Primeira BioBlitz da Amazônia dá aula prática de biologia no Utinga
Expectativa é de que mil espécies sejam registradas na fauna e na flora do parque estadual

Belém teve a primeira BioBlitz da Amazônia. O termo foi proposto por Susan Rudy, em 1996, nos Estados Unidos. O objetivo é identificar espécies de fauna e flora, em determinada área, com mobilização da comunidade local. O local escolhido foi o Parque Estadual do Utinga. A BioBlitz começou no sábado (5) e terminou neste domingo (6), com uma programação alusiva ao aniversário de 153 anos do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG).
Para a primeira BioBlitz da Amazônia, foram abertas 50 vagas. Todas destinadas a estudantes do ensino fundamental de Belém. Vários professores acabaram se voluntariando para ajudar. No sábado, os alunos puderam conhecer espécies com hábitos vespertinos e noturnos. Neste domingo, foi a vez dos animais que se dão melhor com a luz da manhã. Esse tipo de prática, rapidamente, despertou o interesse das crianças.
No evento original dos EUA, foram registradas 1 mil exemplares de plantas e animais diferentes. Essa era a estimativa da bióloga Silvia Pavan, do MPEG, em registros do Utinga. Todas as fotos, áudios e vídeos são enviados para a comunidade que usa o aplicativo iNaturalist (Android e iOS). O app reúne cientistas e pessoas interessadas em Biologia. Lá, os usuários conseguem descobrir vários detalhes sobre determinado espécime com especialistas.
"Vimos que só havia 50 registros do Parque do Utinga. Só no sábado, conseguimos aumentar para 300 e muita gente ainda não enviou seus registros. Vamos chegar a 1 mil sim. O projeto tem apoio da National Geographic Society. As crianças, do sexto ao nono ano, adoraram. Viram cobras, preguiças, insetos, plantas, fungos, morcegos. É um projeto para se apoiar, preservar e falar da biodiversidade", diz Silvia.
A professora Marilda Leite, da escola estadual José Bonifácio, dá aulas de português. Mas costuma envolver os alunos em passeios e atividades comunitárias. Soube da BioBlitz pelas redes sociais digitais e resolveu participar. Assim, poderia pensar em um projeto ou atividade com semelhante. E já saiu cheia de ideias para devolver à comunidade escolar da qual faz parte.
"Muitos dos meus alunos sabem do Utinga, mas não com esse olhar de preservação, de entender, de conhecer. Então aprendendo para ensinar a eles algo que faça parte da realidade deles. Sempre gostei de executar atividades assim. Levava muito os alunos ao Bosque Rodrigues Alves", disse Marilda, empolgada ao fazer os próprios registros da fauna e da flora do Utinga.
Entre os alunos mais empolgados estava Adrya Kamile, da escola municipal República da Portugal (Marambaia). A cada passo na trilha, os olhos buscavam uma nova folha, um novo inseto, um novo réptil, uma outra ave, outro fungo... coisa de quem já tem uma bióloga na família. "Isso é muito legal. Nunca tinha feito nada parecido antes. Quem sabe eu viro pesquisadora no futuro?", comentou.
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