importante na fundação do Hospital Ophir Loyola (HOL).

Ao longo da história, trabalhou na colônia de hansenianos de Marituba. Foi lá que, ao longo de 10 anos, ampliou a experiência na área cirúrgica. Ainda fez residência e especializações em São Paulo e no Rio de Janeiro. Foi chefe da clínica cirúrgica do Hospital de Servidores do Estado e chefe do Departamento de Oncologia do HOL. Todo esse conhecimento e experiência ia direto para os alunos dele na Universidade do Estado do Pará (Uepa), onde era professor titular.

Só se aposentou totalmente aos 98 anos, em 2020, quando fez o último procedimento cirúrgico. Da carreira de professor, já havia se aposentado há 22 anos. Mas a filha Giselle destaca uma paixão que ele dividia com a Medicina: o tênis. "Era um amante do esporte que ele trouxe ao Pará. Junto com Mario Rubens Martins, fundou e foi presidente do Tênis Clube. Também presidiu a Federação Paraense de Tênis e promoveu vários torneios nacionais e internacionais pelo Brasil", lembra.

"Meu pai é um homem animado, com bom-humor e que estava ansioso para rever a família toda reunida no aniversário de 100 anos dele. Um homem de carreira brilhante e com todos os títulos que um médico pode receber. Ele é uma pessoa de exceção, pelo amor à profissão e ao próximo. A carreira dele é um sacerdócio. Para todos os estudantes começando ou se formando, que ele seja uma inspiração", concluiu Giselle.

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