OMS declara que surto de 'Monkeypox' é uma emergência global; infectologista explica recomendações

A infectologista Helena Brígido em entrevista a redação Integrada de O Liberal explica quais implicações tem o comunicado e as formas da população estar em alerta aos sintomas

Emanuele Corrêa
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O surto de Monkeypox - que ficou conhecido como 'varíola dos macacos' - já possui mais de 16 mil casos confirmados em pelo menos 75 países no mundo. No último sábado (23), Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), declarou que o surto é uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). Apesar de o Pará e a região Norte não terem nenhum caso confirmado Da doença, a infectologista Helena Brígido em entrevista a redação Integrada de O Liberal explica quais implicações tem o comunicado e as formas da população estar em alerta aos sintomas.

De acordo com o site da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS /OMS), o surto se espalhou rapidamente pelo mundo por novos meios de transmissão e que ainda pouco se sabe sobre o assunto e, consequentemente, que atende aos critérios do Regulamento Sanitário Internacional. "A avaliação da OMS é que o risco de varíola dos macacos é moderado em todas as Regiões do mundo, a exceção da Europeia, onde avaliamos o risco como alto. Há também um risco claro de maior disseminação internacional, embora o risco de interferência no tráfego internacional permaneça baixo no momento”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus em coletiva de imprensa virtual, após a segunda reunião do Comitê de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional sobre o surto.

A médica infectologista, Helena Brígido, explicou que quando a OMS identifica uma doença e ela tem uma manifestação local e se espalha mundialmente, essas notificações são comuns, para que as vigilâncias epidemiológicas dos países possam proceder para impedir o avanço da doença. "Quando a OMS decreta, todos os países, todas as vigilâncias epidemiológicas de cada estado e município precisam ter uma estratégia de ação. Imagino que o Estado e a prefeitura irão manifestar em nota mais detalhada do que fazer", disse.

"Temos todos os riscos. Estamos no momento que o Pará não tem caso, mas precisamos observar portos e aeroportos para fiscalizar [a entrada de] pessoas que vêm de locais com casos confirmados. Como a região sudeste do Brasil e outros países. É importante que usem o termo correto 'Monkeypox', pois é uma doença que pode aparecer em qualquer animal e ser humano, não é de exclusividade dos macacos", completou.

 

Novos estudos apontam transmissão sexual da doença

Recentemente estudos identificaram que o vírus "Pox" é transmitido pelo ato sexual, no sêmen - secreção que transporta o espermatozoide -, então todas pessoas que tiverem contato sexual podem contrair a doença. No entanto, ela diz que os estudos ainda precisam de aprofundamento da temáticas e que as transmissões pelo ar e toque nas lesões, também são as principais formas de transmissão. "Monkeypox pode ser transmitido pelo ar e pela proximidade. Então, em um voo, até sentar próximo às cadeiras pode pegar. São lesões que de cara pode não demonstrar; um médico pode saber, mas uma pessoa comum pode não identificar e entrar em contato e se contaminar", arguiu.

"Há um estudo que demonstra que o vírus está no sêmen e aí há a possibilidade de ser transmitida - de homem para mulher ou de homem para homem. A vulnerabilidade é geral. Mas a questão que tem aparecido mais é na área sexual, porque na fricção da área genital tem o contato - na área abaixo do abdômen, coxa, próximo a área genital - mas tem pessoas que têm lesão no braço, rosto, peito. Então, tem que ser mais investigada essa área", disse relacionando a doença com o fato de entrar em contato com a pele, fluídos e lesões.

A região Norte e o Pará não têm casos confirmados da doença, reforça Helena. Contudo, a especialista alerta para o período de férias, viagens para locais que já têm casos confirmados ou contatos com pessoas que vieram dessas localidades. "Temos que ficar atentos com pessoas que estão com lesões de peles que vem de locais com casos. Estamos no mês de julho, mês de turismo, pessoas que vem em aeronaves. Monkeypox pode transmitir pelo ar e pela proximidade", alertou.

 

Projeções e diagnóstico

Helena Brígido destaca que o tratamento de uma pessoa com Monkeypox requer o isolamento de 21 dias, por isso, atentar para lesões de pele é fundamental. Ela acredita que as primeiras notificações não acontecerão nas urgências e emergências, por se tratar de uma lesão de pele que não debilita as pessoas e, por isso, costumam buscar especialidades como: dermatologista, ginecologista, urologista e clínico geral. Mas, recomenda que em caso das consultas com essas e outras especialidades médicas demorarem a ocorrer, que a população deve procurar a emergência médica. "A pessoa com a varíola tem que ficar 21 dias de isolamento, então, se tiver o primeiro caso no Pará, acredito que será internado, pois temos que fazer o controle. Mas a partir do aumento de casos - 20 casos ou mais - as orientações devem ser de fazer o isolamento dentro de casa e cumprir com ele, para evitar disseminação", comentou.

"Todo profissional de saúde deve estar atento as lesões, Nas emergências e em clínicas com consultas agendadas. A população hoje é considerada mais atenta. A covid veio para alertar, a população tem recebido informações inclusive da mídia e começa a ficar mais atenta a tudo. A população tem que procurar atendimento em caso de lesões de pele. Neste momento, vamos trabalhar com: pessoas que teve lesões de pele, pessoas que vieram de onde teve casos ou que entraram em contato com alguém infectado. Podem buscar atendimento de urgência e emergência ou consultas, mas é importante que o diagnostico seja feito logo e a família e pessoas que tiveram contato sejam localizadas", concluiu.

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